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Valéria Guerra Reiter

Escritora, historiadora, atriz, diretora teatral, professora e colunista

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Fisiologia política crônica

A engrenagem política e institucional que perpetua desigualdades, adia direitos e transforma justiça social em promessa permanente

Câ,ara dos Deputados, congresso Nacional (Foto: agência Brasil)

A vida atribulada de uma população nada feliz — que é anestesiada por um crônico sistema de pão e circo — cujo fator político, nas três esferas, é preponderantemente opressor/controlador: estatisticamente não melhora.

O rolo compressor imperialista não mede esforços para continuar ativo no jogo da espoliação, que mantém a vassalagem, recrutando servos.

A história das leis é litúrgica à suserania e de alto controle vigilante e punitivo aos seus súditos. Vejamos o caso a seguir: “O julgamento virtual no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a incidência do piso nacional do magistério (Lei nº 11.738) nos planos de carreira dos profissionais do magistério (julgamento do Tema 1218) foi iniciado no dia 12, com o voto do ministro-relator Cristiano Zanin. Após a publicação do voto do relator, o julgamento foi suspenso com um pedido de vista do ministro Dias Toffoli. Pelo regimento do STF, o pedido de vista pode durar até 90 dias”.

A classe que deveria ser meritoriamente bem remunerada e respeitada padece do descaso do poder público.

A boa filosofia doutrinal dos partidos políticos, por exemplo, acaba sendo apenas retórica de palanque; pois, quando assume pessoalmente o cargo, decreta leis a posteriori que normalmente ferem o mais vulnerável. A tendência dos ismos politiqueiros é manter sua estrutura secular de sempre em relação (especialmente) à segurança, à educação e à saúde de nossa população. Pátria, família e liberdade, lema do bolsonarismo, encanta muitos ditos conservadores de brinquedo.

Já o assistencialismo é o mote de partidos que tomam para si a pecha da justiça social. O lulismo e o bolsonarismo estão nos polos de uma nacionalidade incipiente, visto que esta ainda não garante o principal: bem-estar social real a todos.

Caso um deles fosse exitoso em benfeitorias amplas ao povo, nosso salário mínimo seria, pelo menos, como o dos Estados Unidos; aí, não teríamos professores sem reajuste em seus salários irrisórios, necessitando aguardar décadas por julgamentos que definirão se poderão receber ou não seus valores de direito.

O Executivo nega o aumento (Estado do RJ), o Legislativo cria a lei nada justa estruturalmente, e o Judiciário, por vezes, não mata no peito, como no exemplo supracitado do julgamento adiado dos professores, no último dia 12 de dezembro.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.