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Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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Farinha do mesmo saco

É hora de dizer claramente à sociedade brasileira quem é quem nesse processo de ataque ao Brasil articulado desde os Estados Unidos

Tarcísio de Freitas (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Este final de semana, um amigo me chamou pelo WhatsApp com uma pergunta bastante provocativa: qual seria uma linha possível de atuação para os próximos movimentos da base social do governo? De pronto, respondi: essa é a pergunta do milhão. Uma questão genial, instigante para o pensamento. E, seguimos na conversa, a desenvolvendo juntos.

Começamos pelo diagnóstico. Primeiro, é importante destacar que hoje é inegável a atuação da família Bolsonaro na articulação da ofensiva do governo norte-americano contra o setor produtivo e os empregos brasileiros - materializada no tarifaço. Até mesmo aliados históricos do bolsonarismo, como o agronegócio, reconhecem isso. É igualmente inegável a participação ativa da família - com o filho 03 como porta-voz - nos ataques norte-americanos à soberania nacional brasileira: exigindo o fim do processo que Jair Bolsonaro responde no STF por tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito e cancelando os vistos de autoridades brasileiras.

Tendo esse elemento como centro da conjuntura, elaboramos o seguinte caminho - que pode ser resumido em uma frase: tirem as máscaras de todos. Ou seja, é hora de dizer claramente à sociedade brasileira quem é quem nesse processo de ataque ao Brasil articulado desde os Estados Unidos. Adversários de ontem, de hoje e, certamente, de amanhã não podem sair ilesos. O desgaste político não pode recair apenas sobre os aloprados: é preciso atingir também aqueles que se beneficiam - e muito - do enfraquecimento político do clã Bolsonaro.

Isso significa sugerir à base social do governo que coloque no mesmo saco - porque de fato pertencem a ele - todos os atores políticos que caminharam de mãos dadas com o bolsonarismo e que, diante do momento de verdadeira união nacional contra inimigos internos e externos do Brasil, optaram por não se diferenciar do espectro golpista.

Listamos alguns exemplos que ilustram bem essa linha de ação: Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo; Ratinho Junior, do Paraná; Ronaldo Caiado, de Goiás; Romeu Zema, governador de Minas; Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul; e Ciro Gomes,  “ex-ummontedecoisas”. Esses nomes ficaram tergiversando, fugindo do essencial, tentando confundir em vez de esclarecer. Passaram pano para criminosos lesa-pátria, com o claro objetivo de recepcionar os votos do eleitorado mais fiel ao bolsonarismo. Por isso, precisam ser apresentados como cúmplices, coniventes, complacentes, tolerantes, permissivos - em suma, sócios de um projeto político e de poder.

Concluímos, portanto, depois de uma boa conversa, que cabe à base social do governo nominar todos os representantes desse movimento. Apontá-los com clareza como inimigos do Brasil. Porque, como diz o ditado: quem cala, consente. Quem não se levanta contra, aprova. E quem se omite, corrobora. Não daria, dentro de uma estratégia de enfrentamento para o próximo ano, permitir que adversários em potencial se finjam de mortos hoje para colher os frutos políticos depois.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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