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Hugo Britto

Engenheiro Cartógrafo e Professor de Matemática, autodidata na política e sociologia. Organizado no PT-PE. Faz parte do FRAMES (Frente Ampla de Esquerda), de ativismo nacional que engloba diversas Redes Sociais.

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Extrema direita brasileira: diferenças e rumos

Quais são as principais lideranças desse degradante campo político?

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

No Brasil contemporâneo virou um jargão da esquerda, tanto da moderada quanto da radical, a palavra extrema direita. No entanto, esse termo geralmente é associado a outro: o bolsonarismo. Porém, será que o bolsonarismo pode ser considerado como extrema direita? Existem outros comportamentos políticos direitistas extremos e quais são as principais lideranças desse degradante campo político? Antes, para que tais questões sejam respondidas de forma embasada se torna necessário a abordagem do conceito: o de extrema direita.

O que pode ser entendido como extrema direita? Podemos interpolar a extrema direita ao fascismo, então, para Paxton: 

“O fascismo é uma forma de comportamento político marcada por uma preocupação obsessiva com a decadência e a humilhação da comunidade, vista como vítima, e por cultos compensatórios da unidade, da energia e da pureza, nas quais um partido de base popular formado por militantes nacionalistas engajados, operando em cooperação desconfortável, mas eficaz com as elites tradicionais, repudia as liberdades democráticas e passa a perseguir objetivos de limpeza étnica e expansão externa por meio de uma violência redentora e sem estar submetido a restrições éticas ou legais de qualquer natureza.” (2007, p. 358-359).

Ainda segundo o Paxton, sobre as paixões mobilizadoras do Fascismo:

“…senso de crise catastrófica; primazia e vitimização do grupo considerado superior que legitima qualquer ação de extermínio do inimigo; defesa de chefes naturais sempre do sexo masculino, defesa da superioridade dos instintos do líder, direito do grupo considerado superior de dominar os demais, sem qualquer restrição de lei humana ou divina.”

Com a definição de Paxton, vem à tona as respostas das questões base deste artigo. Para a primeira parte do questionamento iniciático textual: O Bolsonarismo pode sim ser considerado pertencente ao campo Direitista Extremista, muito próximo do Fascismo, até mesmo fascista. Visto que tal comportamento julga a Esquerda como culpada da decadência do Brasil, para não dizer o PTismo, associando a decadência ao “comunismo”. Também é notório a exacerbada busca pelo patriotismo, fatos que reverberam tal afirmação: a apropriação da Camisa Canarinha, também da Bandeira do Brasil, tal patriotismo que sob o jugo neoliberal acaba sendo uma farsa. Também é fato que além de ser um comportamento político-popular, é elitista e branca, basta uma breve observação nas manifestações “verde amarela” que a maioria dos militantes são brancos e possuem certo nível financeiro além da média nacional. Também há a interferência nos princípios básicos da Democracia, no que se refere à autonomia dos poderes e nos órgãos investigativos e um certo ódio à classe Política. Por último o ódio exterminador, que vem sendo responsável por mortes de Militantes do Campo da Esquerda Moderada, assassinatos de PTistas. Também não é mera coincidência o preenchimento dos requisitos quanto às Paixões que Mobilizam a massa Bolsonarista. 

Todavia, a primeira pergunta não foi respondida completamente, será que existem outros comportamentos populares que podem ser classificados como de extrema direita? Com algumas semelhanças ao Bolsonarismo se destacam: O Morismo e o Cirismo. Assim, o Morismo é um comportamento político que vem sendo construído desde os primórdios lava-jatistas, em 2014, sendo responsável pela propagação do Antipetismo na sociedade Brasileira. Originou-se da Operação Lava-Jato, que com colaboração norte-americana  implementou a Lawfare no Brasil. Através de prisões arbitrárias foi armado um verdadeiro teatro em conjunto com a mídia hegemônica. Os Moristas absorveram tais violências e a fundamentaram, muito próxima do Bolsonarismo, também é elitista e branca, tendo a “corrupção” como válvula motriz Ideológica. Este pode ser considerado um comportamento proto-fascista, por não se enquadrar completamente no Fascismo “Verde e Amarelo”. O Cirismo como expressão popular, teve início nas eleições de 2018, também utiliza o Antipetismo como válvula motriz, tem cunhos nacionalistas e desenvolvimentistas, nostálgico do Getulismo. Na fase inicial tal expressão popular pertencia ao campo político da Esquerda Moderada, hoje, encontra-se em deslocamento e a coordenada, tudo indica, que levará à extrema direita.

Três líderes tomam frente em tais manifestações políticas: Jair Messias Bolsonaro (Bolsonarismo), Sergio Moro (Morismo) e Ciro Gomes (Cirismo). Das lideranças podemos fazer uma analogia com ciclo de vida de uma serpente, a do fascismo. O Moro foi o Ovo que fez com que tal Barbárie viesse eclodir, germinando o Antipetismo. O Bolsonaro é a juventude da Serpente, onde a imaturidade é a principal característica. O Ciro, será o maturar da Serpente? Só o tempo dirá, mas a transição do campo político é evidente, fatos como: entrevistas a canais considerados de direita extrema, além de parcerias nas redes com adeptos do Bolsonarismo corroboram com essa tese. Ter o fascismo como norte pode fazer com que o Ciro se torne, em um futuro próximo, um grande quadro da extrema direita, empurrando o bolsonarismo para a transitoriedade.

Referências:

PAXTON, R. O. A anatomia do fascismo. São Paulo: Paz e Terra, 2007.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.