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Jeferson Miola

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Forças Armadas despreparadas são obstáculo para afirmação do Brasil no sistema mundial

"Para superar esta limitação que aprisiona o país ao atraso, à dependência e ao colonialismo, Lula precisaria revisar as escolhas do seu governo" diz Miola

Presidente Lula e comandantes das Forças Armadas (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
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As Forças Armadas brasileiras são despreparadas para aquela que é sua missão primordial e para a qual o povo brasileiro destina cerca de R$ 120 bilhões do orçamento da União todo ano: a defesa nacional.

Uma cifra bastante significativa. O orçamento do ministério da Saúde, por exemplo, é de R$ 189 bilhões para atender 203 milhões de brasileiros. A Educação também está neste patamar.

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O montante de R$ 120 bilhões do ministério da Defesa corresponde a 1,3% do PIB. Quase 85% dele, no entanto, não é efetivamente para aumentar a capacidade de defesa, mas para pagar salários e regalias dos fardados.

E a maior parte das despesas de pessoal não são gastas com contingentes do serviço ativo das Forças Armadas, mas com militares já na reserva e as pensionistas deles – viúvas e filhas de militares que recebem até R$ 40 mil por mês, como é o caso da “neta-filha” do ditador Emílio Garrastazu Médici.De outra parte, menos de 5% do orçamento anual do ministério da Defesa é aplicado em investimentos. É uma média histórica que interdita o avanço científico e tecnológico requerido para criar capacidade de defesa nacional.

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Essa escolha vai na contramão das potências mais poderosas do mundo, que investem fortemente em arsenais bélicos, inteligência, força aeronaval, artefatos cibernéticos, tecnologias comunicacional e informacional, mísseis, capacidade satelital etc.

No livro O que fazer com o militar – anotações para uma nova defesa nacional, o historiador Manuel Domingos Neto explica que “o planejamento da Defesa brasileira é prejudicado pela larga supremacia do Exército. Desde a Revolta da Armada, no início do regime republicano, a Força Terrestre é a mais forte, apesar de ser a menos apta para reagir ao agressor estrangeiro. Sua importância advém do fato de ser a mais capaz de se impor internamente”.

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Para Manuel, “a supremacia da Força Terrestre serve para o combate ao ‘inimigo interno’, não para dissuadir estrangeiro hostil”. Ele entende que “por maior que seja a Força Terrestre, o país persistiria vulnerável: em caso de agressão de força estrangeira, o Exército é um instrumento secundário. Por deter grande território e extenso mar, o Estado brasileiro deveria ter menos soldados e multiplicar sua capacidade aeronaval”.

A Marinha e a Aeronáutica, portanto, é que deveriam ser preponderantes na estratégia de Defesa Nacional, não o Exército.

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“Proteção de imenso território, da Amazônia, do vasto mar e do espaço cibernético não é para rambos”, sustenta o historiador com uma dose de ironia em relação aos “heróis da selva”. “O Estado precisa multiplicar sua capacidade aeronaval, ter proteção cibernética e se preparar para guerrear no espaço sideral”, conclui.

Essa deveria ser a premissa elementar do planejamento da Defesa, porque “o estrangeiro que pretenda dobrar o Estado brasileiro não perderia tempo atacando Brasília ou centros como São Paulo e Rio de Janeiro. Tentaria paralisar as atividades econômicas e imobilizar a administração pública desativando meios de comunicação e interrompendo o suprimento de energia elétrica, água e alimentos. Bloquearia rotas comerciais marítimas, terrestres e aérea sem invadir necessariamente o território. Provocaria o caos e deixaria subitamente milhões de brasileiros à míngua”.

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Ao não contar com capacidade de Defesa Nacional, que significa não dispor de poder dissuasivo ante eventuais ameaças externas, o Brasil continuará não ocupando a centralidade real no sistema mundial de poder, como almeja.

Forças Armadas despreparadas, mal organizadas e ineptas frente os requisitos das guerras e combates contemporâneos são o principal obstáculo para o posicionamento influente e decisivo do Brasil no contexto mundial.

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A ineficiência da Defesa Nacional ainda frustra as imensas possibilidades de avanço científico e tecnológico do Brasil, que se beneficiaria com o esforço de desenvolvimento do complexo bélico-militar próprio no contexto da modernização das Forças Armadas brasileiras.

Atualmente, e como reflexo da dependência colonial, as Forças Armadas compram quase 80% das tecnologias e armas de fornecedores estrangeiros, principalmente dos EUA.

O esforço de dotar o país de uma efetiva capacidade de defesa traria benefícios relevantes para a sociedade brasileira em áreas como medicina nuclear, biotecnologia, nanotecnologia, robótica, inteligência artificial, cibernética, logística, comunicação satelital e outras.

Para superar esta limitação que aprisiona o país ao atraso, à dependência e ao colonialismo, o presidente Lula precisaria revisar as escolhas do seu governo acerca da questão militar.

Um passo relevante neste sentido seria a convocação de uma Conferência de Defesa para que especialistas, pesquisadores e estudiosos civis, juntamente com representações civis do governo e do Congresso possam avançar na concepção da reforma militar necessária para que o Brasil desenvolva uma potente capacidade de Defesa Nacional e passe a ocupar seu lugar que busca nos centros do poder mundial.

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