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Jean Goldenbaum

Músico, professor da Universidade de Música de Hanôver, Alemanha. É membro fundador do ‘Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil’ e fundador do coletivo ‘Judias e judeus com Lula’

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Estamos a exatos quatro meses das eleições que definirão o futuro do planeta

Em 3 de novembro de 2020 ocorrerá nos EUA as eleições presidenciais mais importantes das últimas décadas

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Em 3 de novembro de 2020 ocorrerá nos EUA as eleições presidenciais mais importantes das últimas décadas. O líder mundial da extrema-direita Trump batalhará pelo posto na Casa Branca com o democrata Joe Biden, vice-presidente de Obama de 2009 a 2017.

E por que essa eleição é tão essencial para o futuro de todo o mundo? Bem, primeiramente porque a influência da pessoa que ocupa a presidência norte-americana sobre o planeta é inegável. Assim, um sociopata como Trump, que desde 2016 tudo o que fez foi incitar e legitimar ódio (não somente em seu país, mas em todo o globo), precisa ser retirado do poder o quanto antes. O estrago que o “very stable genius” (‘gênio muito estável’, como o próprio bizarramente se autointitulou) fez em seu primeiro mandato já foi enorme, mas em um segundo termo ele certamente teria ainda mais poder e menos escrúpulos. É evidente que sua intenção é consolidar-se na liderança por mais quatro anos e – já comenta-se – após sua saída, a ideia é colocar um de seus filhos como candidato. Assim, uma espécie de dinastia trumpista estaria se estruturando.

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De maneira resumida, o que pode-se dizer da presidência de Trump? Bem, fundamentalmente foi uma catástrofe após a outra: a separação das famílias de imigrantes ilegais, com direito a crianças literalmente enjauladas; o banimento da entrada de cidadãos de alguns países islâmicos (logicamente com exceção daqueles onde Trump tem negócios); a decisão unilateral de se retirar do Acordo Nuclear de 2015, trazendo mais caos ao Oriente Médio; todo o caminhar contrário às tentativas de diálogo no conflito Israel-Palestina com seu hediondo “acordo de paz” que só legitimaria a opressão israelense; a destruição do Obamacare; a desconstrução de relações amigáveis com praticamente todos os principais países, incluindo a maioria da União Europeia (sobretudo a Alemanha, que encabeça o grupo continental) e a China; o rompimento do progresso de um relacionamento positivo com Cuba, iniciado por Obama; o crescimento da islamofobia, do racismo contra negros e do antissemitismo (dados da Anti-Difamation League comprovam claramente isto); a presença de neonazistas marchando livre- e orgulhosamente pelas ruas (como em Charlottesville, em 2017, uma passeata sobre a qual Trump afirmou haver “pessoas muito boas” em ambos os lados, manifestantes e contramanifestantes); a ignorante e incompetente administração relativa à pandemia de Covid-19, o que resultou na morte já de mais de 130 mil pessoas; o erguimento de um “muro/cerca/grade” em parte da fronteira com o México desperdiçando bilhões de dólares autorizados pela Secretaria de Defesa do país; a clara trapaça em seu processo de impeachment, no qual o Senado controlado pelos Republicanos simplesmente se negou a convocar quaisquer testemunhas para depor no “julgamento”. Estes são alguns dos acontecimentos nestes terríveis quatro anos.

Mas Trump ainda se gaba de ter feito crescer a economia norte-americana. Verdade? Meia-verdade. A economia – como era de se esperar – cresceu somente para uma minoria. O rico ficou mais rico, a classe média continua esmagada e o pobre continua pobre. Quem deveria pagar mais impostos não paga, e os famosos tax cuts (corte de impostos) em benefício dos mais abastados continuam a todo vapor. O salário-mínimo permanece longe do suficiente e a Educação e a Saúde seguem sendo “artigos de luxo” no país, ou seja, quem pode pagar, vive e estuda; quem não pode, se endivida para o resto da vida para fazer faculdade e morre se ficar doente. Em dezembro de 2019 o Pew Research Center publicou um estudo que indica que “a maioria dos americanos diz que a atual economia está ajudando o rico e ferindo o pobre e a classe média”. Até mesmo grande parte dos apoiadores do partido de Trump reconhece esta realidade: “Aproximadamente metade dos republicanos de baixa renda diz que as condições econômicas atuais estão prejudicando eles e suas famílias.”

