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André Barroso

Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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Fascismo e cultura

A destruição, não só da cultura ditas de esquerda, mas é a destruição da cultura como um todo. A versão brasileira fecha as portas para todas as manifestações que imputam como marxistas, ampliando o grupo aos liberais e a instituições

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A secretaria de cultura, que esta ferindo regras de liberdade de expressão e laicidade do Estado no caso do festival de jazz na Bahia, citou até Bach para defender seu argumento de fazer uma escolha ideológica de patrocínio. Levou até o Paulo Coelho a apoiar pessoalmente o evento. Falar que a cultura deve servir a Deus também é um indicador preocupante. Mas o que significa um fascismo na cultura? O Fascismo, não é só a ideia de concentração do poder na mão de um líder e o uso da violência, mas falar apenas com sua massa e controlar a cultura para inibir o contraditório. Para isso acontecer, houve um pacto com as elites que sempre é feito, desde os tempos anteriores a segunda grande guerra. 

A negociação com as elites é importante e serve a dois propósitos: Estabilidade política, pois nunca tem a maioria parlamentar para governar direito e atender ao grupo de apoio que está sempre ligado as temáticas morais. O trabalho de Emílio Gentile, historiador italiano especializado na cultura do fascismo, sobre as raízes culturais da Alemanha Nazista, mostra os aspectos simbólicos utilizados na chamada “sacralização da política”. A ligação direta com a fé e de como ela deve propagar direto em todos os setores é fundamental para esse regime ganhar apoio e se fundamentar na política. A fé no Estado era no período da segunda guerra e até hoje, assegurada pela liturgia de massa para educar a população e ao mesmo tempo transmitir uma grande moralidade. A imagem do fascismo como religião moldou as características do regime sempre dando ênfase a valores como fé, crença e obediência.

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Por isso temos o termo “terrivelmente evangélico” sempre à tona. A culpa não é da religião evangélica, que possuem grandes representantes que se preocupam com os oprimidos como o pastor Henrique Vieira. A culpa é dos gestores dentro deste regime que querem um novo homem, uma nova mulher, um novo ethos e uma nova cultura. Assim, o fascismo emerge nos tempos atuais  quando a democracia na visão desta mesma elite falha. O liberalismo divide essas identidades individuais e coletivas em sujeitos públicos e privadas. Logo, o Fascismo teve o Liberalismo como berço. Argumentam que a democracia era uma ilusão e que as desigualdades sociais faziam parte de uma ordem natural. Para ele, a pergunta  era: como agiam os governantes? Por esta razão, pregam uma redução do Estado e que é o conceito d o regime de Benito Mussolini como um modo para chegar ao Estado mínimo no futuro.

Festivais livres de música lembram para os fascistas os festivais e espetáculos de massas celebrados pela Rússia revolucionária nos anos de 1920 e seu impacto sobre a memória da revolução que ajudaram a preencher o vazio no debate público e permitiram a estabilização da revolução bolchevique na antiga U.R.S.S. Paul Connerton, antropólogo social britânico, dizia que “todos os inícios contêm um elemento de memória”. O que leva a esses grupos fascistas a lembrarem sempre da sombra “comunista” e que o inimigo está sempre pronto a comer criancinhas no café da manhã. 

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A destruição, não só da cultura ditas de esquerda, mas é a destruição da cultura como um todo. A versão brasileira fecha as portas para todas as manifestações que imputam como marxistas, ampliando o grupo aos liberais e a instituições. E o controle a cultura é importante nos regimes autoritários, afinal, no golpe de 2016, a primeira medida de Temer foi acabar com a cultura. Sempre a cultura é fragilizada em regimes autoritários ou cooptada para trabalharem a favor de suas necessidades como no caso americano no Motion Picture Alliance for the Preservation of American Ideals, que tinham normas claras para se produzir um filme hollywoodiano como não falar mal da busca do lucro e não exaltar os pobres. Não é a toa que muitos fascistas odeiam o sucesso de um filme como Cidade de Deus.

Mas é fácil identificar as mãos do autoritarismo na cultura, afinal quando os ímpios governam, o povo geme.

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