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Joaquim de Carvalho

Colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa). E-mail: joaquim@brasil247.com.br

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Gabriela Hardt: a luta de Tacla Duran e o erro de Luís Roberto Barroso

Por que o presidente do STF e CNJ não consegue ver as falhas da juíza que corrompeu o Judiciário com ação parcial?

Tacla Duran e Gabriela Hardt (Foto: Reprodução | CNJ)
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Trecho do depoimento de Gabriela Hardt vazado esta semana revela o acerto da luta de Rodrigo Tacla Duran contra o lavajatismo e o erro do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, ao se comportar como advogado da turma de Sergio Moro e Deltan Dallagnol.

No depoimento, Gabriela Hardt admitiu que errou no caso do advogado que prestou serviços para a Odebrecht e que foi denunciado pelo Ministério Público Federal em Curitiba.

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“Assim, não temo nada, porque tenho a convicção de que posso ter errado até no caso Tacla Duran […]. Mas se errei, não foi culposo. Foi por excesso de trabalho, foi por equívoco e é isso. Entendo que seria melhor para a Justiça se eu não estiver nesse processo”, disse ela ao juiz Octávio Costa, designado pelo corregedor Luís Felipe Salomão para a correição na 13a. Vara Federal e no Tribunal Regional Federal da 4a. Região. O depoimento ocorreu em maio do ano passado.

A declaração indica que Barroso estava errado ao dizer que Gabriela Hardt era uma juíza sem mácula.

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“O afastamento de uma juíza com reputação ilibada porque homologou um acordo que, à primeira vista, parecia muito bom, porque trazia para o Brasil um dinheiro que ficaria no exterior, com todas as vênias, não me parece ser uma decisão que faça Justiça”, disse o presidente do CNJ.

A homologação do acordo que foi lesivo ao país é, por si só, motivo suficiente para o afastamento da juíza, já que o acordo era lesivo ao país, por penalizar a Petrobras com uma ação no exterior construída a partir da colaboração de agentes públicos brasileiros.

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Mas, no caso, é muito maior o conjunto de provas que desmontam a imagem da “juíza ilibada” que Barroso tentou construir. Gabriela Hardt foi afastada também por usurpar a competência do então titular da 13a. Vara, Eduardo Appio.

Essa usurpação de competência ocorreu no caso de Rodrigo Tacla Duran, que havia pedido a suspeição de Gabriela Hardt. Como o titular da Vara era Appio, o pedido deveria ter sido encaminhado para ele. Se quisesse, Appio ouviria Hardt ou tomaria outra providência.

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Só que ele nem tomou conhecimento do pedido, já que uma oficial de gabinete, de nome Vanessa, que trabalhava lá desde o tempo de Moro, direcionou o pedido para Gabriela Hardt.

A juíza, então, despachou no pedido que não era de sua competência em uma Quarta-Feira de Cinzas, e arquivou o pedido, que tramitava num processo com alto grau de sigilo.

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E o sigilo se dava possivelmente em razão de outro erro de Gabriela Hardt, este cometido num contexto que parece resultado de um conluio com Deltan Dallagnol e Januário Paludo, aquele coordenador da força-tarefa e este com uma atuação típica de “jagunço” de um esquema de perseguição.

Tacla Duran havia obtido uma vitória no comitê diretor da Interpol, ao demonstrar que Sergio Moro era um juiz parcial e, com isso, retirar seu nome do alerta vermelho – que permite a prisão em aeroportos. Em outras palavras, a Interpol jogou na lata do lixo um mandado de Moro.

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Quando Moro deixou a 13a. Vara para servir a Jair Bolsonaro como ministro, Deltan Dallagnol apresentou, em sigilo, um novo pedido de prisão de Tacla Duran, que Gabriela Hardt atendeu, também em sigilo.

A decisão da Gabriela Hardt foi enviada para a Interpol, como se houvesse fato novo que justificasse a prisão do ex-prestador de serviços da Odebrecht. A Interpol rejeitou mais uma vez a decisão da 13a. Vara e, sempre em sigilo, Deltan Dallagnol e Januário Paludo assinaram uma petição em que desistem do pedido de reinclusão do nome da Tacla Duran no alerta vermelho (veja abaixo).

Ao tomar conhecimento da manobra que representava uma tentativa de ludibriar a Interpol, Tacla Duran, atuando como advogado em causa própria, pediu a suspeição de Gabriela Hardt, e o desfecho foi a usurpação de competência de Appio por parte da juíza.

Se Gabriela Hardt atribui ao excesso de trabalho o erro nesse caso, por que ela despachou no processo que já não era de sua competência? 

O motivo talvez seja o mesmo que levou o juiz Danilo Pereira Júnior a não entregar aos delegados da Polícia Federal provas indicadas pelo empresário Tony Garcia, que foi agente infiltrado de Moro.

A Lava Jato é uma caixa preta que já esteve sob a custódia de Gabriela Hardt e hoje está em poder de Danilo Pereira Júnior. Os dois são para lá de suspeitos, mas, com Barroso agindo como advogado de ambos, o CNJ decidiu que, para o bem da Justiça, não deveriam continuar afastados da magistratura.

A pergunta é: Que poder blinda os dois, cuja atuação não macula apenas a ambos, mas ao Judiciário como um todo?

.x.x.x.x.

PS: Entrevistei Tacla Duran pela primeira vez em novembro de 2017, quando Moro estava no auge. Fiz uma imagem dele caminhando solitário pelas ruas de Madri e narrei que era o único perseguido pela Lava Jato que havia se levantado contra a atuação dos procuradores e do juiz que caracterizava um tribunal de exceção.

Com suas denúncias, inclusive de extorsão, Tacla Duran conseguiu desmontar a farsa do juiz exemplar e, mais recentemente, o afastamento de dois desembargadores. Agora, ele contribui para expor a verdadeira face de Gabriela Hardt e de Danilo Pereira Júnior.

Em sua rede social, Tacla Duran publicou o vídeo com o trecho do depoimento de Gabriela Hardt, e marcou Sergio Moro. No vídeo, ele pergunta:

“O que fazer quando um juiz entende que é melhor para a Justiça não estar no seu processo e admite que errou no seu caso e expediu mandado de prisão contra o advogado por equívoco?”



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