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Igor Felippe Santos

Igor Felippe é jornalista e atua em movimentos sociais

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Felipão ganhar mais do que técnico da Alemanha é retrato do Brasil

Mas técnico brasileiro não tem culpa no cartório por situação de desigualdade, que tem raízes históricas no processo político e social

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O técnico da seleção brasileira, Luis Felipe Scolari, é um treinador vencedor e tem um currículo que faz dele um dos profissionais mais valorizados do futebol internacional.

A carreira de sucesso começou quando levou o Criciúma, de Santa Catarina, à conquista da Copa do Brasil, em 1991. A partir daí, o céu parecia o limite para o técnico.

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Felipão ganhou a Copa do Mundo de 2002. Venceu também a Copa das Confederações de 2013. Em clubes, treinou o Grêmio e o Palmeiras, conquistando por cada um deles uma Taça Libertadores da América.

Com esse currículo, teve a oportunidade de trabalhar fora do país. Comandou o clube inglês Chelsea e a seleção de Portugal. Não ganhou títulos.

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Apesar do estilo de jogo defensivo e do futebol feio, ele é o técnico de mais sucesso da história recente do país.

Felipão nasceu em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. É brasileiro.

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O Brasil é um país que, no processo histórico de desenvolvimento, não conseguiu se livrar das amarras da economia dependente do capitalismo internacional, não consolidou uma democracia profunda com participação da população nas grandes decisões, não universalizou a educação em todos os níveis nem democratizou o acesso à terra.

Com isso, o nosso país tem um estrutura social marcada por uma profunda desigualdade. Os processos de mudança social se deram a partir de acordos de frações da classe dominante, que impediram toda e qualquer ruptura. Os ricos são muito ricos e, os pobres, muito pobres.

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Vinte mil famílias controlam quatro quintos da riqueza no Brasil, de acordo com o economista Márcio Pochmann (leia mais aqui).

Nos últimos 12 anos, a vida dos mais pobres melhorou, com as políticas de crescimento da economia, criação de empregos e valorização do salário mínimo, além das políticas sociais.

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No entanto, não foram tomadas medidas estruturais para tirar de quem tem muito para distribuir para quem tem pouco. Não houve uma reforma tributária progressiva, para taxar renda, lucro, propriedade e capital.

Tanto que uma pessoa ficou milionária a cada 27 minutos em 2013. Foram novos 271 milionários por dia, de acordo com estudo do especialista em mercado de luxo Claudio Diniz. Até 2017, o Brasil terá 817 mil milionários.

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A classe dominante não admite mudanças nessa área. É só observar a reação quando o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, tentou aplicar algum nível de progressividade na cobrança do IPTU no ano passado.

E o que o técnico da seleção brasileira de futebol tem a ver com isso?

Felipão é o técnico da Copa com maior salário entre os países que chegaram às quartas-de-final, à frente dos treinadores de Alemanha e França.

Qualquer país capitalista é desigual por ter um modelo econômico baseado na separação daqueles que têm meios de produção e aqueles que vendem a sua força de trabalho.

No entanto, os países do centro do capitalismo passaram por rupturas, consolidaram direitos e alcançaram um nível civilizatório que colocou limites para a desigualdade social.

No Brasil, isso nunca aconteceu.

O país que comemora que 40 milhões de pessoas saíram da pobreza e entraram na tal "nova classe média" (ou seja, alcançaram uma renda até 1500 reais) tem o técnico da Copa do Mundo mais bem pago, com 750 mil reais por mês.

Felipão tem seu valor e não tem culpa no cartório por essa situação, que tem raízes históricas no processo político e social, mas é retrato de uma sociedade profundamente marcada pela desigualdade.

Abaixo, a lista dos técnicos mais bem pagos das quartas-de-final da Copa:

1-Luiz Felipe Scolari (Brasil) – R$ 8,8 milhões

2-Joachim Low (Alemanha) – R$ 8 milhões

3-Louis van Gaal (Holanda) – R$ 6,1 milhões

4-Didier Deschamps (França) – R$ 4,8 milhões

5-José Pekerman (Colômbia) – R$ 3,7 milhões

6-Marc Wilmots (Bélgica) – R$ 1,9 milhão

7-Alejandro Sabella (Argentina) – R$ 1,8 milhão

8-Jorge Luis Pinto (Costa Rica) – R$ 985 mil

Fonte: Coluna de José Roberto Mali, na ESPN Brasil

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