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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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Fé e segurança no voto

Avaliações sociológicas precisam ser feitas – enquanto ainda permitido – para traçar correlações entre demandas e voto. Que o sufrágio não seja baseado no discurso de ódio e na perda dos valores de solidariedade, que propugnam que pobre é vagabundo, preto é bandido e quem questiona isso tudo é comunista

Fé e segurança no voto (Foto: ABR)
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O primeiro turno das eleições deixou clara a manifestação do eleitor, com 94 milhões de votos concentrados em três candidatos, do total de 13 postulantes ao cargo de presidente da República. Por outro lado, a mesma concentração não foi refletida na composição dos parlamentos, com pulverização recorde entre os 35 partidos existentes.

Dos maiores partidos que protagonizaram as eleições anteriores, apenas o PT manteve capilaridade para compor os parlamentos com sucesso, mantendo-se como o detentor da maior bancada na Câmara dos Deputados, como já é hoje. No entanto, o número de deputados eleitos pelo PT caiu apenas 9%, um valor baixo, haja vista o propalado tsunami dos partidos conservadores, como o PSL. Esse partido conseguiu eleger mais de um dos chamados puxadores de votos em várias unidades da União (São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo), em ação combinada para os cargos majoritários. Como estratégia, as redes sociais foram determinantes para o PSL e os grupos de Whatsapp viraram púlpito e confessionário político. Sim, a influência religiosa já vinha sendo verificada por pronunciamentos de seus líderes e foi levada a cabo na pregação digital. O Grande Irmão orwelliano migrou da tv para a internet.

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Para presidente, em números redondos, Jair Bolsonaro obteve 49,3 milhões de votos, enquanto Fernando Haddad, 31,3 milhões. É uma relação de aproximadamente 1,6 entre os dois valores. Análises foram feitas quanto à distribuição desses votos por região e nos redutos de cada candidato e partido. Se forem avaliados apenas as capitais dos estados e o DF, essa relação de votos sobe para 2,4; retirando-se as capitais do cômputo total, a relação cai de 1,6 para 1,4, sendo esta a proporção de votos nas cidades do interior. Continuando as contas, retirando as cidades mais populosas, o número vai sempre caindo, tendendo a 1,0. Por exemplo, sem as cidades com até 800 mil habitantes, a relação cai 5%. Interessante que a queda não depende, no geral, da região analisada, apenas do porte do município. É um reflexo de que não apenas as regiões do País possuem demandas distintas, mas também é a complexidade urbanística do município que determina o que é prioritário na decisão do voto. Tendo em vista que o líder do primeiro turno faz um discurso baseado na revogação do estatuto do desarmamento, facilitando o porte de armas de fogo, conclui-se ser, nesses municípios, prioritária a questão da defesa pessoal substituindo a segurança pública.

Ou seja, grosso modo, cidades maiores e integradas a áreas metropolitanas veem na segurança o maior problema da vida urbana e elegem o discurso da defesa pessoal como solução. Curioso que, se estar armado aumentasse a chance de sair vitorioso em um enfrentamento com um assaltante, não morreriam tantos policiais no País. Mas lógica e ciência são o que menos importam na decisão do voto.

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Avaliações sociológicas precisam ser feitas – enquanto ainda permitido – para traçar correlações entre demandas e voto. Que o sufrágio não seja baseado no discurso de ódio e na perda dos valores de solidariedade, que propugnam que pobre é vagabundo, preto é bandido e quem questiona isso tudo é comunista.

 

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