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Daniel Quoist

Daniel Quoist, 55, é mestre em jornalismo e ativista dos direitos humanos

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Exageros na cerimônia do adeus

No funeral ficou evidente que os filhos mais velhos do presidenciável morto foram instrumentalizados pela máquina marqueteira do PSB

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O oportunismo político mais rasteiro marcou o que deveriam ser as cerimônias fúnebres do presidenciável pernambucano Eduardo Campos, ocorridas neste domingo, 17 de agosto, no Recife.

Boa parte do mau espetáculo partiu do irmão Antonio Campos.

Pouco mais de 24 horas do acidente aéreo em Santos que matou Campos e seus assessores, passou a divulgar nota e a dar entrevistas quase que exigindo que o lugar do irmão seja assumido pela vice Marina Silva e deixando entrever seu real interesse - ser ele próprio o vice de Marina.

Depois, durante o velório do irmão, desatou a dar entrevistas sobre temas políticos imediatos, nem parecia se dar conta que a seu lado jazia o corpo morto de seu único irmão.

Com isso, não admira que Antonio não tenha seguido carreira política - falta-lhe senso político e sobra-lhe excesso de esperteza pessoal.

No funeral ficou evidente que os filhos mais velhos do presidenciável morto foram instrumentalizados pela máquina marqueteira do PSB - a começar pelo uso de camiseta amarela com palavras de ordem evocando o pai e a coreografia ensaiada do alto do corpo de bombeiros, os três sentados, trajados de amarelo e punhos cerrados no alto.

Depois, após a maratona desse show-enterro-comício, ao baixar o caixão na cova, lá estavam eles trajando o famoso chapéu de palha, símbolo vintage das campanhas memoráveis de seu bisavô Miguel Arraes nos anos 1950/1960.

Precisava disso?

Não, não precisava, até porque cerimônia fúnebre tem ritos e regras a ovedecer e tudo remontando a um passsado imemorial, ditado pelo mais singelo senso comum - respeito, dor, reverência, lágrimas, evocação do Sagrado, solenidade própria de rito de passagem final.

Mas no Recife aquela tocante homenagem do povo pernambucano à vibrante memória do jovem e carismático líder morto foi de certa forma conspurcada pelo oportunismo do senador Jarbas Vasconcelos que, sem legitimidade para tal, tendo sido duas vezes derrotado nas urnas por Eduardo Campos, decidiu dar entrevistas rancorosas e mal educadas contra a presença da presidente Dilma Rousseff na despedida a Eduardo Campos.

"Ela não devia estar aqui", dizia ele, cheio de si como sempre e falando como se fosse o dono de Pernambuco.

Não passou pela cabeça de ninguém avivar a memória do vestuto senador que a "intrusa" é simplesmente a presidenciável que tem os mais elevados índices de intenção de voto?

São nada desprezíveis 40% dos pernambucanos que pretendem reeleger Dilma Rousseff em outubro próximo, aliás, índice bem superior à própria marca do pernambucano morto (30%).

Não bastasse isso, a presença da maior autoridade brasileira em uma cerimônia de adeus, a presidente da República e, antes de tudo, uma especialíssima homenagem à família enlutada e depois, uma genuína homenagem ao povo pernambucano que ficou órfã de seu mais amado líder.

Jarbas Vasconcelos perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado e, faria melhor se, ele mesmo, não tivesse ido ao funeral.

O senador não tinha procuração - nem da família nem do povo pernambucano - para vociferar em hora tão inadequada seu exercício de uma política rasteira e mequetrefe.

Quem em Pernambuco desconhece que Jarbas Vascncelos foi por longo tempo desafeto figadal de Eduardo Campos, com diversos vídeos circulando na internet em que o provecto senador só não chama o neto de Arraes de santo?

Afora Antonio Campos, o atilado irmão e Jarbas Vasconcelos, o enfezado político, reparos também devem ser feitos à postura de Marina Silva.

Desde o anúncio da tragédia mostrou recolhimento um tanto forçado. Vazou conversa sua com a verdadeira viúva, essa fortaleza de espírito elevado que é Renata Campos.

Enquanto a viúva Renata chegou ao velório trajando uma roupa floral, clara, Marina Silva surgiu toda de oreto, sinal de fechadíssimo luto.

Não convenceu no papel de viúva-mor da política brasileira. Soou fake demais. E no desenrolar do longo velório, diversas vezes Marina tocando o ataúde do morto sorriu para fotos. E isso é algo que jamais passaria despercebido nesses tempos de redes sociais na internet em contínua ebulição e do hábito das chamadas fotos 'selfies'. Faltou sincero recolhimento a Marina.

O gesto mais bonito: o abraço sentido, sincero, humano que reuniu Lula, Renata e  Miguel, o caçula que a tragédia com Eduardo deixou órfão.

O ex-presidente disparou no choro, Renata também chorou e depois, em um desses momentos sublimes da condição humana, pediu que Lula desse seu colo ao pequenino Miguel Arraes Campos.

E se existe um mundo mais elevado e habitado inteiramente por seres angelicais, poder-se-ia dizer que naqueles instantes, o céu se abriu e nele se viram legiões de anjos com olhos marejados... e sorrindo.

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