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Joaquim de Carvalho

Colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa). E-mail: joaquim@brasil247.com.br

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Facada ou fakeada? Sempre que Bolsonaro se afunda no noticiário negativo, a figura de Adélio ressurge

Que me perdoem os mais sensíveis ou coniventes, mas falar do evento de Juiz de Fora do ponto de vista das implicações políticas é jornalisticamente necessário

Jair Bolsonaro e Adélio Bispo (Foto: Reprodução | Ricardo Moraes/Reuters)
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O médico Antônio Macedo, que é oncologista, confirmou nesta quarta-feira que realizará uma nova cirurgia em Jair Bolsonaro, quando o ex-presidente voltar dos Estados Unidos, em viagem prevista para o final deste mês.

A notícia da nova cirurgia foi divulgada ontem pela Folha de S. Paulo, jornal que tem se destacado na defesa da versão oficial do evento de Juiz de Fora em 6 de setembro de 2018, que mudou a história do Brasil.

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No documentário "Bolsonaro e Adélio - Uma fakeada no coração do Brasil", censurada pelo YouTube, registrei que conversei com profissionais da Santa Casa de Juiz de Fora que presenciaram a chegada de Bolsonaro ao hospital, naquele dia.

Eles relataram que Bolsonaro estava com a língua para fora e bastante debilitado.

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O documentário mostrou, no entanto, a inconsistência da versão oficial, segundo a qual Bolsonaro foi vítima de um atentado político por "inconformismo político", o que permitiu seu enquadramento na então vigente Lei de Segurança Nacional e a manutenção do caso na Justiça Federal.

Caso fosse tratado como tentativa de homicídio, Adélio Bispo de Oliveira seria levado ao Tribunal do Júri, caso não prevalecesse a tese defendida pelos seus próprios advogados de que ele seria insano.

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A tipificação de inconformismo político se enfraquece quando se analisa a militância de Adélio na rede social. Entre outras bandeiras da direita, ele defendia a redução da maioridade penal, um projeto do próprio Bolsonaro, e a utilização de militares em políticas públicas como centro educacional e de lazer para jovens.

A investigação da Polícia Federal também não respondeu a uma dúvida inquietante: por que Adélio, três meses antes, fez curso de tiro no .38, e dividiu o mesmo espaço com Carlos Bolsonaro, que era frequentador do clube?

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O inquérito registra a versão de que Adélio, com mania de perseguição, queria aprender técnica para se defender, e o 0.38 era o clube mais perto da casa dele, embora ficasse a mais de 3 quilômetros, e ele nem sequer tinha arma. Teria pago pelo curso o equivalente a três meses do aluguel, em dinheiro vivo.

No dia do evento de Juiz de Fora, um vídeo mostra Adélio tentando, aparentemente, se aproximar de Carlos Bolsonaro, que se tranca no carro quando o vê. Muito estranho. Parece até que se conheciam.

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Para a jornalista Leda Nagle, que é bolsonarista, Carlos disse que se assustou quando viu Adélio se aproximar. Ora, se não se conheciam, por que se assustou? Se não o conhecia e desconfiou que Adélio poderia atacá-lo ou alguém da comitiva de Bolsonaro, o natural é que acionasse um dos muitos seguranças que estavam lá.

Independentemente do que tenha efetivamente ocorrido naquele 6 de setembro em Juiz de Fora, o fato é que a facada (ou suposta facada) teve consequências positivas para a trajetória política de Bolsonaro, não para a saúde. Primeiro porque foi decisivo para sua eleição a presidente.

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O próprio Bolsonaro reconheceu esse fato, ao brincar na época com um churrasqueiro em sua casa. "Se eu lhe desse uma facada, o elegeria presidente da ONU" disse, conforme vídeo divulgado na rede. Registre-se: a ONU tem secretário-geral, não presidente

As consequências da facada ou suposta facada também têm sido providenciais para Bolsonaro tentar afastar o noticiário negativo. Em 9 de janeiro, um dia depois dos atos terroristas em Brasília, Bolsonaro foi internado num hospital em Orlando, EUA, porque estaria com obstrução intestinal.

Agora, ele vaza para a Folha de S. Paulo que, voltando ao Brasil, irá para o hospital Vila Nova Star, em São Paulo, e no dia seguinte Bolsonaro ocupa mais uma vez o noticiário de certa maneira positivamente com as declarações de seu médico.

A reportagem da Folha teve muitos comentários.

A maioria dos leitores relaciona a operação a uma tentativa de desviar o foco da notícias que dão conta de sua responsabilidade pelos atos terroristas e também pelo sofrimento do povo yanomami, que tem características de genocídio, fruto das políticas indi-indigenistas que seu governo praticou.

Que me perdoem os mais sensíveis (ou coniventes), mas falar da facada ou suposta facada, do ponto de vista de suas implicações políticas, é jornalisticamente necessário.

 

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