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Nêggo Tom

Cantor e compositor.

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Eu quero o meu Brasil de volta

Quem seria capaz de trazer de volta o perfeito e saudoso Brasil que alguns estão pedindo? Em caso de impeachment da presidenta Dilma, quem poderia devolver o Brasil para a elite e deixar tudo tranquilo e favorável para os seus tradicionais donos? F.H.C, Sarney, General Médici, Dom Pedro I, Pedro Alvares Cabral ou todos eles juntos numa coligação partidária. O voto é seu! A decisão está em suas mãos

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Nesse momento de turbulência política a sociedade tem se manifestado de forma contundente e ao mesmo tempo curiosa. Analisando algumas falas dos descontentes mais radicais, observo além do clamor pelo impeachment da Presidenta Dilma, um lamento nostálgico e um apelo ao saudoso tempo em que o Brasil era nosso. Nosso? Inúmeras vezes eu vi pessoas fazendo o uso da frase: "Eu quero meu Brasil de volta", e comecei a me questionar a respeito de tal afirmação. Afinal, que Brasil é esse o qual eles se referem com tanto saudosismo?

Segundo a história, Cabral, o descobridor português, e não o ex-governador do Rio de Janeiro, que aliás, parece que tomou chá de sumiço depois de ter deixado o estado com um pezão na lama, aqui chegou e fincou a bandeira de seu País. De forma muito gentil, pediu emprestada a terra dos Indígenas e os relegou a condição de meros e selvagens e coadjuvantes do pau Brasil. Assim nasceu nossa nação. Tudo conquistado de forma limpa e honesta pelos nossos patrícios e dividido da mesma forma entre os seus pares. E para tornar a terra produtiva e assim encher as burras lusitanas de muitos Réis, traficaram seres humanos da África para que fossem explorados através de um trabalho escravo e desumano. Uma boa época para se sentir saudades.

A Monarquia se fez presente e deixou um legado quatrocentão que merece respeito. Graças a esse legado monarca e elitista, muitos cidadãos se beneficiaram ao longo dos tempos e ainda hoje desfrutam de alguns mimos que o seu pezinho na realeza lhe permite. Era uma espécie de Bolsa Família Imperial, destinado apenas aos descendentes dos donos de capitanias hereditárias. Abençoado é aquele que herdou um sobrenome imponente nessa terra de santa cruz. Pode ser um João, José, Antonio ou Pedro, mas se tiver no meio um, Campos, um Sarney, um Neves ou um Magalhães, a coisa muda de figura. Você está fadado ao sucesso. E o melhor, graças ao seu próprio mérito. Isso sim é igualdade social. Se eu fosse da elite também sentiria saudades desse Brasil. Hoje em dia esse sistema está ameaçado por cotas e programas de inclus&atil de;o social de qualquer um, o que pode nos transformar num país mais igual e mais justo. Um horror!

Ainda em meus questionamentos lembrei-me de que já fomos um país livre. Princesa Isabel que o diga. Nossos escravos foram alforriados e se tornaram homens livres, jogados a própria sorte, sem ter onde morar e como assentar suas famílias. Mas ainda assim libertos de toda a opressão dos seus senhores de engenho, que agora apenas lhes fechavam as portas dos comércios, das escolas, das igrejas e dos acessos a toda dignidade que um ser humano deveria ter direito. Mas isso era o de menos. Agora eles estavam livres e podiam construir os seus quilombos sociais no alto de algum morro, criando assim uma espécie de comunidade paralela a civilização e serem enfim bem aceitos pela sociedade. Desde que eles não quisessem descer de lá e se misturar com os do asfalto. Um verdadeiro clima de paz. Não existia racismo porque o preto sabia qual era o seu lugar. Mas hoje em dia essa ra&cced il;a alforriada quer se misturar a civilização, quer acessar os mesmos lugares que sempre foram privativos dos seus antigos senhores de engenho, quer se sentar na cadeira da mesma universidade que a sinhazinha frequenta e tudo isso com o apoio e o incentivo dessa escória que hoje governa o país. Um nojo!

Também já vivemos sob um lindo e poético regime de exceção, que foi carinhosamente batizado de: Anos de Chumbo. Oh, Glória! Tudo era tão inspirador que nesse período de paz bélica nasceram as melhores canções da Música Popular Brasileira e os mais representativos compositores dessa nação. Esses artistas criativos e contestadores eram tão queridos pelos governantes da época, que quando cometiam alguma falha contra o sistema, ao invés de serem torturados no Dops da sua região, tinham o direito de optar por uma medida sócio educadora, que lhes permitiam se exilar em outro país, onde poderiam repensar suas ideias e retornar anistiados pela benevolência paterna dos generais que comandavam a nossa idolatrada, salve, salve, pátria de chuteiras. Nessa época o povo não tinha di reito a voto para presidente e os militares decidiam entre eles quem seria o próximo a governar o país. Uma maravilha! Hoje em dia o povo vota e elege essa corja que aí está. Culpa dos pobres e dos nordestinos que por não terem instrução e comida votam em qualquer um que tenta lhe ajudar a viver com um pouco mais de dignidade. Um verdadeiro atraso. Antes era tudo por mérito. Não se dava o peixe, se ensinava a pescar. Por isso não tinha crise financeira e nem miséria no Brasil. Hoje esse governo fala de pobre como se pobre fosse mais gente do que a elite tradicional e merecesse alguma atenção especial. Um absurdo!

Ainda tivemos em nosso distinto país, governantes que impuseram um arrocho salarial a classe trabalhadora. O aumento do salário mínimo fazia jus ao seu nome e não podia ser diferente. Afinal, como os patrões da época acostumados a pagar um salário de fome aos seus empregados e a negar-lhes os seus plenos direitos trabalhistas iriam sobreviver com fartura? Nada mais justo do que o pobre trabalhador, já habituado a viver com pouco, se contentar com o que lhe era oferecido. Eles precisariam ganhar mais pra que? Para gastarem com bobagens para seus filhos? Hoje em dia é uma bagunça. Querem dar um aumento um pouco mais digno ao trabalhador assalariado. Daqui a pouco as madames estão na pia lavando a própria louça ou no toalete limpando a própria latrina, por não poderem mais pagar o mínimo as suas empregadas domésticas. Isso é diab&o acute;lico. Comunismo puro. Quero o meu Brasil de volta!

Por essas e outras que conclui os meus questionamentos com uma dúvida: Quem seria capaz de trazer de volta o perfeito e saudoso Brasil que alguns estão pedindo? Em caso de impeachment da presidenta Dilma, quem poderia devolver o Brasil para a elite e deixar tudo tranquilo e favorável para os seus tradicionais donos? F.H.C, Sarney, General Médici, Dom Pedro I, Pedro Alvares Cabral ou todos eles juntos numa coligação partidária. O voto é seu! A decisão está em suas mãos.

Aperte o verde e confirma! Mas depois não peça o seu Brasil de volta....

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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