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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Folha de S. Paulo fechada com Bolsonaro

O linguista Gustavo Conde afirma que a elite brasileira ainda está fechada com Bolsonaro. Ele diz: "depois de ser atacada feroz e covardemente por Bolsonaro, depois de ser insultada pelo secretário da Secom, depois de ser ridicularizada diariamente pelo gabinete do ódio nas redes sociais, A Folha de S. Paulo ainda reserva palavras positivas ao genocida: 'tenta construir'"

Folha e Bolsonaro (Foto: Reprodução Wikipedia)
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"Bolsonaro tenta construir diálogo com Fux, que assumirá comando do STF"

Essa é a manchete do jornal Folha de S. Paulo. Reparem qual é a posição editorial de fato do jornal: ele enuncia que Bolsonaro 'tenta construir'.

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Depois de ser atacada feroz e covardemente por Bolsonaro, depois de ser insultada pelo secretário da Secom, depois de ser ridicularizada diariamente pelo gabinete do ódio nas redes sociais, A Folha de S. Paulo ainda reserva palavras positivas ao genocida: 'tenta construir'

Não é preciso ser linguista para entender o que significa 'tenta construir'. É quase uma peça de propaganda. O verbo 'construir' é revestido semanticamente de empreendedorismo, caráter, positividade. Pode ser traduzido por 'levantar', 'edificar', 'compor', 'desenhar', 'traçar', 'ordenar'.

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O verbo 'tentar', por sua vez, entra em relação de sinonímia com 'procurar', 'buscar', 'intentar', 'diligenciar'. É um termo que irradia cifras de humildade ao sujeito, que o humaniza, que o reveste de disposição para 'começar de novo', para, afinal, se enquadrar no script das nossas elites que financiam o mercado tradicional da informação.

Guardemos essa construção gramatical da Dona Folha: "Bolsonaro tenta construir" (a palavra 'diálogo' também é quase um acinte ao mundo real do genocida do Planalto).

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É por essas e outras que a disputa pelo sentido político e social no Brasil prossegue em estado máximo de miséria. Setores inteiros da esquerda, aliás e em tempo, ainda se deixam encantar com o jornalismo que é praticado no Brasil, aceitando que ele tenha feito a sua autocrítica e 'se emendado' com a meia dúzia de editoriais contra Bolsonaro escritos com a tinta da impostura e a pena da hipocrisia.

Puro marketing barato.

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Eles ainda apostam em Bolsonaro. O Estamos Juntos ainda aposta em Bolsonaro. O Somos 70% ainda aposta em Bolsonaro. O Itaú-Unibanco ainda aposta em Bolsonaro. Merval Pereira, Ruy Castro (quem?), Eliane Cantanhede, Miriam Leitão, Ciro Gomes, Marina Silva, Luciano Huck, Jorge Paulo Lemann, todos eles flanam na reputação efêmera de socar Bolsonaro com uma mão e acariciar com outra.

São adestradores da casa grande, que preferem domar uma besta a ver o povo novamente dando as cartas no país.

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É o jogo duplo das garantias: se Bolsonaro cair, eles avisaram. Se não cair, eles tentaram construir uma solução, mas foram impedidos pela 'intransigência' do PT.

Isso sem contar o um milhão de infectados por covid-19 e os 50 mil mortos.

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Não é fácil.

O mundo vai embicando para um impasse interminável, com a pandemia que já entra em sua segunda onda, com a covardia de falsos líderes mundiais e com a proliferação de gente com o selo internacional "elite brasileira" na testa, como Trump, Duterte e Bolsonaro e tantos outros genocidas espalhados pelos cinco continentes.

Quando a gente acorda achando que "agora, vai", a Folha de S. Paulo nos joga um balde de água fria e nos devolve à natureza desumana dos donos do poder.

E que não se iluda: a marca gramatical de adesão a projetos políticos é a mais forte de todas. Vale mais que todos os manifestos hipócritas do mundo, mais que qualquer declaração de Twitter, mais que um documento assinado em cartório.

E a razão é simples. Ela habita as profundezas do inconsciente político impregnado nos veículos de poder, (também chamados de veículos de comunicação).

É, como se acostumou a dizer por aí, "estrutural".

E, enquanto Bolsonaro "tenta construir diálogo com Fux", nós vamos nos matando uns aos outros com o medo chocante de se rebelar.

O mundo ficou grande demais para uma revolução.

Talvez, tenhamos entrado, de fato, na era do controle da populações, tal qual os filmes-catástrofe apocalípticos tão procurados na Netflix, em que a Terra vira um planeta-periferia, com seres humanos doentes e escravos.

A capacidade de adaptação da espécie humana, todos sabemos, é 'colossal'.

Há séculos, nós nos acostumamos a fazer vista grossa para genocidas, para a pobreza, para a fome, para a desigualdade. É até complicado querer lutar contra a fome no mundo, porque muita gente acha que combater essas mazelas é demagogia.

Nesse sentido, a ONU parece ter sido um acidente de percurso, um 'mal necessário' para aliviar o estrago moral da Segunda Guerra Mundial.

Sua missão foi cumprida. Agora é organizar a nova ordem da escravidão mundial e proceder com a limpeza étnica e as habituais políticas de extermínio.

Quem convive tranquilamente com a existência de um sistema carcerário brasileiro não pode se arvorar a querer justiça social, não é mesmo?

Será que merecemos superar Bolsonaro?

Triste momento da humanidade em que o 'salve-se quem puder' acaba por ser o único caminho diante da covardia épica que nos domina o caráter ou a falta dele.

Focos de resistência merecem profunda celebração - como o dos entregadores de aplicativo no Brasil. Mas os setores bem alimentados, infelizmente, fazem o serviço sujo de contemporizar a catástrofe.

Os ossos do ofício, agora, vão se tornando apenas ossos.

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