Fraudadores x empobrecidos
Temos ou não vidas miseráveis aos milhares e vidas fraudadoras enfiando bilhões em seus bolsos infames, em uma guerra covarde?
Como viver com 1.518,00 reais? Sentir alegria, sentir felicidade, paz e tranquilidade se torna impossível quando recebemos um provento ou um salário tão parco. Por quê?
Abaixo, as notícias talvez respondam ao questionamento.
“A Polícia Federal descreveu a existência de três núcleos de pessoas, com divisão de tarefas e hierarquia, que atuaram na suposta organização criminosa que desviou R$ 640 milhões de aposentados e pensionistas do INSS por meio da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer).
Essa é uma das entidades associativas investigadas no escândalo de desvios feitos em pagamentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) de 2019 a 2024.
No total, considerando todos os sindicatos e associações suspeitos (não só a Conafer), as fraudes podem ter chegado a R$ 6,3 bilhões e afetado milhares de aposentados, segundo estimativas da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU).”
Do ponto de vista do mundo acadêmico, a resolução do respectivo dilema tem receita própria:
As não decisões também devem ser analisadas quando do estudo de políticas.
Nesse conjunto de decisões e ações complexas que resultam da atividade política, têm-se as políticas públicas, revestidas de autoridade soberana do poder público no que concerne à alocação de recursos.
A Análise de Política, por sua vez, coloca em pauta tanto a política quanto a política pública, visto que, por um lado, procura conhecer as ações do governo, descrevendo-as, e, por outro, analisa e prescreve as políticas públicas. Eis a esperança na Análise de Política como forma de atenuar problemas sociais por meio do aperfeiçoamento da formulação e da implementação das políticas públicas.
Entretanto, existem diferentes tipos de Análises de Política, e a escolha dependerá do trabalho que o analista irá desenvolver. Ham e Hill (1993), recorrendo a uma análise de Hogwood e Gunn (1981), apresentam sete variedades possíveis de Análise de Política que podem ser escolhidas segundo variáveis como aspectos ideológicos, objetivos ou ambiente político.
Para Ham e Hill, os tipos de Análise são:
estudo do conteúdo das políticas: o analista procura investigar como uma determinada política surgiu, como foi implementada e os resultados obtidos;
estudo da elaboração das políticas: dirige-se a atenção para questões inerentes às influências na formulação de políticas;
estudo dos resultados das políticas: busca-se explicar por que gastos e serviços variam em diferentes áreas, tentando compreender as políticas em termos de fatores sociais, econômicos, tecnológicos e outros;
avaliação de políticas: procuram-se identificar os impactos advindos da política sobre a população;
informação para elaboração de políticas: trata de organizar dados para auxiliar os fazedores de política na tomada de decisões;
defesa do processo de elaboração da política: os estudos são voltados para melhorar os processos de elaboração de políticas e a máquina do governo;
defesa de políticas: o analista defende a adoção de ideias e opções no processo de elaboração de políticas.
No entanto, para que a Análise de Política possa atingir ou se aproximar de seus objetivos, faz-se necessária uma multiplicidade de preocupações em diferentes níveis de análise, seja diante do funcionamento da estrutura administrativa estatal, seja mediante seus processos decisórios ou da relação entre o Estado e a sociedade.
Assim, realiza-se um estudo inerente a esses níveis, no qual se procurou estabelecer uma relação entre eles, preocupando-se, primordialmente, com o processo de elaboração de políticas.
Na visão marxista, o Estado representa o meio para o domínio do poder de determinada classe, notadamente a burguesa. Ou seja, o Estado serve de instrumento para a realização dos interesses dessa classe. Miliband (1969 apud Ham & Hill, 1993) cita três razões principais para esse domínio:
a semelhança em termos de origem social entre a burguesia e a elite estatal;
o poder que a burguesia tem como grupo de pressão, seja por intermédio de contatos pessoais, redes de influência ou mediante a defesa de interesses particulares;
a limitação imposta sobre o Estado pelo poder objetivo do capital. Assim, essa visão dirige sua atenção ao cenário econômico da atividade política.
Meus caros leitores, o presentismo não é dos melhores. Ao andarmos nas ruas, mesmo em zonas privilegiadas em termos socioeconômicos, especialmente aqui no Rio de Janeiro, vemos muitas pessoas residindo nas ruas.
Temos ou não vidas miseráveis aos milhares e vidas fraudadoras enfiando bilhões em seus bolsos infames, em uma guerra covarde?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

