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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Falta um líder, uma palavra de ordem e povo na rua

"Falta uma palavra de ordem – Democracia Sempre? Democracia Já? Fora Bolsonaro? -, um líder gigante, que Rodrigo Maia não será e povo na rua, quando a epidemia permitir", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

(Foto: Alan Santos - PR)
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Estava demorando, mas finalmente começam a pipocar manifestos da sociedade civil organizada contra a escalada autoritária de Bolsonaro.

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Ontem, os jornalões publicaram um abaixo-assinado sob o título “Somos muitos”, com centenas de nomes de atores, atrizes, cantores, cantoras, pintores, políticos, empresários, jornalistas, advogados de ideologias diferentes, que vão da direita democrática à esquerda, de Lobão a Caetano Veloso, de Luciano Huck a Fernando Haddad que se reúnem no “Movimento Estamos Juntos”.

“Como aconteceu no movimento Diretas Já” diz o texto “é hora de deixar de lado velhas disputas em busca do bem comum. Esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade na economia”.

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Hoje, de novo nos principais jornalões, texto de página inteira com o título “Basta”!, assinada por mais de 600 advogados e juristas, de A a Z diz que “o Brasil, suas instituições, seu povo não podem continuar a ser agredidos por alguém que, ungido democraticamente ao cargo de presidente da República, exerce o nobre mandato que lhe foi conferido para arruinar com os alicerces de nosso sistema democrático, atentando, a um só tempo, contra os Poderes Legislativo e Judiciário, contra o estado de Direito, contra a saúde dos brasileiros”.

“Nós, profissionais do direito, dos mais diferentes matizes políticos e ideológicos, os que vivem a primavera de suas carreiras, os que chegam ao outono de suas vidas profissionais, todos nós acreditamos que é preciso dar um basta a esta noite de terror com que se está pretendendo cobrir este país”, conclui o manifesto.

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Editorial de “O Globo”, de hoje, vai na mesma direção, dizendo que “os democratas precisam conversar”.

Já não era sem tempo, desde o início desse governo os democratas deveriam ter sentado para conversar entre si e enfrentar em bloco os arroubos autoritários de Bolsonaro em vez de dispender energias e provocar fissuras em suas fileiras procurando culpados pela derrota.

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Já sabiam que Bolsonaro queria levar o país à mesma ditadura implantada em 1964 e que só foi derrotada em 1984, quando todos os democratas – de esquerda, de direita e do centro - se uniram contra ela.  

Mas, antes tarde do que nunca. Reeditar as Diretas Já é uma boa ideia. Então vamos lembrar como o movimento nasceu. Quem o criou foram os dez governadores de oposição eleitos em 1982, mais precisamente o governador paulista, Franco Montoro, porque somente eles tinham como bancar uma campanha caríssima, com deslocamentos e comícios em todo o país, que arrastaram multidões.

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Eis a primeira diferença. A Diretas Já foi criada por políticos que não suportavam mais o jugo militar e depois adotada pela sociedade civil, enquanto o movimento atual parte da sociedade civil e tenta conquistar os políticos, que aparecem em pequeno número no “Movimento Estamos Juntos”.

Outra lição de 1984: para ser forte, o movimento tem que ser coeso, amplo e unificado, por isso não é legal um manifesto se chamar “Somos muitos” e outro “Basta”! O ideal seria haver uma palavra de ordem que unisse todos – artistas, jornalistas, políticos, advogados – como foi na Diretas Já. O nome, o símbolo e até a cor não surgiram do nada, foram criadas por um coletivo de talentosos publicitários.

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Mas o elemento mais decisivo para a Diretas Já ter sido o maior movimento cívico do Brasil desde a campanha da abolição da escravatura foi ele ter tido um líder. Um líder gigante chamado Ulysses Guimarães, que tinha, além das características pessoais, muito poder: era o presidente da Câmara dos Deputados.

Sem armas e sem medo, só com a força do povo, Ulysses enfrentou e derrotou o poder armado.

Há quem diga que o movimento fracassou porque a emenda das Diretas Já não vingou no Congresso Nacional, mas o fato é que ele determinou a derrota da ditadura na eleição do Colégio Eleitoral, logo a seguir.

Falta, portanto, uma palavra de ordem – Democracia Sempre? Democracia Já? Fora Bolsonaro? -, um líder gigante, que Rodrigo Maia não será e povo na rua, quando a epidemia permitir.  

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

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