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Alex Saratt

Alex Saratt, professor de História nas redes públicas municipal e estadual em Taquara/RS e dirigente sindical do Cpers/Sindicato.

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Felipe Neto: a reação da esquerda diz muito de como chegamos até aqui

Certas descomposturas e despropósitos são indiciárias de como e por que chegamos nesse grau de isolamento e impotência. E diz tanto sobre como o extremismo de direita galgou degraus com tamanha facilidade

(Foto: Divulgação)
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Desde 2013 a vida tem sido dura para o conjunto das Esquerdas. A que ocupava parcela do poder graças ao mando presidencial viu sua expressão e influência ser corroída pela guerra híbrida lançada pela Direita. A que fazia “oposição de Esquerda” não teve melhor sorte, ficando restringida a nichos e guetos. Mesmo a vitória eleitoral em 2014 – espécie de “último suspiro” – se deu “aos 45 do 2º tempo” e não formou condições políticas, sociais e econômicas para dar novo fôlego ao ciclo progressista aberto com a eleição de Luís Inácio Lula da Silva no pleito de 2002.

Apesar dos sinais evidentes de desgaste e esgotamento tanto da experiência democrático-popular quanto do próprio contrato social da “Nova República”, as Esquerdas – menos por ignorância, mais por impotência – não foram capazes de se desenredar dos liames que as amarravam e condicionadas pelos lances da ofensiva em toda linha da Direita (inclusive com sabotagem econômica e farto uso das mídias) capitulou frente ao movimento golpista.

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Os desdobramentos seguintes não foram melhores, desde a reatividade insuficiente para derrotar Temer, passando pela completa fraqueza para evitar a condenação e prisão de Lula e chegando ao ápice (naquele período) de não viabilizar uma unidade mínima e ser vencida pelo surpreendente outsider Jair Bolsonaro.

A vida seguiu difícil e maleva com as Esquerdas após a posse presidencial. Mesmo num quadro de grave crise econômica e impacto social trágico, não mostrou-se capaz de recobrar forças e autoridade para pôr o povo em luta contra o fracasso do Governo. A morte anunciada com o aparecimento de uma pandemia também não fez com que as Esquerdas se unificassem e desempenhassem um papel protagonista.

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Apesar dos pesares, a realidade mostrou que abria-se uma brecha no terreno político e social. Na Política, a ruptura parcial de segmentos da Direita com o Bolsonarismo anunciavam um cenário inédito e impensável. No seio da sociedade, personalidades e lideranças chocadas com as incontinências verbais e indigências mentais emanadas do Presidente e seus subalternos provocou uma debandada de muitos que até então haviam empenhado seu prestígio pessoal a favor do impeachment, contra o petismo e mesmo pela candidatura de B17.

Me detenho no segundo caso por motivos pedagógicos e também porque o primeiro item contém grau de complexidade muito maior e mais delicado. Os que desertam das hostes reacionárias e percebem o terrível erro que cometeram tem sido não raro hostilizados por quem deveria saudar tal atitude.

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A autocrítica, recorrente requisito às Esquerdas e por vezes negadas com veemência, parece interditada aos que queiram contribuir para reverter o contínuo processo de fascistização da vida. O caso do youtuber e digital influencer Felipe Neto é digno de nota e, porque não dizer, de solidariedade. Migrando de posições retrógradas e deletérias, o jovem comunicador social contabiliza hoje para o campo da Democracia e Liberdade.

O que faz parte da Esquerda? Enxota o sujeito, lhe impinge todos os males e culpas do momento e, sendo otimista, o coloca no colo da Direita “moderada”, impossibilitando que este discuta com seu público a partir de perspectivas mais avançadas, ou seja, vinculadas ao que pensa e propõe a Esquerda.

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Tremendo erro e desperdício. Postura de quem se basta em si mesmo e acredita em soluções milagrosas e idílicas. Não estamos tratando de formulações de vanguarda, mas de interação com as massas desafeitas aos nossos discursos porque condicionadas pela esmagadora mensagem midiática que nos é contrária.

O rapaz não será a “salvação da lavoura”, com certeza. Mas acolhê-lo e abrigá-lo sob esse guarda-chuva (ou melhor, escudo) democrático é preferível a vê-lo perdido no pântano do liberalismo. Ciro Gomes – de modo muy inoportuno – prestou-lhe guarida. Agiu bem. Talvez o segmento mais à esquerda devesse tomá-lo como aliado, também faria bem se o fizesse com Lima Duarte e até Lobão. Certas descomposturas e despropósitos são indiciárias de como e por que chegamos nesse grau de isolamento e impotência. E diz tanto sobre como o extremismo de direita galgou degraus com tamanha facilidade. Saudemos cada lasca no edifício autoritário, a Democracia agradece e a luta se fortalece.

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