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Luis Felipe Miguel

Professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB). Os textos reproduzidos nesta coluna são postados originalmente no Facebook do autor

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Eu defendo financiamento público para campanhas eleitorais

"Não é uma panaceia - o poder econômico sempre arranja outros meios de desequilibrar o jogo, vide os "movimentos de renovação política" tipo Acredito, RenovaBR e RAPS. Mas ajuda", escreve o professor de Ciência Política da UnB Luis Felipe Miguel

Eu defendo financiamento público para campanhas eleitorais (Foto: Thinkstock)

Por Luis Felipe MIguel

Eu defendo financiamento público exclusivo para campanhas eleitorais.

Trata-se, obviamente, de uma forma de reduzir as vantagens do poder econômico nas eleições.

Não é uma panaceia - o poder econômico sempre arranja outros meios de desequilibrar o jogo, vide os "movimentos de renovação política" tipo Acredito, RenovaBR e RAPS. 

Mas ajuda.

Além de equalizar um pouco a disputa, a medida deveria contribuir para reduzir os custos de campanha.

Campanhas mais baratas são boas por dois motivos. 

Com menos pirotecnia, os candidatos precisam expor mais quem são e o que pretendem. E elas reduzem a possibilidade de lavagem de dinheiro.

O fundo eleitoral de 5,7 bilhões de reais sabota tudo isso. 

É um valor absurdo, sobretudo no momento em que, estrangulado pela emenda 95 e pela política de Guedes, o país se encontra carente de tudo.

E é um chamamento à roubalheira nos partidos. 

A maior parte deles, como se sabe, tem baixa transparência e ausência de controles internos. 

Alguns se parecem com quadrilhas.

Bolsonaro disse que vai vetar o fundo eleitoral. 

Depois, recuou um pouco e disse que vetar é "tendência".

Em 2019, ele disse que vetaria o fundo de 2 bilhões e acabou não vetando. 

Não é improvável que aconteça o mesmo agora. 

É a tática para agradar simultaneamente ao gado (que fica feliz com palavras vãs) e ao Centrão (que é bem mais apegado à materialidade). 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.