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Mario Vitor Santos

Mario Vitor Santos é jornalista. É colunista do 247 e apresentador da TV 247. Foi ombudsman da Folha e do portal iG, secretário de Redação e diretor da Sucursal de Brasilia da Folha.

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Entrevista pornográfica de Roberto Campos Neto ilumina o desafio de Lula

"O auge da ditadura do capital sobre o noticiário foi a 'entrevista' de Roberto Campos Neto ao Roda Viva", escreve Mario Vitor Santos

Roberto Campos Neto no Roda Viva (Foto: Nadja Kouchi/TV Cultura)
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O maior enigma desse inicio de governo gira em torno de seu principal personagem.

Decifrar as motivações da atitude política de Lula neste início de governo pode dar as pistas sobre a maneira como ele pretende gerir seu mandato.

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Desde que assumiu, o presidente, a julgar por seus pronunciamentos, desmente a ideia de que, uma vez vencida a eleição, a palavra presidencial deve ser amena, evitar os confrontos, procurar arredondar as arestas geradas em todo período eleitoral.

Em 2003, o então novo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, anunciou uma elevação da meta de superavit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto, em coerência com a Carta ao Povo Brasileiro, do ano anterior, em que Lula se comprometia a respeitar contratos. A Carta de 2002 recebeu críticas do Movimento dos Sem-Terra e outros setores da esquerda. Foi vista como um marco de uma sujeição do governo ao mercado financeiro.

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Agora, Lula em seus pronunciamentos caminha no sentido oposto.

Favorecido pela posição desafiadora do presidente bolsonarista do Banco Central em defesa da recessão e do desemprego como instrumento de combate à inflação, Lula rejeita os ataques "desse cidadão", referindo-se a Roberto Campos Neto.

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Para Lula, o jogo ficou aberto especialmente com o texto do comunicado divulgado após a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central que além de manter a pornográfica meta de 13,75% para a taxa básica de juros,  ainda embutia a noção de que a política econômica de Lula seria fiscalmente  irresponsável e precisava ser preventivamente detida por juros altos que seriam sustentados na estratosfera não só em 2023 como nos anos seguintes.

Já essa declaração de guerra justificaria uma  resposta à altura do governo Lula, pois ela acarretava em si mesma  a inviabilização política e social do mandato do presidente da República pelo presidente do Banco Central, personagem sem nenhum voto, pendurado  nuna autarquia funcionalmente subordinada ao ministro da Fazenda.

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A mudança do tom de Lula avança em todas as esferas, suscitando alardes interesseiros de seus adversários no mercado financeiro, que afetam surpresa,  dizendo esperar um presidente mais dócil como em mandatos  anteriores.

Desta vez, porém, alegam seus interlocutores no Diretório Nacional do PT, Lula pretende se manter ligado aos setores do movimento social que o apoiaram na prisão e na campanha eleitoral, bem como aos compromissos de reativação da economia e redução da miséria,  mesmo que à custa de aumento das tensões com integrantes e partidos da Frente Ampla que o elegeu. Vale destacar aí o papel  da mídia corporativa, que se revela cada vez mais um mero apêndice do capital financeiro.

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Essa midia submete seus jornalistas a um regime de controle inédito sobre todas as fases e detalhes da produção jornalística.

O auge dessa ditadura do capital sobre o noticiário (quem nao se lembra quando a Folha obrigou seus jornalistas a denominar em ordem unida a PEC do Bolsa Família de PEC da Gastança assim, sem aspas?) foi a "entrevista" de Roberto Campos Neto ao Roda Viva.

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Nenhum dos jornalistas ali presentes teve a coragem e a independência de perguntar ao presidente do Banco Central por que o Brasil é o campeão mundial de juros. Simples assim.

Tamanha demonstração de subserviência ao presidente do Banco Central fala por si.

A dimensão do desafio diante de si não passa despercebida ao presidente Lula, que almeja ceder o mínimo possivel agora para não ter de conceder ainda mais adiante e acabar com seu governo desfigurado desde o nascedouro. Nesta quinta, na reunião do Conselho Monetário Nacional,  o país saberá quem vai ceder.

A busca de Lula, por controlar pessoalmente a agenda tem a ver com esse combate permanente que se anuncia para Lula desde pelo menos o dia 8 de janeiro.

Ser fiel aos apoiadores,  cumprir os compromissos de campanha e adiantar-se na disputa pelos temas e polêmicas da agenda é algo que Lula aprendeu pelos erros e acertos nos seus mandatos, na sua vida (dentro e fora da cadeia) e até mesmo com as táticas usadas por seus inimigos.

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