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Ricardo Miranda

Jornalista

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Folha expõe uso do futebol por Bolsonaro

(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
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Foi sintomático que da capa de todos os principais jornais do país nesta segundona, 08, apenas um, a Folha de S.Paulo – parceira do The Intercept no Vaza-Jato -, mostrasse o presidente Jair Bolsonaro posando com a taça da Copa América no Maracanã ao lado de jogadores e membros da comissão técnica – a foto de Carl de Souza/AFP, que ilustra esse artigo. Engana-se quem viu na escolha editorial uma forma de ajudar na propaganda de Bolsonaro e da comitiva que, depois de muitos flertes da transmissão ao vivo, invadiu, literalmente, o gramado para tentar pegar uma carona marota no título da seleção nacional. Foi, na leitura deste jornalista, um protesto da Folha contra o ato oportunista e arbitrário do marketing presidencial apoiado pela CBF, que franqueou toda a cena.

Também não por acaso, a manchete da Folha, logo abaixo da foto, mostra a baixíssima popularidade de Bolsonaro (“Bolsonaro tem apoio de 1/3 da população”, diz Datafolha”). Pesquisa do Datafolha indica que Bolsonaro se mantém como o presidente em primeiro mandato com a pior avaliação a esta altura do governo desde Fernando Collor de Mello, em 1990. E, por tabela, passa uma régua no tamanho da direita no país, algo que chega ao teto de cerca de 30% dos brasileiros, incluindo aí a direita raiz e os agregados ideológicos, oportunistas e sanguessugas de quem está no poder.

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O efeito colateral veio das arquibancadas, de onde vieram sonoras vaias e poucos aplausos – muito mais vaias do que aplausos (veja esse vídeo), mas isso foi ignorado pela Globo/SporTV, que exibiu apenas as cenas que interessavam, com comentários do estúdio abafando o som do estádio, da mesma forma que mostraram – persistentemente -, durante o jogo, o camarote presidencial, onde estava, além de Bolsonaro, Sérgio Moro,
o jogador Neymar, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, os deputados Hélio “Negão” Lopes e Eduardo Bolsonaro, além de um bando de aspones.

O uso indevido do esporte, especialmente o esporte mais popular, por governantes, particularmente ditadores, é jogada conhecida nas histórias políticas dos países. Antes de Bolsonaro, outros o fizeram, mas o caso mais emblemático por aqui foi a cena do general Emílio Médici, ditador da ocasião, levantando a derretida Jules Rimet ao lado de Pelé e do escrete de 70, numa recepção na rampa do Palácio do Planalto. Na época, a CBD, como agora a CBF, não pareceram preocupadas em se deixar usar de forma tão acintosa. Muito pelo contrário. Nem a comissão técnica e os jogadores. Exceções sejam feitas. Registre-se que o técnico Tite não aparece nas fotos com Bolsonaro e ainda recusou-se a cumprimenta-lo na fila do beija mão, ao contrário dos demais deslumbrados. Me pergunto se Tite vai durar no cargo assim.

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