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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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EUA planejam aumentar os conflitos num Governo Lula e na América Latina

A queda de impérios não respeita o tempo humano, dias, meses e anos, mais sim, o tempo histórico, gerações, séculos e milênios

Lula (Foto: Ricardo Stuckert | Reprodução)
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O império decadente estadunidense está ruindo mais rápido do que o previsto. Para alguns analistas, a queda seria lenta e gradual, para outros, a queda seria catastrófica, uma implosão. A queda de impérios não respeita o tempo humano, dias, meses e anos, mais sim, o tempo histórico, gerações, séculos e milênios.

Pela fuga atabalhoada do Afeganistão, o cemitério de impérios, somado aos dribles da vaca dados por Putin em Biden, na Ucrânia. O império decadente perde rapidamente terreno no Oriente e apesar da dependência e vassalagem europeia, sua credibilidade vem diminuindo. Está cristalino que a sociedade estadunidense está cindida e suas contradições históricas acerbadas.  

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A queda catastrófica parece no momento a mais provável. No entanto, a nação de mentalidade John Wayne, pretende cair com o cavalo, carroça e tudo, mas não sem atirar em todos à sua volta. A área vital aos EUA, para manter o domínio do hemisfério ocidental, é assegurar o controle sob rédeas curtas na América Latina. Os Estados Unidos entenderam isso há muito tempo, desde a Doutrina Monroe.  

Consolidaram seu território avançando sob o México, seguiram ao Caribe, garantiram o controle do Canal do Panamá, unindo sua Costa Leste e C. Oeste pelo mar, e após a supremacia na América do Sul, partiram à Europa. Durante a guerra fria, momento em que teve seu poderio recém-conquistado em risco, apertou o garrote em toda a América Latina, implantou as ditaduras militares na década de 60. Assim, puderam concentrar seus esforços nos outros continentes.

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Nesse momento histórico, a perda da hegemonia para a união eurasiana (BRI – Novas Rotas da Seda), o risco do BRICS, adormecido após o golpe 2016, retornar com a adesão da Argentina e a eleição de Lula, o império decadente precisa garantir o alinhamento nas Américas novamente. É nessa situação que o Brasil e um possível Governo Lula estará inserido agora.

O relatório e as estratégias para manter o domínio do Brasil e da América Latina

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O think tank estadunidense CSIS - Center for Estrategic and International Studies – publicou um relatório, autoria de Evan Ellis, em janeiro deste ano. O documento revela as preocupações do império decadente com a perda de domínio na região e traça as estratégias a serem tomadas. Esse tipo de documento público serve para instruir seus aliados em como agir e se preparar - ONGs, instituições “filantrópicas”, países, políticos e elites alinhadas.

Por essa razão, o documento traz vários conceitos básicos subvertidos. Os EUA não podem deixar de justificar que tudo seria pela democracia, direitos humanos e contra vilões. É como ler um relatório refletido num espelho distorcido de uma Casa de Espelhos no Parque de Diversões “Pague para Entrar, Reze para Sair”, filme de horror de Tobe Hopper.   

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Nele as esquerdas nacionalistas são chamadas de populismo autoritário de esquerda, mas, ao mesmo tempo, diz que esses governos antidemocráticos estão sendo eleitos através do voto, pois as populações estão caminhando à esquerda. Quando a população elege o candidato apoiado pelos EUA, o país é democrático. Quando a população elege o candidato oposto, a população é alienada ou houve fraude nas eleições.   Países que querem escapar do neoliberalismo são chamados de antimercado, e a responsabilidade pela pauperização não é o sistema econômico, mas a corrupção, incompetência e a falta de mais ajustes fiscais. Governo de extrema-direita são apenas de direita. Entre outras concepções invertidas dessa semântica bizarra.

O relatório deixa bem claro que não importa se o governo é de extrema-direita autoritária ou de esquerda, o problema é que os governos de esquerda tendem a serem independentes e aumentar as parcerias econômicas e comerciais com a China, em busca de uma fonte alternativa de recursos. A maior preocupação é que haja acordos econômicos de colaboração da China com a CELAC - Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos -, UNASUL e o Mercosul.

