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Nuno Nunes

Filósofo, Escritor e Mestre em Educação e Comunicação pela UFSC, Doutorando em Planejamento pela UDESC. É colunista de geopolítica do portal Tribuna Universitária

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Geopolítica: Gleen versus Moro, uma valiosa disputa virtual

No Brasil estamos assistindo o que nos levará à “primavera brasileira 2.0”, se trata da disputa virtual entre um ex-juiz que atua, declaradamente, seguindo diretrizes e informações de corporações internacionais sediadas nos EUA, que investem na desestabilização política brasileira para, sem ter quem proteja, adonar-se das riquezas pertencentes aos brasileiros

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Os fatos que estão ocorrendo no Brasil e alguns países da América Latina possuem semelhanças, mas para observá-los é preciso sair da bolha que aprisiona cada cidadão individualmente numa rede de notícias supostamente sobre a “realidade”, e forçar uma fuga para outras redes além dos algoritmos.

Algoritmo é uma palavra na língua árabe e é definido em Ciência da Computação como uma sequência finita de ações que buscam uma solução para um determinado tipo de problema. Esta busca – antes feita por filósofos, matemáticos ou físicos que durante séculos caçavam padrões comuns entre as diferentes formas da natureza – é feita hoje em milésimos de segundos por computadores. Os algoritmos computacionais criados por programadores e operados por máquinas, além de caçar padrões, alimentam-se de experiências humanas, registrando uma a uma, erradas ou certas, até alcançarem as soluções que necessitam.

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As experiências humanas são os cliques que você dá em seu smartphone, tablet ou notebook, “curtindo” ou ignorando informações que passam aos milhares nos murais das redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, entre outras com sede nos EUA e que dominam o Brasil e outros países da América Latina. Com isto, estamos rumando para uma forma de sistema capitalista digital, não controlado por humanos.

As Fases do Capitalismo até hoje

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– Capitalismo Comercial – quem ganhava era aquele que possuía dinheiro para investir nas viagens marítimas que transportavam mercadorias em troca de ouro ou prata. Fazer dinheiro a partir das trocas.
– Capitalismo Industrial – quem ganhava era aquele que possuía dinheiro para construir máquinas e diminuir a mão de obra humana nas fábricas. Fazer dinheiro a partir da diminuição de gastos com trabalhadores.
– Capitalismo Financeiro – quem ganhava era aquele que possuía dinheiro para investir em negócios pelo mundo e buscando monopolizar as riquezas para evitar riscos e perder sempre menos. Fazer dinheiro a partir do dinheiro.- Capitalismo Financeiro-Rentista – quem ganhava era aquele que possuía dinheiro para investir na Bolsa de Valores. Fazer dinheiro a partir da especulação entre investidores.

O que vemos agora, em tempo real enquanto você lê este artigo e suas redes sociais estão chamando sua atenção para curtir ou ignorar informações, é o Capitalismo da Vigilância. Esta forma de capitalismo foi denominada por Shoshana Zuboff, economista e socióloga estadunidense, que o define como um novo gênero de capitalismo que monetiza dados adquiridos por vigilância.

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Capitalismo de Vigilância

Karl Marx (Alemanha – 1818-1883) foi o filósofo e economista que desvendou, com seu parceiro Friedrich Engels (Alemanha – 1820-1895), os mistérios por trás do sistema capitalista e demonstrou ao mundo seus malefícios. O que faz Shoshana Zuboff é algo similar a Marx, nos alertando para a nova roupa do sistema.

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Marx entendia que o trabalhador, para sobreviver, era obrigado a alinhar-se a exploradores de mão de obra humana e vender sua força de trabalho que era calculada em horas trabalhadas. Durante estas horas, o trabalhador tinha que extrair da natureza formas e produtos que fossem úteis para a sociedade. Por exemplo, transformar em cadeiras um pedaço de árvore, ou em tecido os fios de algodão.

No Capitalismo de Vigilância, se pensarmos como Marx, o Ser Humano ocupou o lugar na natureza e os algoritmos operados por máquinas ocuparam o lugar dos trabalhadores de quem extraem comportamentos e os transformam em produtos. Por exemplo, transformar em informação que influenciará pessoas do seu bairro uma curtida que você deu no Facebook da foto da padaria, ou em sugestão de rota de trânsito no Wase do roteiro de carro que você faz quando sai de casa.

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Esta forma de Capitalismo de Vigilância controla sua vida por meio de sugestões e influências, que vão desde restaurantes onde comer até políticos e partidos em quem votar nas eleições presidenciais. Tudo isto já foi aceito por você que não questionou quando foi informado por aquele texto imenso, raramente lido, que possui um botão com as palavras mágicas “Li e concordo”. Quando aceitou a inscrição numa rede social para usá-la como caixa de e-mails, como o Google, ou o Facebook para encontrar amigos da escola, você ingressou nos universos jurídicos e assumiu compromissos com os donos e investidores destes serviços de internet. Um destes compromissos é, justamente, permitir acesso à suas decisões, localização e, principalmente, desejos.

