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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Foi dada a largada. Moro já é trabalhado como candidato para 2022

"Falta o tempo necessário para que Moro seja burilado, mas suficiente também para que Bolsonaro trate de esvaziá-lo. E, a julgar por seu comportamento, se recusando a vetar o item do projeto anticrime, que institui os juízes de garantias, Bolsonaro pode ir além", pondera a jornalista Denise Assis sobre uma eventual candidatura presidencial de Sérgio Moro

(Foto: ABR)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia

Foi dada a largada. Há uma semana que as organizações Globo batem no Lula, na Dilma, no PT, como nos áureos tempos de Lava-Jato, tentando ressuscitar o antigo prestígio do fenômeno que alavancou o ex-juiz, Sergio Moro, para o cenário nacional e político. Sustentando a tal Lava-Jato, eles vitaminam o possível candidato “mais arrumadinho”, para 2022, uma vez que em 2018 eles apostaram no cavalo errado.

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É preciso respeitar o tempo de construção de golpes e candidatos: geralmente dois anos. E está aí a história do Ipês, em 1964 – campanha iniciada em 1962, para a derrubada de Jango-, e 2016 – golpe que começou a ser construído em 2014 -, que não me deixam mentir. O processo é lento, constante e determinado. É preciso voltar com o nome de Lula para o noticiário e mostrá-lo de novo como um bandoleiro, um malfeitor. A tal ponto isto é introjetado nos profissionais da emissora, que Bonner, ao falar da lua, nesta semana, trocou por “Lula”, num ato falho que deu o que falar.

A tática é a mesma de sempre. Mostrar para o respeitável público qual é o bandido e qual é o mocinho que pode salvar a nação das mãos dos “corruptos”, palavrinha mágica, panaceia para todos os certames. Falou em eleição, e lá está ela, no noticiário, pra baixo e pra cima, colada na testa dos candidatos de oposição.

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Sim, senhoras e senhores, na falta de resultados, compostura e decoro, melhor é colocar logo o candidato em perspectiva no centro do jogo e tratar de moldá-lo ao gosto do mercado, da elite e do eleitorado médio, que sempre segue os ricos, porque precisam parecer igual.

Moro andou miúdo, espicaçado pelo patrão, chutado para escanteio. Mas bastou um hiato longo entre uma publicação e outra da Vaza-Jato, a libertação do Lula e a queda significativa de Bolsonaro nas pesquisas - perdendo em popularidade para o seu ministro da Justiça -, para que que a luz no fim do túnel se acendesse para os fazedores de candidatos. Eis aí o cavalo passando selado. É montar ou montar.  

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Pesquisa do Instituto FSB, divulgada no dia 6 de dezembro, mostrou o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) com 9 pontos percentuais à frente de Lula em uma eventual disputa presidencial em 2º turno. O ex-juiz federal obteve 48% das intenções dos votos em 1º turno, enquanto Lula: 39%. Eis, enfim, alguém com fôlego para bater no candidato/preferência nacional, devem ter comemorado.  

Desde então, denúncias requentadas e processos mal-ajambrados saíram das gavetas, numa espécie de sintonia fina entre Moro e o noticiário, interessado em moldar o candidato a ser apresentado como solução para vencer Lula na refrega de 2022. Mas, convenhamos, apesar de ser o tempo necessário e suficiente para que ele fique pronto, é tempo também para que Bolsonaro lhe corte as asas, que andam crescendo além do que o presidente gostaria.

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Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em 8 de novembro apontou que Moro é conhecido por 93% dos entrevistados. Entre os que dizem identificá-lo, 53% avaliam sua gestão no ministério como ótima/boa. Outros 23% consideram regular, e 21%, ruim/péssima -3% não souberam opinar. Isto, graças a fatores tais como a reativação das prisões-espetáculo que andaram sendo exibidas no noticiário, como nos velhos tempos.

Bolsonaro tem indicadores mais modestos, de acordo com o mesmo levantamento, com 30% de ótimo/bom, 32% de regular e 36% de ruim/péssimo —1% não soube avaliar. Numa tentativa de fingir que não sentiu o golpe, o presidente chegou a dizer, em uma live, que Moro é uma opção para 2022. Mas que ninguém se iluda. Bolsonaro pode dar uma de “abelha-rainha”. Depois de fecundada pelo zangão, o único macho da colmeia, ele paga um preço alto pela proeza: após a cópula, seu órgão genital é rompido, e o zangão morre.

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Falta o tempo necessário para que Moro seja burilado, mas suficiente também para que Bolsonaro trate de esvaziá-lo. E, a julgar por seu comportamento, se recusando a vetar o item do projeto anticrime, que institui os juízes de garantias, Bolsonaro pode ir além. Que Deus nos livre e guarde, até mesmo partir para manobras radicais, caso não aviste horizontes favoráveis, para se manter no poder. Que venha 2020!

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