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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Entregadores fazem “Breque por Direitos” dia 15

"O dia está sendo chamado de “Breque por Direitos” e tem uma pauta tão necessária quanto óbvia, mas não para os donos de empresas que os 'convocam' por serviço, submetendo-os a uma série de eternas indagações", escreve a jornalista Denise Assis

São Paulo, SP. 01 de julho de 2020 greve dos entregadores de aplicativos, (Foto: Roberto Parizotti/Fotos Publicas)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

“Cancelamento” é um termo da moda para os mal vistos para determinados grupos nas redes sociais, mas o seu real significado para os “entregadores” ou “motoboys” – como eles se auto intitulam -, é péssima notícia. Quer dizer que o trabalhador/ra foi desligado de onde nunca esteve, de fato e de direito, ligado, ou seja, à empresa que o dispensou, sem nunca o ter contratado.

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Por estas e outras é que no próximo dia 15, esse grupo que despontou com um discurso forte e inovador, no início de junho deste ano, marchará sobre Brasília a fim de pressionar deputados para que coloquem em pauta e votem a favor do Projeto de Lei 1665/2020. O dia está sendo chamado de “Breque por Direitos” e tem uma pauta tão necessária quanto óbvia, mas não para os donos de empresas que os “convocam” por serviço, submetendo-os a uma série de eternas indagações: “serei chamado?” ou: “estou cancelado?” e, ainda: “conseguirei tirar quanto, neste mês?”.

Esta última pergunta é uma das principais razões do movimento, que nasceu da real tomada de consciência de que “empreendedor é o c….o”, como gritou Paulo Lima, de 31 anos, conhecido pelos colegas como “Galo de luta”, o líder de maior projeção do movimento “Entregadores Antifascistas”, surgido no início de junho, na Av. Paulista. Naquele domingo ele se juntou às torcidas de futebol, fazendo os colegas acordarem para uma triste realidade. Não são patrões de si mesmos. Desempenham atividades escravizantes, que não os permitem comer, fazer xixi, tomar água ou preservar as suas vidas nos deslocamentos e contatos com a clientela. A eles não são dados equipamentos de proteção e nem sequer o álcool gel, que tiram do próprio bolso.

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Cansado de fazer entrega de comidas que ele jamais provaria, mas era torturado pelo cheiro dos pratos que carrega todos os dias, ao levá-las dos restaurantes à casa dos clientes, Paulo Lima desabafou em sua primeira entrevista, já como “celebridade”: “Trabalhar com fome no estômago e carregar comida nas costas é uma tortura”, disse ao jornal Folha de São Paulo. Faz isto, driblando um trânsito pesado e o tempo, para conseguir multiplicar o número de corridas, colocando a vida em risco, além da moto, que se bater, o estrago também sai do seu bolso.

Indignado com as condições dos que trabalham, na atividade, Galo criou o movimento “Entregadores Antifascistas no Brasil”. Em 1º de julho, quando fizeram a primeira paralisação, tinha um ano e meio de atividade cruzando de um subúrbio da Zona Oeste de São Paulo, onde mora, até a metrópole, como “contratado” das maiores empresas de delivery de comida do país. A saber: Uber, Rappi, iFood e Eats.

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De acordo com um estudo da associação Aliança Bike, os entregadores brasileiros ganham em média R$ 992 reais por mês, trabalhando doze horas por dia. Seis reais a menos que o salário-mínimo, em vigor no país. Com mais de 30 mil seguidores no Twitter, Galo ajudou a colocar de pé a hashtag Breque dos Apps em curto espaço de tempo. A paralisação reuniu milhares de motoboys e ciclistas em capitais de todo o país.

Uma pesquisa sob o título: as “Condições de Trabalho em empresas de Plataforma Digital: os entregadores por aplicativo durante a Covid-19”, realizada pelo Grupo de Trabalho Digital da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista (REMIR), vem estudando o cotidiano dos que se dedicam a esta atividade. Embora ainda em andamento, o primeiro relatório técnico apontou uma piora significativa nas condições que enfrentam. Já foram constatados: aumento do número de desligamentos, queda do número de corridas e, também, queda da remuneração.

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“Os dados apontam que antes da pandemia aproximadamente 50% dos participantes recebiam até R$ 520,00 semanais. Ainda durante a pandemia, houve aumento em 100% dos que recebem menos do que R$260 por semana.

O plano para o dia 15 é o seguinte: lideranças do movimento vão viajar até Brasília para reivindicarem pessoalmente a votação do PL 1665, que garante melhores condições de trabalho para os entregadores na pandemia. Os que moram lá já têm presença confirmada, mas para garantir que as lideranças do movimento em outros estados do Brasil consigam ir também, eles organizaram uma “vaquinha” pela internet, em que até agora foram arrecadados R$ 6 mil. Eles precisam de R$10 mil para organizar a ida de mais 10 entregadores até o Congresso. Esse dinheiro vai cobrir os gastos com gasolina, passagens, alimentação e a permanência por lá.

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