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O que é visto como anátema pelo relatório são as parcerias de desenvolvimento de infraestrutura e modernização da região. Cita-se o desenvolvimento de minas peruanas, o porto de Chancay, o metrô de Bogotá, a refinaria Dos Bocas, os depósitos de lítio Bacanora, o trem Maya no México, o Amaila Usina hidrelétrica de Falls na Guiana, projeto portuário chinês no Uruguai, estádio nacional em El Salvador etc.

O relatório continua descrevendo como problemas:

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Nicarágua: A eleição de Daniel Ortega permitiu investimentos chineses na infraestrutura elétrica, transporte e a volta do projeto do Canal da Nicarágua – substituto do Canal do Panamá, mas fora do controle dos EUA.  

México: “vital para conectividade geográfica, econômica e influência dos Estados Unidos com a América Central e Caribe”,  mas o presidente Manuel López Obrador tem uma política tão “radical” que convocou a abolição da Organização dos Estados Americanos (OEA), aumentou o controle estatal dos setores de petróleo e energia, prejudicando as empresas norte-americanas e impondo obstáculos a segurança efetiva dos Estados Unidos.

Brasil: Parece ser a maior preocupação, justamente por não conseguirem um candidato “centrista” – terceira via - e uma possível eleição do Lula. Segundo o analista, a prisão de Lula aprofundou sua orientação à esquerda e o ex-presidente aumentará a oportunidade de parcerias com a China e a resistência em apoiar os EUA contra países inimigos, assim como a Venezuela, Nicarágua etc. E o pior, apoiaria a colaboração entre a China e CELAC, Mercosul, ALBA e outros. A eleição de Bolsonaro não é vista como problema, apenas como a não ideal.   

Enfim, têm declarações a respeito de países do Caribe ao Uruguai. No momento os únicos países parcialmente confiáveis seriam o Uruguai, Equador e Paraguai. A Colômbia também se tornou uma preocupação, embora seja o maior aliado na América do Sul nos últimos 20 anos, há possibilidade Gustavo Petro ser eleito, líder nas pesquisas atualmente.

As estratégias recomendadas aos EUA à região, mostra que os latino-americanos não terão paz

1 – Continuar a trabalhar por meio de fontes de pressão diplomáticas, econômicas e outras, incluindo diplomacia pública e sanções, para desencorajar acordos com a China. Comentário nosso: “e outros” - entenda como o uso até mesmo de ações ilícitas e ilegais, fake news, controle das redes sociais, capitalismo de vigilância, guerra cultural etc.)

2 – Use esses instrumentos para desencorajar tais governos de consolidar o poder por meio de mudanças de pessoal.  Os Estados Unidos devem trabalhar através de grupos da sociedade civil e mediante as elites, cuja posição é ameaçada por mudanças, fornecendo-lhes informações para continuar essa luta. Isso inclui abordar de modo mais agressivo as elites que se envolvem em transações impróprias ou violem suas próprias estruturas legais e constituições, ameaçando sanções quando apropriado. Comentário nosso: (traduzindo: haverá chantagens contra empresários alinhados ao governo, aberturas de contas em paraísos fiscais, os inocentes serão vítimas de Lawfare).  

(“Trabalhar através de grupos da sociedade civil” - leia-se: ONGS financiadas pela NED, Heritage Foundation, Open Society, Brava, Institute for the Future etc. É importante salientar que nem todas as ONGs que recebem dinheiro dessas instituições são mal-intencionadas, muitas são realmente idealistas, outras são usadas na aplicação de políticas instrumentalizadas vinda da matriz, com intuitos maiores e outros.  

Preparem-se, a Guerra-Híbrida continuará e haverá mais manifestações, que por vezes, são demandas por direitos legítimos e essenciais (meio-ambiente, direitos das mulheres, negros, LGBTs e oprimidos), mas virão despolitizadas, de forma difusa e abstrata. O que as tornam impossíveis de serem atendidas pelo governo; “Não Vai ter Copa”, “O Gigante Acordou”, “Contra a corrupção”, “Contra o Racismo”, “Fim da Homofobia”. (As manifestações legítimas devem ser um pedido certo e determinado, por exemplo: “aumento das cotas raciais no serviço público e Universidades”, “Revogação do Teto de gastos” etc).  

