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Hélio Rocha

Repórter de meio ambiente e direitos sociais, colaborador do 247

119 artigos

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Estação na Lua, oportunidades na Terra

A luta por avançar na conquista do espaço, ainda que se saiba impossível a conclusão desses esforços, pode significar mudança na relação entre as nações

Esta imagem de tela capturada no Centro de Controle Aeroespacial de Pequim em 11 de maio de 2023 mostra a espaçonave de carga da China Tianzhou-6 se aproximando da combinação da estação espacial Tiangong antes de atracar (Foto: Xinhua/Guo Zhongzheng)
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*Publicado originalmente em China Radio International

Os esforços para avançar na conquista do espaço e nas pesquisas espaciais ganharão novas e importantes contribuições nos próximos anos, que estarão a cargo da Agência Espacial da República Popular da China. Os pesquisadores e militares asiáticos querem realizar viagens com seres humanos à lua, o que não é feito desde 1972, valendo ressalvar que todas as expedições até então foram realizadas pelos Estados Unidos. A potência emergente, a qual tem o maior crescimento entre os países que enviam jornadas tripuladas e não-tripuladas à órbita da Terra, pretende chegar à Lua com seus “taikonautas” – o equivalente chinês a astronauta (nos Estados Unidos) ou cosmonauta (na antiga União Soviética e, hoje, na Rússia) – até 2030, e lá estabelecer suas primeiras bases fixas.

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A intenção foi manifestada durante pronunciamento do governo chinês no dia 29 de maio, por meio de sua entidade responsável pelos estudos e viagens estelares, detalhada durante os meses de junho e julho.

Conforme a direção do programa, representada pelo designer-chefe do programa espacial, Zhou Jianping, “a espaçonave enviará os taikonautas para a órbita lunar e se acoplará ao módulo de pouso lunar. O módulo de pouso posteriormente levará os taikonautas para a superfície da Lua. Depois que eles concluírem as tarefas lá, o ascendente do módulo de pouso levantará os taikonautas de volta à órbita lunar para se juntar à espaçonave e, em seguida, retornar à Terra.”[i]

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O intuito é de que os tripulantes tragam amostras de solo lunar para serem submetidas à pesquisa, o que será intensificado com a exploração de longo prazo, possibilitada pela construção das estações no solo da Lua.

A isso junte-se o conjunto de avanços do programa espacial chinês, que já enviou uma série de tripulações ao espaço, construiu uma estação espacial na órbita da Terra, avançou no desenvolvimento de sua série de foguetes Longa-Marcha e, recentemente, enviou ao espaço o primeiro civil. Gui Haichao, professor e pesquisador da Universidade de Beihang, foi o primeiro taikonauta não integrado ao Exército Popular de Libertação a participar de uma missão estelar.[ii]

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Tal conjunto de iniciativas e avanços permite concluir que a China se consolida como o segundo país mais adiantado na conquista espacial. Considerando que os Estados Unidos possuem investimentos que remontam aos primeiros anos da Guerra Fria – logo após o lançamento do satélite Sputinik, da cadela Laika e do cosmonauta Iuri Gagarin ao espaço pela União Soviética – a China mostra-se o país que mais cresce no setor. Atualmente, embora não haja dados que quantifiquem o estágio atual da conquista do espaço, possivelmente está à frente da Rússia, herdeira dos avanços soviéticos.

Nas últimas décadas, contudo, uma situação de investimento em expedições e experimentos espaciais movidos por disputas geopolíticas não mais se configura. Mais do que propaganda de Estado, atualmente a busca pelo espaço serve aos avanços científicos da humanidade, para buscar em outros corpos celestes a solução de problemas do planeta, como a compreensão de diferentes composições minerais, fenômenos meteorológicos ou a reação de substâncias orgânicas da Terra em diferentes situações atmosféricas e situações de gravidade zero.

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Também serve à busca por respostas cosmológicas. A compreensão de quem somos e em que mundo vivemos tem na exploração espacial uma de suas principais ferramentas. Sendo o espaço um ambiente de fronteiras atualmente desconhecidas, e possivelmente não mensuráveis (mesmo porque, em sendo o espaço finito, haveria de se pressupor o que viria depois dele), cada pequeno avanço do ser humano para além de seu planeta é fundamental para o entendimento de homens e mulheres sobre o ambiente no qual vivem.

A luta por avançar na conquista do espaço, ainda que se saiba impossível a conclusão desses esforços, pode significar mudança na relação entre as nações. Não sendo mais uma corrida entre Estados e ideologias, pode unir os habitantes da Terra, e fundamentalmente os seus representantes militares, empresariais e governamentais, no crescimento da humanidade. Neste contexto, a China combina seu interesse pelo espaço a seus esforços pela construção de um cenário internacional de entendimento mútuo, sob o que tem chamado de multilateralismo.

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Atualmente, quatro países têm programas espaciais regulares. Além da China, dos Estados Unidos e da Rússia, os Emirados Árabes Unidos também vêm se notabilizando neste setor, tendo enviado sonda ao planeta Marte em 2022. Dois dos acordos de cooperação entabulados pelo governo chinês são com o Brasil (com quem mantém um programa de satélites para o monitoramento da Amazônia[MP1] [iii]), e com a Organização das Nações Unidas (ONU), com a qual cooperou recentemente na missão Tianwen-1, enviando sonda a Marte[iv].

Tais conquistas apontam para um futuro de amplo entendimento científico sobre o espaço, de expansão para a humanidade e, possivelmente, de ação conjunta e fraterna para os diferentes povos e nações. Uma oportunidade para que, alcançando diversos objetivos fora da Terra, possa-se encontrar paz para a solução dos problemas que existem dentro dela, como a continuidade dos esforços contra as guerras, a desigualdade e a fome.

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