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Na política externa, como já mencionei brevemente acima, a relação foi inimistosa com quase todo mundo. Só há duas muito relevantes exceções: Bolsonaro e Netanyahu. Meu artigo anterior a este aqui no Brasil 247 (de 26/06) trata especificamente deste tema, então não vou me encompridar novamente sobre ele. Aqui vou somente registrar a seguinte tese na qual acredito com convicção: se não fosse pela presença de Trump na Casa Branca, Bolsonaro não teria sido eleito. Venho dizendo isto desde 2018 e a cada dia que passa essa teoria se confirma mais. Há pouco soubemos inclusive da participação do FBI na operação Lava Jato, acarretando no Golpe de 2016 que derrubou a Presidenta Dilma e na prisão inconstitucional do Presidente Lula. Além disso, a indústria de fake news que dominou o Brasil no período eleitoral de 2018 foi claramente importada dos EUA – e até mesmo otimizada, visto que a aceitação das mais absurdas mentiras e teorias conspiratórias bolsonaristas superou até mesmo as farsas trumpistas.

Por isso, a reeleição de Trump em novembro significará uma vitória enorme para o Neonazifascismo mundial e, consequentemente, para Bolsonaro. Ainda que o americano faça o jogo de “ora beija ora bate” com o brasileiro, a relação deles é de dois irmãos no crime: o little brother leva pancadas do big brother, mas continua o idolatrando e precisando dele.

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Já a queda de Trump afetaria muito Bolsonaro. Os primeiros dois anos de Biden seriam basicamente utilizados para reverter e consertar os danos criados pelo alucinado cidadão que o antecedeu. Os EUA entrariam em uma espécie de processo de desintoxicação e desfazer os laços com o Fascismo Brasileiro faria parte deste tratamento.

Cabe ainda um adendo sobre Biden. Ele está longe de ser o que os EUA têm de melhor. Ele é um homem do sistema, alguém que em termos econômicos é quase tão conservador quanto os republicanos. A escolha ideal seria Bernie Sanders, mas os democratas do establishment nunca permitiriam que um homem que de fato desafia o 1% mais rico do país tomasse o poder. Assim, deram o dito “tiro no pé” ao boicotar Bernie em 2016, escolhendo Hillary Clinton, que se mostrou incompetente na suja luta contra Trump, e perdeu. A história se repetiu nas disputas primárias do partido em 2020, nas quais vimos mais um boicote a Sanders, desta vez para prevalecer Biden (um “Hillary 2.0”). Esperamos que o resultado nas eleições finais seja diferente.

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Dito isso, com todos os seus defeitos, Biden é ainda assim infinitamente melhor ser humano que Trump, e consequentemente um político muito mais benéfico. É um homem decente e equilibrado mental- e emocionalmente, ao contrário do outro e de seus parceiros. E certamente ele não convidará Bolsonaro com pompas à Casa Branca e a postura do governo norte-americano com relação ao Brasil mudará da noite para o dia.

É importante que tenhamos muito claro que Trump, Bolsonaro e companhia não são adversários das pessoas progressistas, liberais e que lutam por Democracia, Justiça Social e Direitos Humanos. Ele são inimigos. São os líderes do Neonazifascismo, um movimento que se mostra como uma das principais forças nefastas mundiais do século XXI. E para vencermos é fundamental que retiremos o líder maior do poder. Assim, clamo por uma campanha internacional contra Trump, afinal somente os americanos e americanas votam, mas quem bebe das consequências de seus votos somos todos nós.

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