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Michel Zaidan

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Escovar a história a contrapelo

Existe entre nós uma indústria turística e cultural que se alimenta morbidamente dos restos da escravidão africana na região. E deve ser lucrativo

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Disse uma vez o filósofo judeu-marxista Walter Benjamin que um dos maiores riscos do historicismo era empatizar com o legado  do vencedor, aí enfatizar a Glória, o brilho, o esplendor  de sua herança. Afinal, a memória que sobrevive é sempre a do vencedor. E que o risco dessa empatia é transformar a necessidade em virtude. Enquanto durasse essa operação, nem os mortos  estariam seguros, porque continuariam a morrer indefinidamente. Por isso seria necessário revirar a história de ponta cabeça, para  salvar a história dos vencidos. Interromper o círculo infernal da danação eterna dos que morreram e clamam por justiça e reconhecimento.

Pois bem: desde a colonização, a história de Pernambuco  se confunde com o açúcar. A civilização  sucro-alcooleira. É  O ALFINIM, O BOLO DE SOUZA LEÃO, A COCADA ETC.

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Existe entre nós  uma indústria  turística e cultural que se alimenta morbidamente dos restos da escravidão  africana na região. E deve ser lucrativo. Já tive oportunidade de denunciar em livro e artigo essa estetização do atraso. O seu principal ideólogo, o sociólogo Gilberto Freire, que exaltou as virtudes da escravidão portuguesa no Brasil, escreveu até uma apologia do açúcar, com receitas de bolo e de doces para o uso das Casas Grandes remanescentes e o gaudio gustativo dos turistas.

É preciso desconstruir essa memória e salvar a memória do sofrimento dos afro-brasileiros, escravizados e de seus descendentes.

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E só há um maneira: denunciar essa construção retórica saudosista organizada em torno do Engenho, do Açúcar, das comidas africanas, sob pena de continuarmos alimentando esse imaginário  "doce" da escravidão africana no Brasil.

PS- O filósofo frankfurtiano fala em "salvar" a memória dos vencidos, em sua linguagem soteriológica (messiânica e judaica)  não fala em "resgatar, restaurar, como criticam alguns ensaístas  neo-nietzschianos, para os quais não existe passado, só uma construção discursiva a serviço de imperativos de poder (Foucault).

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