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Diego Turato

Historiador, professor, pesquisador: graduado em história na Universidade Católica de Santos, pós graduado em Gestão no Mackenzie de SP. Mestrando em Ciências Sociais na PUC SP.

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Florestan Fernandes, 30 anos de sua ausência

"O legado utópico, a construção de uma sociedade igualitária, a defesa da democracia e a busca por revolução na democracia são apresentadas em suas obras"

Florestan Fernandes, 30 anos de sua ausência (Foto: Divulgação)

Em 10 de agosto de 1995, o Brasil se despediu de Florestan Fernandes, patrono da sociologia brasileira, professor na USP e na PUC-SP, escritor com dezenas de livros publicados, exilado e perseguido durante a ditadura militar no Brasil. Florestan se destacou nacionalmente e mundialmente, não apenas por sua vasta contribuição acadêmica, ou por sua luta e dedicação contra as injustiças, mas por ser exemplo de que a educação serve efetivamente como ferramenta para combater a pobreza.

Florestan era filho de mãe solo, e em sua infância trabalhou como engraxate. Florestan teve interesse em estudar após ser incentivado pela patroa da mãe dele. Em um período onde o analfabetismo estava em alta, Florestan chegou a largar os estudos; contudo se formou e ingressou na Universidade de São Paulo, onde fez mestrado, doutorado e foi professor, tornando-se modelo de como a educação é essencial para reduzir as desigualdades.

O diálogo com movimentos sociais, a defesa da democracia e o fortalecimento da educação são marcas do seu legado. Florestan teve proximidade com o Movimento Negro, sendo um dos (brancos) pioneiros na luta antirracista, ajudou na fundação do Partido dos Trabalhadores, onde se elegeu deputado federal pelo Estado de São Paulo, e propagou a ideia da necessidade que o Brasil tinha em ter um operário como presidente.

Ausente desde agosto de 1995, o patrono da sociologia brasileira não teve a oportunidade de ver a USP diversa, com cotistas, e a PUC-SP com alunas e alunos do PROUNI, e mestrandos e doutorandos(as) bolsistas pelo CNPq. Não teve a oportunidade de ver o racismo sendo criminalizado, e racistas indo para a cadeia, assim como não viveu em seu período o país saindo do mapa da fome e reduzindo fortemente o analfabetismo. 

Mesmo depois de seu falecimento, Florestan foi fundamental para que esses avanços acontecessem, e certamente votaria no presidente Lula. Pessoa que, em vida, sempre votou e fez campanha. Florestan era facilmente visto em campanhas petistas, como há registros dele em Santos, apoiando a eleição municipal de Telma de Souza (PT), ou em outras cidades.

O legado utópico, a construção de uma sociedade igualitária, a defesa da democracia e a busca por revolução na democracia são apresentadas em suas obras. O ex-engraxate que lecionou nas principais universidades brasileiras ecoa na atualidade, com seus escritos, seu exemplo e modelo.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.