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Roberto Ponciano

Escritor, mestre em Filosofia e Letras, especialista em Economia. Doutorando em Literatura Comparada

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Feliz solstício de verão a todos ou, se eu fosse cristão

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Que tragédia foi esta que se abateu sobre todos nós? 

Consecutivamente e ao mesmo tempo, um golpe contra um governo anti-imperialista e contra uma mulher honesta e lutadora, um governo fascista e uma pandemia. 

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Ninguém está bem, e para piorar, com mais da metade da população brasileira fora do mercado de trabalho, junta-se a miséria, a volta da fome e a solidão a que todos foram submetidos por conta do Covid: ou estamos desempregados, necessitados; ou estamos doentes da alma, com tamanha covardia deste governo e insensibilidade social.

Este não é um texto teórico, como escrevo colunas esporadicamente, no melhor estilo Caymmi, para o 247, escrevo este texto, em forma de abraço, para que resistamos e sobrevivamos, para poder reconstruir o Brasil. 

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Bolsonaro quer nos exterminar, nossa tarefa agora é sobreviver. Resistir à Covid, resistir ao fascismo, para assim que possamos sair, possamos voltar às ruas e recuperarmos a real democracia no Brasil e colocar o país de volta a um projeto de desenvolvimento autônomo nacional, com uma pauta mais corajosa e avançada: uma reforma agrária que nos tire do latifúndio agro assassino, a reestatização das nossas empresas roubadas por governos apátridas e doadas ao capital nacional, a recuperação dos direitos dos trabalhadores, taxação das grandes fortunas. 

Não bastava apenas voltar ao Governo, temos que ter um projeto de país menos tíbio e condescendente com as elites. Não podemos ser a esquerda “civilizada” que a direita ama, mas temos que voltar a ser a esquerda libertária e revolucionária que as elites temem.

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Assim, este texto é o abraço possível nesta época de festas. Não sou cristão, efetivamente vivo num país de maioria cristã e sei da memória afetiva e do inconsciente coletivo das reuniões de fim de ano, aliás, como todo mundo tenho belas lembranças destas datas, crendo ou não na mesma religião. Óbvio que muitos baixaram a guarda contra o Covid e se aglomerarão nesta data, o que vai contra os princípios do próprio cristianismo que se prega nesta data, haja vista que em lugar de solidariedade e fraternidade, aglomerar pessoas agora é expor as pessoas mais vulneráveis das nossas famílias a uma morte horrível. Desculpem se estou sendo cru e direto, mas é isto, não há nenhum sentimento fraternal em se aglomerar agora e expormos uns aos outros ao contágio de uma doença para a qual o governo brasileiro virou às costas e que virou uma grande catástrofes e genocídio. 

Não ajudemos este fascista em seu intento de matar mais e mais pessoas.

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Não sou cristão, mas, como existencialista ateu, sou capaz de entender e gostar dos evangelhos (como se diz na piada, Jesus é até um cara legal, o problema são os seguidores dele), mesmo tendo dúvidas inclusive da existência do Cristo histórico. Se como metáfora, arquétipo, devemos entender dialeticamente ao inverso a famosa e mal pronunciada frase de Marx sobre a religião ser o ópio do povo, o ópio é necessário diante de tanta dor e caos, assim, pode a religião ser uma mentira, mas os sentimentos de solidariedade, fraternidade, cuidado, preocupação igualdade, irmandade, entre todos os seres humanos, são os mesmos sentimentos que nós, comunistas, pregamos. 

Não é difícil pregar um Cristo comunista lendo até desatentamente o evangelho, como mito de esperança numa humanidade menos cruel, Jesus inspira a esperança. Mal usado, pode inspirar também a servidão e a espera pelo paraíso no outro mundo. A Teologia da Libertação mostrou que ele pode ser ideologia de construção deste paraíso na terra, independente das crenças dos demais. 

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Um ateu pode ser mais cristão do que um devoto, se o evangelho for palavra viva e luta contra a opressão. 

Se eu fosse cristão este seria o evangelho que pregaria, por isto tenho a facilidade de dialogar com Cristãos que pregam o evangelho a partir da ideia da igualdade, não por outra razão Alan Badiou, um ateu, apregoa que a ideia da igualdade, ainda que a partir de um mundo espiritual, tomou forma nas seitas heréticas e nas revoltas populares contra a opressão na idade média, a partir da leitura dos evangelhos. Esta interpretação rebelde é fundamental, quando no nosso país alguns pastores, que deixaram de ser pastores e viraram líderes fascistas, tornam Jesus Cristo um membro da Ku Klux Klan, e utilizam uma leitura anacrônica do velho testamento para perseguir os gays, justificar o racismo e o anticomunismo, pregar a submissão das mulheres e a repressão sexual.

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Leitura de qualquer texto, sacro ou não, é sempre interpretação. Há quem pregue o fascismo em nome da bíblia, há quem pregue a libertação.

Para mim, que sou ateu, o solstício de inverno do hemisfério norte (verão aqui), que foi fixado aleatoriamente como data do nascimento de Jesus, tem o significado histórico de festa, congraçamento, dança, coletividade.

Nesta data deixo meu abraço camarada e comunista a todos, ateus, cristãos candomblecistas, umbandistas, muçulmanos, budistas, hinduístas pouco importa.

Neste texto que abraça, no fundo, quero apenas dizer, que, se eu fosse Cristão eu aproveitaria o natal para refletir no que o filósofo Jesus pregou, veria como as palavras dele tem pouco ou nada que ver com o que prega esta multidão de fascistas organizadas sobre o mando de Jair Bolsonaro, que querem exterminar a diferença, a singularidade, o amor, o sonho, a poesia.

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