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Mauro Nadvorny

Mauro Nadvorny, é Perito em Veracidade e administrador do grupo Resistência Democrática Judaica". Seu site: www.mauronadvorny.com.br

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Errei ao pedir o fim do PCO

(Foto: Reprodução)
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Reconheço que errei ao pedir o fim do PCO, não se pode pedir a extinção do que de fato nem existe. Isto não é um partido, é um amontoado de clichês do século passado completamente desconectados da realidade.

Em meu artigo anterior, não me referi à pessoa de Rui Pimenta em nenhuma linha. No entanto, Pimenta se refere a mim, pessoalmente, oito vezes em defesa da sua causa. Como todo articulista com falta de argumentos, começa desqualificando o mensageiro, só depois então tenta menosprezar meus argumentos, que se diga de passagem, são os mais óbvios possíveis, com uma linguagem acessível a qualquer um.

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O fundador e presidente do PCO defende sua agremiação da minha acusação de antissemitismo, dizendo que “Nosso crítico busca apresentar nossa posição como uma posição de extermínio do povo judeu. Ele busca dizer que liquidar o Estado de Israel seria acabar com o povo judeu, uma completa falsificação. Acontece que eu não escrevi nada disso, ele vestiu a carapuça.”

Diz ele que “O Estado de Israel é um país com religião oficial de Estado, estabelecido em 1948 na Palestina contra a vontade da maioria do povo daquele território naquele momento e com apoio do imperialismo mundial e até mesmo do stalinismo.”

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O Vaticano e o Irã, só como exemplos, também são estados com religião oficial e não me consta que você esteja pedindo o fim destes estados. Em 1948 a ONU aprovou a promulgação de dois estados, um judaico e outro palestino, com o apoio da União Soviética e graças às armas enviadas através da então Checoslováquia, Israel sobreviveu à guerra da Independência. Ao final da guerra que envolveu outros 6 países árabes, apenas um estado foi estabelecido, o de Israel. Os territórios que foram tomados pela Jordânia e pelo Egito, que poderiam ter dado origem ao Estado Palestino, ficaram sob a tutela destes países até a Guerra dos 6 dias e hoje são territórios ocupados por Israel.

Segue Pimenta afirmando que “O PCO sempre defendeu o fim do Estado de Israel por ver o óbvio: não somos favoráveis em geral a Estados religiosos e raciais, ou seja, excludentes do restante da população que não pertence a determinada raça ou religião, somos favoráveis a um Estado democrático que represente os interesses de todos, independentemente de credo, de raça ou outras distinções. O Estado de Israel não é nada disso. Os palestinos foram expulsos do seu país e espalhados pelo mundo como há muito o Império Romano fez com os próprios judeus. Uma parte da população palestina vive hoje em uma região administrativa artificial sem quaisquer condições reais de vida, um verdadeiro gueto como o imperialismo alemão fez uma vez com os judeus.”

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Acima ele faz uma salada de frutas. Como já disse anteriormente, existem outros países com religião oficial. Israel não é um estado teocrático. Todos os cidadãos têm direito a voto e podem ocupar qualquer cargo público ou privado. Isto se chama democracia. Durante a guerra de Independência, cerca de 600 mil palestinos deixaram a região por vontade própria ou foram expulsos pelas milícias judaicas fascistas. Crimes de guerra foram cometidos por elas e acobertados pelo governo Ben Gurion. Em contrapartida, crimes de guerra também foram cometidos pelas forças jordanianas e milícias palestinas.

Finalmente o autor da resposta ao meu artigo chega aonde interessa: “Só pode haver um Estado Laico, uma república e um sistema de governo que garanta os direitos de todos os grupos étnicos e religiosos sem exceção. Tanto os judeus como os islâmicos têm motivos histórico-religiosos para dizer que aquela terra é deles, mas não se trata de julgar quem está certo e quem está errado. Nenhum lado aceitará ser despossuído do seu território. Trata-se de corrigir uma barbaridade que tem sido feita aos árabes desde 1948, trata-se de acabar com o genocídio palestino e de liquidar um enclave militar do imperialismo na região. Os judeus podem ficar, o Estado genocida tem que ir, tem que ser derrubado, tem que ser destruído e substituído por um Estado democrático.”

