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Ivan Salomão

Professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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Existe amor em SP

Ainda que simbólico, façamos dessa eleição municipal um movimento cívico de resistência democrática, levando para o segundo turno da maior cidade do país dois jovens que efetivamente vivem no século XXI

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Apesar de ser 2 anos mais velho do que eu, convivi com Bruno Covas no colégio no final dos anos 1990. Os únicos motivos pelos quais aquele adolescente gordinho, cabeludo e quase sempre vestido com camiseta de banda de rock se destacava eram o bom desempenho escolar e a afabilidade no trato. Fora isso, era um menino anódino: sem graça, sem sal, sem açúcar.

Estou convencido de que Bruno só chegou aonde chegou por ter sido neto de quem foi – este, sim, um homem público maiúsculo. Mas Bruno Covas não faz sombra sequer aos sapatos de seu avô. Incapaz de reunir pessoas, liderar grupos ou inspirar movimentos, não se tem notícia de que tenha concebido uma única ideia original, defendido um único posicionamento altivo ou proposto uma única política inovadora. Sem o sobrenome que ostenta, Bruno Covas não seria eleito nem vogal suplente da associação dos PI³: políticos insípidos, incolores e inodoros.

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O único contato que tive com Celso Russomanno se deu por meio da televisão. Até hoje não perdoo meus pais por terem arriscado a minha higidez mental expondo uma criança a esse tipo de conteúdo impróprio para menores de 45 anos. De toda forma, não me permito dedicar mais do que 8 linhas da minha pena para exprimir o que penso desse cidadão que reúne o que há de mais vil na pior das espécies animais, a dos humanos. Até porque meu repertório lexicográfico é limitado. Mas covarde, despreparado, autoritário, oportunista, demagogo, desprezível e abjeto resumiriam de forma sumarizada alguns dos que acredito serem os seus predicados.

Por meio de amigos em comum, já que temos exatamente a mesma idade e fomos criados em bairros contíguos, estive uma única vez com Guilherme Boulos, também na década de 1990. A única lembrança que tenho daquela tarde de futebol é a de um rapaz magro, articulado, solar. Um pouco exibido, talvez, mas indiscutivelmente carismático, empático, translúcido.

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Filho de 2 médicos e professores da USP, saiu de casa ainda adolescente para se juntar a movimentos sociais que lutam pelos direitos dos desvalidos e subalternizados. Abandonou o conforto da classe média alta para morar, com a sua companheira e as duas filhas, num dos bairros mais pobres e violentos da periferia de São Paulo. Sacrifício em nome de uma causa que, em tese, não era a sua. Se isso não for alteridade, eu não sei o que é. 

E para você que considera suas ideias muito radicais, me permita uma palavra de alento. Eu mesmo não concordo com parte delas. Essas divergências, porém, não me tiram 1 segundo de sono: se eleito, as instituições atuariam no sentido de coibir eventuais excessos, até porque o rol de atuação de um prefeito no Brasil é reconhecidamente limitado. Em condições normais de temperatura e pressão, a realidade se impõe – como se observou em 2002, por exemplo. Para desespero da plutocracia, Lula foi eleito com uma plataforma de forte apelo social; três anos depois, entregou o maior superávit primário já registrado na história estatisticamente documentada do Brasil. (Saudade, né Faria Lima?)

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O momento por que passamos é lúgubre, tétrico, macabro. Particularmente no Brasil, onde bestas-feras armadas até os dentes saíram da jaula e se reproduzem como coelhos. Por isso, gostaria de pedir aos meus conterrâneos paulistanos 2 minutos de ponderação: no segundo turno, não nos submetam à escolha sinistra entre o vácuo contemporâneo e a vanguarda medieval. 

Ainda que simbólico, façamos dessa eleição municipal um movimento cívico de resistência democrática, levando para o segundo turno da maior cidade do país dois jovens que efetivamente vivem no século XXI.

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Dignidade, respeito, justiça, humanidade, esperança. Existe amor em SP. O nome dele é Guilherme Castro Boulos.

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