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Guilherme Scalzilli

Historiador e escritor

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Fora todo mundo

A mídia endossa a ideia de afastamento de Dilma Rousseff para ofuscar a roubalheira generalizada e para que o absurdo e a inviabilidade da iniciativa golpista contaminem o debate sobre a corrupção no país

A mídia endossa a ideia de afastamento de Dilma Rousseff para ofuscar a roubalheira generalizada e para que o absurdo e a inviabilidade da iniciativa golpista contaminem o debate sobre a corrupção no país (Foto: Guilherme Scalzilli)
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É típico do uso partidário do combate à corrupção dividir a sociedade entre os adeptos da cruzada saneadora e os cúmplices da roubalheira. Essa armadilha serve justamente para ocultar a instrumentalização, pela direita, da pauta da moralidade pública.

Mas o conservadorismo da bandeira anticorrupção não reside apenas no seu uso por facções políticas. A tática de acuar o governo federal visa mais do que impedi-lo de guinar à esquerda para recuperar o apoio das bases. Visa também evitar que o Planalto reivindique e incentive ações de combate ao crime para além dos domínios petistas.

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A estupidez do impeachment serve à impunidade geral. A mídia endossa a ideia de afastamento de Dilma Rousseff para ofuscar a roubalheira generalizada e para que o absurdo e a inviabilidade da iniciativa golpista contaminem o debate sobre a corrupção no país.

Não é coincidência que a bobagem ganhe força junto com a descoberta de escândalos que mancham a hipocrisia moralista da direita. Sabendo que Dilma não cairá por vias legítimas, a oposição tenta enfiar seus apaniguados sob a mesma blindagem. Transformando-a em bode expiatório da pizza resultante.

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Apesar da irracionalidade e do oportunismo da caça às bruxas, a esquerda comete um erro estratégico ignorando o fenômeno. O silêncio orgulhoso dos sensatos permite que os brucutus se apropriem de uma causa forte e sedutora, naturalizando a falácia de que apoiar o governo federal equivale a aceitar ilicitudes.

Os adversários da histeria, dentro e fora do governismo, fariam melhor lidando cinicamente com os cínicos. Em vez de repudiar o clima justiceiro, deveriam alimentá-lo até o paradoxo, participando das passeatas com cartazes de "Fora Alckmin", "Fora Richa" e "Fora Serra", e faixas sobre as contas secretas na Suíça, os mensaleiros tucanos e a máfia dos cartéis metroviários paulistas.

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Aderindo ao estímulo majoritário das manifestações, o gesto não poderia ser acusado de malicioso ou ilegal. Qualquer advogado consegue uma liminar preventiva garantindo o direito de explorar o falso apartidarismo defendido pela própria liderança dos atos.

Mesmo sem autorização judicial, desde que os impertinentes se mantivessem coesos, pacíficos e imunes a provocações, os organizadores e as polícias seriam forçados a tolerar sua presença. Afinal, eles aceitam neonazistas, não aceitam?

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Basta formar um bloco de míseras duas mil pessoas com camisetas da seleção, filmando cada passo, distribuindo panfletos, seduzindo populares. Depois, espalhando material nas redes sociais, causando polêmica na mídia e suscitando debates.

Aposto que a moda moralista começa a dissipar em poucas semanas.

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