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O fundador do PCO advoga a si a solução para o conflito. Ele determina que a solução passa por um estado laico e democrático. Não sei se ele já esteve na nossa região, mas vou contar uma verdade: não existe nenhum país árabe democrático, muito menos laico. Isto é básico de quem faz alguma ideia do que seja o Oriente Médio.

Segundo Maria do Céu Ferreira Pinto* Professora Auxiliar no Departamento de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade do Minh, em Democracia no Mundo Árabe, “O debate ocidental sobre a democracia no mundo árabe refere o carácter excepcional da cultura política do Médio Oriente e a sua impermeabilidade às formas democráticas. Explicações de várias ordens são propostas para explicar a persistência de regimes autoritários e repressivos nesta região. Uma refere o aspecto religioso: o Islão como uma barreira ao desenvolvimento, à liberdade e à democracia. Uma visão menos sofisticada atribui as culpas à mentalidade árabe, que é naturalmente inclinada para o autoritarismo e incapaz de aceitar o pluralismo e a crítica. Diz-se com alguma razão que no Médio Oriente falta uma tradição contratual como a que existiu na Europa durante o feudalismo. As cidades do Médio Oriente antigas/medievais representavam mais uma urbs – uma aglomeração física de diferentes grupos sociais – do que uma civitas – um espaço de interação e debate coletivo entre estes grupos2. Nas grandes metrópoles do mundo árabe coexistiam grupos baseados em critérios como o parentesco, a ocupação, etnia ou a religião (os ulama, as corporações, seitas religiosas, grupos étnicos). Mas gozavam de um alto grau de autonomia, não só entre si, mas em relação ao próprio poder central. Havia, assim, uma coexistência baseada na tolerância, não na interação. Tal explicará possivelmente a fraqueza histórica da sociedade civil3 no mundo árabe. Alguns autores também referem que na tradição árabo-islâmica não existe a noção de liberdade assente no conceito de individualismo4 . É que a esfera da liberdade individual é muito reduzida devido ao controle social muito forte que se faz sentir nos círculos mais íntimos, mesmo na esfera do privado por excelência, a família. A cultura árabo-islâmica é, por excelência, orgânica, comunitarista e coletivista.”

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Não vou discutir o mérito, mas esta é a realidade desta região. Pimenta pode jogar seus clichês ao vento, que o resultado é nenhum. Me fez recordar do tempo de Libelu na luta contra a ditadura. Sua ideia do que seja melhor para os palestinos, e para os judeus israelenses, é completamente desconectada da realidade e perseguir tal proposta seria condenar o povo palestino ao ostracismo. Cada dia mais países árabes se aproximam de Israel e se distanciam da causa palestina. Não existem soluções mágicas, tampouco propostas mirabolantes de um lunático que vive em um mundo paralelo.

A verdadeira luta por um Estado Palestino se baseia na livre determinação dos povos. O governo de Israel e a Autoridade Palestina precisam voltar à mesa de negociações e encontrar soluções que possam encaminhar a existência do Estado Palestino de fato. A comunidade internacional faria muto bem em pressionar ambos para que isto aconteça.

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Pimenta precisa cair na real. Uma escola de samba de qualquer cidadezinha do interior tem mais filiados que vocês no Brasil inteiro. Se apenas 10% de qualquer uma de suas propostas tivesse algum valor para a classe operária brasileira, vocês teriam ao menos um, eu disse UM vereador em um dos 5.565 municípios brasileiros. E olhem que em alguns municípios um vereador se elege apenas com os votos da família.

Vou ser justo, em 2004, no município amazonense de Benjamin Constant, o PCO elegeu seu primeiro e único vereador no país até hoje: João Vieira da Silva recebeu 635 votos graças a uma coligação com mais 3 partidos.

Claro que o autor, que tantas vezes menciona meu nome, foi candidato à presidência do Brasil por duas vezes. Cabo Daciolo recebeu quase três vezes mais votos do que ele na sua única candidatura à presidência. Este é o tamanho da insignificância desta agremiação e a prova real de sua dicotomia com o mundo real. Vocês podem se achar os arautos da causa operária, mas a classe trabalhadora, com toda razão, quer distância de vocês.

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