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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Estudo acadêmico mostra que mídia não alivia na cobertura negativa de Lula

Para a colunista Denise Assis, Lula recebe cobertura negativa da mídia tradicional e, pelas pancadas, nota-se que ela toparia entrar novamente numa aventura

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante café com jornalistas (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
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Essa foi daquelas semanas de que não se vai esquecer por um bom tempo. Depois de se esmerar para apresentar e aprovar o arcabouço fiscal – substituto do famigerado teto de gastos - que concede credibilidade ao governo, conforme exigência da mídia e do mercado, necessariamente nesta ordem, o governo dormiu de quarta para quinta-feira (31/05), em busca de alternativas para o caso da emenda provisória que lhe dava feição, caducar. 

Por mero capricho do presidente da Câmara, Arthur Lira, que apegado a cada porção de poder, não permitiu que a casa voltasse a fazer o que manda a Constituição: funcionar por comissões mistas, para analisar tais medidas.

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A atitude já seria por demais despótica e inédita, mas em meio ao emaranhado de entrevistas curtas que deu, das reuniões em petit comité que fez, não satisfeito com o estardalhaço, Lira trazia a cada hora uma exigência a mais. Ora o pedido de cabeças de ministros – em off, acompanhada de negativa -, ora puxões de orelhas nos emissários e articuladores do governo. 

Vai daí que nas redes nacionais surgiram os memes inevitáveis e de ocasião: “Lira inimigo do povo” foi o que mais bombou. 

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Ficou evidente que o presidente da Câmara havia exagerado no “jogo”, se era blefe, ou na mão, se era um “piti” para abocanhar mais um naco do poder de Lula, conquistado nas urnas. 

Não se contraria impunemente a vontade popular. Seja ela por grande ou pequena margem de vitória. Lira com o seu excesso de volúpia, causou revolta até mesmo em aliados. A medida provisória passou. Assim como passou também, por Alagoas, a Polícia Federal, na manhã seguinte, recolhendo cartelas de Viagra e muito, mas muito dinheiro desviado da Educação, em poder dos seus assessores. 

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Lira resfolegou, bufou, atraiu comentários maldosos de sua ex – elas são sempre um perigo -, e atribuiu ao ministro Flávio Dino, a sua desdita, sem nem conseguir calcular que Dino teria que mover mundos e fundos, para realizar uma operação imediata contra ele, em seu estado. Amuado e, agora ele, acossado, reagiu atacando, mandando recados malcriados. 

O governo, arrumadinho, ainda que com certas trincas depois do abalo sísmico, foi trabalhar. De segunda para frente, Lula toca a sua agenda. Quanto a Lira bufa e arquiteta a próxima crise. Enquanto isto, o PIB fez bonito, atingindo um crescimento de 1,9% no último trimestre. 

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Segundo o Caged, 42,7 milhões de pessoas trabalham com carteira assinada no país. O número representa um acréscimo de 0,57% em relação a janeiro deste ano. Todas as cinco regiões registraram aumento na criação de empregos formais, com liderança do Sudeste, que criou cerca de 110 mil postos de trabalho no mês.

Arthur Lira ganhou, mas perdeu. “Ganhou” ao dar a entender para a mídia tradicional que faz gato e sapato da pauta, mas perdeu ao escancarar o seu jogo e se queimar junto à opinião pública – se estivermos falando de redes sociais, onde tudo acontece (de mentirinha).

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Nos jornalões a vida de Lula não ficou fácil. Estudo semanal do grupo “De Olho Na Imprensa! (DONI)” - feito pela equipe do Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da UERJ -, mostra que o efeito Lira somado à visita do venezuelano, Nicolás Maduro, por aqui, foram usados de forma contundente para lhe dar uma verdadeira surra. 

De 27 de maio a 2 de junho de 2023, o DONI semanal computou as manchetes, chamadas, artigos de opinião, colunas e editoriais que citaram o Governo Federal, o presidente, ou algum personagem ou Instituição do Governo Federal, nas capas e páginas 2 e 3 dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e Estado de S. Paulo. Esta semana foram analisados 168 textos. Foi observado que o Globo e a Folha aumentaram a cobertura sobre o Governo Federal, principalmente a negativa. O Estadão reduziu os textos sobre o governo.

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Os seis enquadramentos associados ao presidente Lula trazem críticas a ele, afere o estudo. A principal delas ataca a indicação de Cristiano Zanin para o STF, afirmando que o advogado não é qualificado para o cargo e seria apenas uma escolha pessoal de Lula. 

A recepção a Nicolás Maduro também rendeu muitas críticas ao presidente. A principal delas que fazem ao governo se mantém: a pecha de governabilidade confusa, que já havia sido apontado no relatório da semana passada. 

Lula é acusado pelos jornais tradicionais de não se preocupar com seu governo, de não ter um plano para o país e principalmente de não conseguir alinhar a relação do Executivo com o Legislativo. 

Ao longo dessa semana a cobertura do Governo Federal teve três temas principais. O primeiro deles é recorrente: a difícil relação entre o Governo Federal e o Congresso. A versão dessa semana continuou a pontuar os contínuos problemas na relação entre os dois poderes. A despeito da cobertura associar a crise a Lula e a Lira, a culpa foi jogada desproporcionalmente no colo do petista, que, de quebra, foi acusado de preocupar-se mais com a política externa do que com a interna. 

O segundo tema foi a visita de Nicolás Maduro ao Brasil. A recepção a Maduro e principalmente a fala de Lula sobre a Venezuela não foram bem recebidas pela mídia, que o criticou duramente, aproveitando para isso das falas dos presidentes do Chile e do Uruguai, como contraponto. 

A cúpula sul-americana foi pouquíssimo coberta e o foco dos jornais esteve em atacar Lula e sua aproximação com a Venezuela. Finalmente, o terceiro tema foi a indicação de Cristiano Zanin para o STF. Os jornais apresentaram duas narrativas: a primeira atacava a escolha por ser o advogado pessoal de Lula, a segunda afirmava que Zanin não possuía as características necessárias para ser ministro do STF. 

Os três temas reforçam a maneira com que a mídia tem apresentado Lula nos últimos meses. Na visão dos jornais, a crise com o Congresso confirma os argumentos contrários às escolhas políticas de Lula, que não seriam adequadas para o presente; as falas sobre Maduro reforçaram a imagem de populista e de que é pouco afeito a democracia. 

Por fim, a escolha de Zanin denota um Lula personalista e que prioriza aliados e não aqueles que seriam os melhores para o cargo. Novamente notamos que Lula recebe cobertura mais negativa que seu governo e que pelo ritmo das pancadas, que a mídia não se faria de rogada de entrar novamente numa aventura, como a nauseabunda “Lava-Jato”, devassada com muito brilho, pelo 247, em entrevista com o empresário Tony Garcia, refém de Sergio Moro por 20 anos. 

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