Nas declarações dadas semanas atrás por Putin, ele descreve perfeitamente como a Ucrânia chegou nisso, porém, é idêntico ao que ocorreu e está ocorrendo no Brasil, incluindo o porquê foram proibidas certas ONGs na Rússia, ato que a imprensa ocidental chamou de ditatorial.). [Assista dublado em português].   

3 - Trabalhar com parceiros como a União Europeia, organizações não-governamentais respeitadas como o Carter Center e entidades multilaterais como a OEA, para monitorar eleições em busca de indícios de impropriedade. Esses passos não impedirão a consolidação do poder pelos regimes de esquerda ou a expansão da influência chinesa na região. No entanto, eles podem retardar a propagação dessa influência e lançar as sementes para a reconstrução de instituições democráticas, estado de direito e mercados livres quando for a hora certa. Comentário nosso: Leia-se, caso não consigamos evitar esses governos, podemos atrapalhá-los até que possamos reconduzir governos neoliberais, criar leis penais do tipo aberto passíveis do uso de Lawfare, até o momento oportuno, seja nas próximas eleições ou induzindo protestos e a perda de apoio político.

4 - Preparar uma postura de segurança interna baseada em ameaças expandidas e a capacidade de trabalhar com parceiros na região, incluindo fluxos de drogas, migrantes e possivelmente até infiltração de terroristas e rivais orientais através das fronteiras dos EUA. Fazer isso implica, sem dúvida, maior atenção à segurança física da fronteira com o México, bem como uma presença ampliada de segurança marítima dos EUA no Caribe. Comentário nosso: Leia-se, usar politicamente a guerra contra as drogas, criar teorias sobre terroristas na região, isso inclui fazer sabotagens e atentados, culpando-se outros – false flag.

5 - Realocação de forças militares de outras partes do mundo para o Hemisfério Ocidental focada na defesa da pátria. Os Estados Unidos devem trabalhar com parceiros dispostos a conter os fluxos ilícitos de drogas, dinheiro, pessoas e bens que alimentam a corrupção, grupos criminosos e estados “populistas” associados na região. Fazer isso também será um uso mais eficaz dos recursos dos EUA, alavancando a familiaridade cultural dos EUA, a proximidade geográfica e os laços culturais com a região. Comentário nosso: Leia-se, não está descartada a possibilidade de manobras militares na região. A tríplice-fronteira brasileira será usada em narrativas sobre grupos terroristas e com a colaboração da Polícia-Federal, Forças Armadas e TRF4, e propagandeada pela imprensa. “Familiaridade cultural dos EUA e os laços culturais”, leia-se: guerra ideológica por meio da imprensa e redes sociais – exemplo: chineses querem destruir a sociedade ocidental, “VaChina”, chineses querem dominar pelo endividamento, por isso fazem parcerias na construção de infraestrutura, o 5G chinês é para espionagem.  

6 - Revisar o planejamento de defesa e segurança interna para incluir cenários sobre possíveis grupos radicais. Isso inclui possíveis operações de chineses e outros. Planeje a possibilidade de que, no contexto de uma grande guerra, a China esteja melhor posicionada para projetar forças na região e possa obter acordos de estados hostis aos Estados Unidos para o uso militar de seus portos, aeródromos e outras instalações, mesmo na ausência de uma aliança militar atual ou acordo de base. Comentário nosso: Leia-se, uso da Guerra ao Terror contra a cooperação na construção de portos, aeroportos etc. em parceria com a China.

7 – Trabalhar com os países que têm presença na América Latina, incluindo o Reino Unido, Canadá, membros da União Europeia, Japão, Coreia, Israel e Índia, sempre que possível.

