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Luis Felipe Miguel

Professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB). Os textos reproduzidos nesta coluna são postados originalmente no Facebook do autor

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Fidel deixa uma marca profunda na História

"Se manter uma revolução vitoriosa é tarefa muito mais difícil do que fazer uma revolução triunfar, como de fato é, então podemos dizer que Fidel foi mais herói do que o próprio Che", diz o cientista político Luis Felipe Miguel, professor da Universidade de Brasília; "Mas o exercício do poder coloca desafios muito maiores do que a contestação do poder. Fidel os enfrentou, nem sempre da forma que gostaríamos, e deixou uma marca profunda na história do seu tempo"

"Se manter uma revolução vitoriosa é tarefa muito mais difícil do que fazer uma revolução triunfar, como de fato é, então podemos dizer que Fidel foi mais herói do que o próprio Che", diz o cientista político Luis Felipe Miguel, professor da Universidade de Brasília; "Mas o exercício do poder coloca desafios muito maiores do que a contestação do poder. Fidel os enfrentou, nem sempre da forma que gostaríamos, e deixou uma marca profunda na história do seu tempo" (Foto: Luis Felipe Miguel)
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"A história me absolverá", disse Fidel Castro em seu famoso discurso, quando estava sendo julgado por sua primeira e frustrada tentativa de promover uma revolução em Cuba. Mas, em geral, a história promove julgamentos mais complexos do que a simples absolvição ou condenação - e creio que será assim também no caso de Fidel.

A Revolução Cubana teve uma importância incrível para todos os povos submetidos ao imperialismo. Foi a demonstração de que era possível lutar, que era possível vencer e que era possível resistir, mesmo com o implacável cerco estadunidense. Cuba, em seguida, demonstrou que também era possível construir uma sociedade que desse condições materiais mais dignas a todas as pessoas, mesmo num país pobre. Fidel foi protagonista disso tudo.

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Mas foi protagonista também da edificação de um regime autoritário, intolerante com o dissenso, em que a participação popular foi transformada em encenação, em que o poder se personalizou. Se o isolamento a que a ilha foi submetida não contribuiu para a construção de uma sociedade mais democrática, por outro lado não dá para simplesmente jogar tudo em suas costas. O governo cubano optou por menos democracia e liberdade, mesmo quando podia ter optado por mais. A partir de certo momento, ficou claro que Cuba não servia de modelo para uma esquerda renovada. Para muita gente, a questão foi ser capaz de manter a solidariedade a Cuba, diante do embargo, e de reconhecer os avanços em campos como educação e saúde, sem com isso abrir mão da crítica em questões como direitos humanos e liberdades cidadãs.

Fidel participou dos acertos e dos erros; entre os erros, tanto dos que foram fruto de decisões incorretas quanto dos que indicaram a adesão a valores indefensáveis. O julgamento da história é mais complexo por sua longa e produtiva vida. 

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Se manter uma revolução vitoriosa é tarefa muito mais difícil do que fazer uma revolução triunfar, como de fato é, então podemos dizer que Fidel foi mais herói do que o próprio Che. Mas o exercício do poder coloca desafios muito maiores do que a contestação do poder. Fidel os enfrentou, nem sempre da forma que gostaríamos, e deixou uma marca profunda na história do seu tempo.

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