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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Feliz aniversário, Sérgio Moro!

"Moro precisa pensar em quantos engenheiros, técnicos, e demais funcionários foram demitidos e jogados no desemprego por sua sanha e volúpia por manchetes na mídia", escreve a jornalista Denise Assis

(Foto: Marcelo Camargo - ABR)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Hoje é aniversário do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Desejo a ele muitos anos de vida. Sim. Ele precisa ter tempo para meditar e, se tiver um único resquício de sentimento humano dentro daquele corpo, que ele viva o suficiente para em algum momento se arrepender de todo o mal que fez a este país.

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Precisa, por exemplo, explicar, por que não puniu de forma exemplar os diretores da Petrobras, deixando de pé a empresa de maior valor para o nosso povo, construída ao longo de anos, com o sacrifício de inúmeros brasileiros que dedicaram horas estudando para que nós fôssemos os detentores da tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas.

Ele precisa esclarecer para a opinião pública – já que não o fez para a sua consciência -, por que prendeu e apurou que Renato Duque, Jorge Zelada, Paulo Roberto Costa, (o todo poderoso diretor de abastecimento), foram confessadamente culpados e condenados e hoje cumprem penas em seus condomínios de luxo, de muitos metros quadrados, com piscinas, salas de ginástica e tudo o que os seus salários milionários puderam comprar.  (Mas não lhes pareceu suficiente). Hoje, nos igualamos a eles na “prisão domiciliar” (confinados pela pandemia), mas não no luxo que os cerca.

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Ele precisa pensar em quantos engenheiros, técnicos, e demais funcionários foram demitidos e jogados no desemprego por sua sanha e volúpia por manchetes na mídia. Todo o nosso parque de grandes empreiteiras foi destruído por suas operações espetaculares e espetaculosas. Essas pessoas demitidas estão em casa, assistindo os comentaristas econômicos repassar para eles a notícia de que, esta ociosidade, dificilmente será revertida nos próximos três anos. Afinal, A taxa de desemprego no país subiu para 12,6% no trimestre encerrado em abril deste ano, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Sérgio Moro precisa saber que em milhares de lares deste país, antes mesmo de chorar pelas vítimas da pandemia que esse governo permitiu,  se alastrasse, o que ramificou mesmo foram as quebradeiras de empresas médias, fornecedoras de serviços e equipamentos para as grandes empreiteiras que ele levou à falência. Não era para apurar os desmandos dos seus donos? Era, sim. Mas que deixasse as empresas funcionando, nas mãos dos herdeiros, ou da alta direção, tocando as atividades e preservando empregos. Há uma cadeia de pequenos e médios empresários ligadas às naves/mãe das grandes empresas, Sérgio Moro. Isto você aprenderia se tivesse estudado, mas você preferiu empurrar com a barriga a “especialização” exclusivamente em sua área, se é que se dedicou o suficiente, pois nem prestar o exame da Ordem dos Advogados do Brasil você quis. Talvez para evitar o vexame de ser reprovado.

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Tenha longos anos pela frente, Sérgio Moro, para se arrepender de ter sido o instrumento dos arquitetos do golpe. Eles se aliaram ao seu grupo de “procuradores” e tanto procuraram até encontrar a beira do buraco em que jogaram o país. Não coloquem a culpa na pandemia. A incompetência do governo em coordenar o combate ao vírus – que nos trouxe aos mais de 90m mil mortos -, foi antecedida pela incapacidade de reerguer a economia, atingida pela total destruição de suas principais empresas, como as do ramo de frigoríficos, que você também arrasou, com seus shows. Bastava uma pitada de Keynes. Mas o ministro Paulo Guedes quer ver o diabo, mas não quer encarar um livro dele, cuja obra diz ter lido três vezes.

Este é um discurso pela impunidade? Não, Sérgio Moro. É contra a injustiça, a parcialidade. Quando alguém vai para a televisão e diz que queria levar às cordas o acusado do processo em que atua como juiz, está confessando um crime. Um desvio de função. O seu papel, Sérgio Moro, não era o de nocautear o “adversário”. Era o de julgá-lo com a imparcialidade que você jogou fora quando entrou naquela sala e escolheu quem iria interrogar, e de que maneira o seu prisioneiro deveria ser inquirido.

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Pense naquela mulher que tomava conta de um sítio e foi conduzida a um interrogatório na frente do seu filho de oito anos – ele também questionado – sobre atividades tão distantes dela quanto a Nova Iorque que você se deliciava em visitar. Pense no trauma desse garoto que talvez tivesse sonhos de ser um juiz quando crescesse. Você pode ter destruído também esse futuro.

Relembre o desconforto de D. Marisa, aquela a quem a procuradora de sua equipe desejou servir carne salgada para matá-la com um pico de pressão. Pense na possível má vontade despertada na equipe médica que atendeu o neto “daquele ladrão”… Atine, Moro, para o tamanho da dor daquele homem, isolado numa torre – tal qual o homem da máscara de ferro -, deitando lágrimas pela perda do irmão, de quem não pôde se despedir…

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Mas sabe o que é pior, Sérgio Moro? É que para 2022, vão embalar você em uma roupagem reluzente e vendê-lo como a última bolacha do pacote. Você vai acreditar, e mesmo os atingidos por seus atos vão embarcar nesta fábula, que aquele canal de TV já começou a produzir, tal como o seriado onde você aparecia como o herói. Conte, porém, com o seguinte. Enquanto houver forças, pregaremos ao Brasil Real, de que nos falava Ariano Suassuna, para desmontar a farsa do Brasil oficial que você pensou nos vender. Ah! não se esqueça também de tirar um tempo para reler as matérias sobre a morte do ex-ministro Teori Zavascki. Feliz aniversário!

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