Fora da política não há salvação

Há uma onda no país de supervalorização do Judiciário e, em contrapartida, a demonização dos políticos.

Os políticos são corruptos e ladrões. Os juízes são íntegros e honestos e vão dar um jeito nos políticos.

A onda, patrocinada por vários poderosos veículos de comunicação tem como corolário confundir o distinto público que começa a imaginar que os políticos são dispensáveis e, mais do que inúteis, são nocivos.

O distinto público embalado por capas e manchetes que anunciam o fim do mundo em Brasília começa a imaginar que a vida seria melhor se juízes e policiais mandassem no país e não políticos.

Nunca é demais lembrar que sem políticos não existe democracia. Se deixarmos os políticos de fora estaremos renunciando ao regime democrático.

O distinto público, ao se entregar a tais pensamentos se esquece, por algum motivo que esses políticos que agora execra foram eleitos com seu voto. Cabe ao público, também, parcela de "culpa". Cabe, nas próximas eleições, escolher outros candidatos.

A primeira medida a tomar para não se afogar nessa onda é não se deixar levar pela generalização em nenhuma circunstância. Jamais aceitar um conceito tal como "políticos são ladrões". Desde a era bíblica a tarefa humana consiste em separar o joio do trigo. Nem todo trigo é trigo e nem todo joio é joio.

Cabe também ponderar que juízes, de qualquer instância têm vocação e aptidão para julgar e não para governar. Não há porque, portanto, como se tentou no passado praticamente intimidar um juiz a se candidatar a presidente da República.

Um bom juiz não será necessariamente um bom presidente da República. Se o juiz é bom, é ótimo, é melhor que fique lá no Supremo, o país precisa de bons juízes.

De tanto ser pressionado, o juiz em questão, Joaquim Barbosa jogou a toalha e agora nem é o bom juiz que era nem será o excelente presidente da República que se imaginava.

Por mais que haja políticos desonestos e os juízes sejam todos virtuosos, fora da política não há salvação.

Sem políticos não há regime democrático e sim estado policial.