Feder na educação paulista

Educação é algo que acontece dentro do indivíduo. Os mecanismos pelos quais conseguimos aprender são ainda objeto de muita investigação, o que leva a estratégias e métodos bem distintos para promover a melhor relação ensino-aprendizagem. O sistema educacional como um todo é constantemente alterado visando uma adequação a novas teorias, mas também a políticas que nem sempre seguem a lógica do conhecimento, atendo-se a interesses econômicos ou outros alheios à escola.

Aprender é libertador. Aprende-se por imitação e repetição. Acompanhar exemplos e modelos que dão certo é uma boa prática, que não está sendo seguida em terras paulistas. No mais, vemos que há distinção entre o que se recomenda para a educação pública, com restrições a ferramentas e instrumentos de aprendizagem, e aquilo que é fartamente colocado à disposição da escola privada.

Feder na educação paulista ia cheirar mal, já sabíamos disso pelo exemplo do estado vizinho. A queima virtual e real dos livros didáticos é uma faceta aprimorada e atualizada da prática nazifascista de quase um século atrás. Porém, não adianta argumentar com o governador fluminense e mostrar exemplos do que acontece mundo afora, em que o livro impresso é a melhor ferramenta educacional, especialmente nos anos de formação básica, coincidentes com a adolescência.

Apoio integralmente a defesa intransigente do livro, especialmente o didático. Note-se que a estapafúrdia medida não é a substituição de livros impressos por digitais, mas sim sua abolição, remendada agora com a possibilidade de “impressão dos slides”. Há que se considerar também a proximidade do secretário com empresas de tecnologia digital que mantêm contrato com o governo. Infelizmente, os apelos para um mínimo de racionalidade não serão ouvidos, dada a brutalidade com que as questões que envolvem gente estão sendo conduzidas aqui.