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      Jeferson Miola

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      Esquema criminoso de Flavio Bolsonaro explica porque Deltan Dallagnol prevaricou

      "Examinado o caso em retrospectiva, fica muito claro entender porque o Partido da Lava Jato de Deltan Dallagnol tudo fez para esconder e abafar este escândalo com potencial devastador, que implica mortalmente a FaMilícia Bolsonaro. Ao mesmo tempo, ajuda a entender a obsessão do ministro Sérgio Moro em manter sob suas asas e controle o COAF", diz o colunista Jeferson Miola

      Esquema criminoso de Flavio Bolsonaro explica porque Deltan Dallagnol prevaricou (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

      O MP e o judiciário do RJ fizeram aquilo que a Lava Jato, coordenada por Deltan Dallagnol, deliberadamente deixou de fazer: investigar com isenção e profissionalismo o esquema de corrupção, desvio de dinheiro público, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e organização criminosa do Flávio Bolsonaro na política.

      É preciso recordar que Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz figuravam no relatório do COAF que identificou movimentações financeiras atípicas de deputados estaduais, assessores parlamentares e agentes públicos do Rio de Janeiro.

      O relatório do COAF resultou na Furna da Onça, operação da Lava Jato realizada no Rio pela PF e MPF em 8/11/2018 com apoio da Receita Federal que levou à prisão 10 deputados estaduais colegas de Flávio e outros 16 agentes públicos implicados [dentre eles, colegas de Queiroz].

      Apesar da movimentação financeira atípica detectada pelo COAF – R$ 1,2 milhão e depósito de R$ 24 mil na conta da primeira-dama Michele Bolsonaro –, a Lava Jato livrou Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz do mesmo destino dos demais parlamentares e agentes públicos presos na ocasião.

      Naquela circunstância, os iguais – no caso, Flávio e o assessor e amigo de pescarias e churrascadas da FaMilícia – receberam da Lava Jato do Deltan Dallagnol tratamento desigual: uns bandidos foram brindados com o privilégio da liberdade. Outros, foram enjaulados.

      Não bastasse a exclusão do filho presidencial e do amigo da FaMilícia da investigação no contexto da Furna da Onça, a Lava Jato fechou os olhos para a fuga de Queiroz da justiça e da polícia [aqui] – um comportamento absolutamente atípico, se considerado o padrão de prisões espetaculares, conduções coercitivas ilegais e arbítrios perpetrados pelo Partido da Lava Jato contra petistas e inimigos político-ideológicos.

      Em 12 de dezembro/18, 1 mês depois da Furna da Onça, Deltan Dallagnol publicou um tweet [aqui] para “oficializar” a prevaricação da Lava Jato, ao abandonar a investigação dos crimes de Flávio e Queiroz:

      Relatório do COAF apontou que 9 ex-assessores de Flávio Bolsonaro repassaram dinheiro para o seu motorista. Toda movimentação suspeita envolvendo políticos e pessoas a eles vinculadas precisa ser apurada com agilidade. É o papel do MP no RJ investigar”.

      À continuação, não faltaram tentativas, ameaças e pressões para impedir que o MP/RJ investigasse o esquema da FaMilícia. O MP/RJ, a despeito disso, contrariou expectativas e decidiu não só continuar, como aprofundar as investigações.

      Com o avanço da investigação, o MP/RJ desvelou uma realidade ainda mais escabrosa, com quase uma centena de pessoas com sigilos quebrados, que compromete não só o filho presidencial Zero1, mas o próprio presidente da República e o modus operandi da FaMilícia Bolsonaro em 30 anos de ação corrupta na política.

      As investigações revelaram que Flávio Bolsonaro é o elo de ligação de esquema criminoso de enorme alcance da FaMilícia presidencial, com poder de derrubar o governo.

      Examinado o caso em retrospectiva, fica muito claro entender porque o Partido da Lava Jato de Deltan Dallagnol tudo fez para esconder e abafar este escândalo com potencial devastador, que implica mortalmente a FaMilícia Bolsonaro.

      Ao mesmo tempo, ajuda a entender a obsessão do ministro Sérgio Moro em manter sob suas asas e controle o COAF.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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