8 - Colete exemplos de toda a região de como o populismo e a dependência chinesa estão empobrecendo o povo da região e piorando sua situação. Embora essas histórias possam cair em ouvidos surdos na região atualmente, os Estados Unidos devem estar preparados com essas evidências quando a região estiver mais receptiva e em momentos críticos de transição política. Comentário nosso: Leia-se Guerra ideológica de fake news, não apenas pelas redes sociais, mas também pela imprensa corporativa e oligárquica brasileira, culpando a China e Rússia, por questões econômicas.

9 - Procure maneiras de aumentar os custos à China, Rússia e Irã para desafiar sua influência na região. Isso pode incluir desde protestos até a promoção de movimentos de resistência, quando apropriado.  

10 - Trabalhe em estreita colaboração com Taiwan na região e aplique pressão comercial, política e outras para impedir que os estados restantes da região a reconheçam diplomaticamente. À medida que o número de Estados que reconhecem Taiwan se aproxime de zero, cresce a tentação da China de incorporar Taiwan à força dentro de uma China maior, aumentando a instabilidade estratégica e a perspectiva de uma grande guerra na Ásia que poderia atingir proporções nucleares.

11 - Busque oportunidades para comunicar os efeitos prejudiciais do da esquerda e do engajamento com a China no Hemisfério Ocidental em outras regiões mais receptivas” à democracia e aos mercados livres”. Essas informações podem ser usadas como um alerta sobre os riscos de trabalhar com a China.

12 - Procure Estados que buscam se livrar dos governos “populistas” e da dependência da China e esteja preparado para apoiar vigorosamente seus esforços em momentos críticos.  

13 - Reformular o conceito dos EUA de engajamento e mensagens estratégicas com a região. Por um lado, será vital que os Estados Unidos defendam inequivocamente a “verdadeira” democracia, a adesão aos direitos humanos, o estado de direito e a boa governança. Comentário nosso: Leia-se: uso do falso discurso de sempre, lutas humanitárias e os Estados Democráticos são apenas aqueles que os EUA dizem ser.

14 - Seja mais estratégico na pressão e aplicação de sanções e seja claro sobre suas razões para fazê-lo. Não deve minar regimes que lutam contra a China devido a suas “imperfeições” em questões de corrupção, uso de militares na segurança interna, políticas ambientais ou assuntos semelhantes.

Comentário nosso:Leia-se, governante corrupto é todo aquele que comercializa com a China, os governos que apoiem os EUA podem usar as forças militares e a repressão contra suas populações.

15 – Com cada vez menos Estados “amigos” dos EUA, os Estados Unidos devem defender a segurança e a soberania desses contra os outros. Um exemplo é “apoiar” a Colômbia contra a Venezuela.  

 Por fim: Fica claro que os EUA não vão largar o osso. Estão dispostos a intensificar as Guerras Cognitivas, alocar mais recursos e até mesmo tropas para a América Latina.  É total ilusão acreditar que o império decadente irá apoiar Lula ao invés de Bolsonaro/Militares. Apoiarão o uso de repressão militar do Estado contra seu próprio povo. Aqueles empresários que decidirem apoiar Lula serão chantageados. Inclusive o agronegócio que é dependente do comércio com a China.  

Os políticos representantes dessa elite, cujo poder político é emprestado por ela, não irão colaborar com um Governo Lula, assim que essa elite ordenar. Isso já está acontecendo agora, na dificuldade de acordar as Federações, incluindo partidos de esquerda, os quais defendiam uma Frente Ampla Contra o Fascismo, entretanto, na hora H esqueceram-se da luta “civilização contra a barbárie”. Está em marcha o método Carlos Lacerda contra o Lula: “O Senhor Getúlio não deve ser candidato, se for candidato não deve ser eleito, se for eleito, não deve tomar posse, se tomar posse não pode governar”. [Leia o relatório CSIS completo aqui].

Logo após o Golpe de 2016, o então Ministro da Defesa do Governo Temer, Raul Jungmann deu uma palestra em Washington, no Fórum Global de Líderes no CSIS, em 2017. Apesar de o think tank ser pouco conhecida pelos brasileiros comuns, ele tem relevância política. [vídeo aqui].   

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