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      Marcia Carmo

      Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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      EUA pressionam Argentina a se afastar da China em meio à aproximação sino-latino-americana

      'A Argentina depende dos chineses', escreve Marcia Carmo, ao destacar um 'momento de crescente disputa do governo Trump com o país asiático'

      Donald Trump (à esq.) e Javier Milei (Foto: Carlos Barria/Reuters)

      A poucos dias do encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Xi Jinping, da China, que será realizado em maio, em Pequim, os Estados Unidos intensificaram a pressão diplomática sobre a Argentina para que o governo Milei se distancie do país asiático. A movimentação ocorre num momento de crescente disputa do governo Trump com a China.

      Em Pequim, Lula participará da reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, que está sendo chamada de Celac-China.

      De acordo com fontes diplomáticas, o governo norte-americano quer que Buenos Aires escolha entre manter sua parceria com a China ou alinhar-se com Washington. É sabido que Javier Milei é admirador ferrenho do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas a Argentina também depende, financeiramente, dos chineses. A pressão começou no início deste mês de maio, com declarações de Maurício Claver-Carone, autoridade da Casa Branca para a América Latina, sugerindo uma ruptura nas relações da Argentina com o gigante asiático. Dias depois, na segunda-feira (14), o secretário do Tesouro, Scott Bessent, reforçou esse posicionamento em visita oficial à capital argentina. Bessent disse que não quer que a Argentina dependa da China e apontou contra o papel do gigante asiático na África – ele disse que os chineses “se apropriaram dos direitos minerais e os deixaram com endividados com ajustes secretos”. A embaixada chinesa em Buenos Aires reagiu com um comunicado, como publicou a agência de notícias Reuters. “Aconselhamos os Estados Unidos a ajustarem sua mentalidade em vez de perderem tempo difamando e atacando a China repetidamente, e interferindo na cooperação exterior entre os países da região”, diz o comunicado, publicado na segunda-feira (14).

      A Argentina recorreu a acordos de swap cambial com a China, que hoje representam uma das principais fontes de alívio financeiro para o governo argentino. A relação entre a China e a América Latina vem se intensificando ao longo dos últimos anos, com Pequim ampliando seus investimentos em infraestrutura, energia, mineração e telecomunicações em diversos países da região. A China já é o principal parceiro comercial de países como Brasil, Chile e Peru, além de manter forte presença diplomática e participar ativamente de fóruns multilaterais latino-americanos. E tem cumprido papel também em Cuba, que vem sofrendo com apagões e a China está construindo parques eólicos, de acordo com informação das agências internacionais de notícias.

      Especialistas veem a tentativa dos EUA como parte de uma disputa geopolítica mais ampla pela influência especialmente no Hemisfério Sul. A expectativa é que a reunião entre Lula, Xi Jinping e líderes da Celac, em maio, seja a oportunidade para intensificar ainda mais a aproximação com a China. Para a Argentina, parece impossível romper com a China. O governo Milei acaba de receber a primeira parcela de um empréstimo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas a Argentina deverá tentar ser equilibrista porque também depende dos chineses – e do Brasil, seu principal parceiro comercial.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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