Gleen versus Moro: a valiosa disputa virtual

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No Brasil estamos assistindo o que nos levará à “primavera brasileira 2.0”, se trata da disputa virtual entre um ex-juiz que atua, declaradamente, seguindo diretrizes e informações de corporações internacionais sediadas nos EUA, que investem na desestabilização política brasileira para, sem ter quem proteja, adonar-se das riquezas pertencentes aos brasileiros. Sérgio Moro foi o pivô que gerou a crise financeira que causou milhares de desempregos e a série de privatizações e vendas de empresas brasileiras para investidores estrangeiros, retirando do povo o poder de decidir onde e quando utilizar as riquezas dentro de seu próprio território.

Enquanto isto, o poder de decisão do povo brasileiro também virou lucrativo, e agora começou a ser disputado por grandes investidores. Glenn Edward Greenwald, advogado e jornalista estadunidense recebeu milhares de dados vazados de um aplicativo de comunicação chamado Telegram, que envolvem o ex-juiz Moro e a cúpula da Operação Lava-Jato, que teve como foco prender o ex-Presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva (PT), e tirá-lo da disputa eleitoral de 2018 que o faria retornar à presidência por mais quatro ou oito anos. Este era o motivo da elite em escala nacional.

Sérgio Moro, com suas ações, apoiou a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) que, em troca, convidou Moro para ser ministro da Justiça enquanto aguardaria uma vaga no Supremo Tribunal Federal, a qual o ex-juiz seria indicado. Este era o motivo da elite em escala local de Curitiba.

Com o vazamento das informações que provam que Moro agiu como líder da Operação Lava-Jato e não julgou com imparcialidade, descumprindo a Constituição Federal e o Código de Ética da Magistratura, a vaga no STF não será mais de Moro, que se transformou num possível candidato a presidente nas eleições em 2022, concorrendo com Bolsonaro que já anunciou desejo de reeleição. Mas todos sabem que não conseguirá, devido a problemas psicológicos que o afetam e o proíbem de participar de debates públicos, fazendo assim de Moro uma alternativa pró-EUA e anti-PT. Este é o motivo da elite em escala internacional.

Pierre Omidyar e sua Inteligência Artificial

Mas quem está ganhando neste jogo político que destrói a vida dos brasileiros? A Inteligência Artificial, com seus algoritmos do Capitalismo de Vigilância, que aproveitam a situação para extrair dos brasileiros mais informações e gostos, desta vez por posições políticas, políticos e formas de discursos, e transformando estes dados em riquezas para serem vendidas em breve, mais exatamente em 2020, durante as eleições para prefeitos e vereadores nos mais de 5 mil municípios do país.

Conforme o analista em geopolítica e jornalista, Pepe Escobar, por trás desta indústria da extração está Pierre Omidyar, o criador do eBay.com, um dos sítios de venda pela internet mais acessados no ocidente. Porém, Omidyar age não por impulso ou por interesse humanitário.

Em nossa análise, Omidyar percebeu que, para derrubar a concorrência e manter seu algoritmo de vendas do eBay, precisaria compreender como pensam os consumidores. Omidyar criou, assim, um Fundo para financiar o jornalismo alternativo, começando pelo “TheIntercept.com“, onde trabalha Gleen Greenwald, e também o “Luminate“, que financia um projeto chamado “Velocidad“, um acelerador de mídia com o objetivo de promover a sustentabilidade e o crescimento de projetos de jornalismo digital de alta qualidade, com independência editorial, que operam na América Latina.

Pierre Omidyar quer ampliar a democracia e melhorar o acesso ao jornalismo independente? Não.

Omidyar quer ampliar seus lucros e por isso precisa aprender com quem foi considerado em 2017, pela plataforma SimilarWeb, o sexto site mais visitado da Internet no Brasil, atrás dos sites do Google (Google Brasil, Google EUA e YouTube) e do Facebook. Estamos falando do Universo OnLine, que você conhece como UOL.

De acordo com o IBOPE Nielsen Online, o UOL é o maior portal do Brasil com mais de 50 milhões de visitantes e 6,7 bilhões de páginas visitadas mensalmente. Ele foi fundado pelo Grupo Folha em 1996 e hoje controla inúmeros serviços de internet no Brasil e países da América Latina, sem falar que é parceiro da Band. Não é coincidência que Gleen passou informações dos vazamentos para Band e Folha. É parte do plano.

Mas, o que Omidyar mais deseja é aprender a relação que UOL tem com o sistema bancário com o PagSeguro, que permite pagamentos diretos pela internet dos produtos vendidos pelo próprio UOL, além de criar contas correntes online e cartões de crédito. Nos EUA os banqueiros JP Morgan, Goldman Sachs e outros que comandam o Federal Reserve estão buscando monopolizar o sistema bancário na Era da Internet e temem que o Brasil, com seu Banco Central atrelado – por enquanto – ao Estado, bem como o BNDES, apoiem iniciativas como o PagSeguro que venha a concorrer com as estadunidenses Google, Amazon, Facebook, Apple e Microsoft que disputam para criar moedas digitais, as criptomoedas. Todos sabemos que, apesar de promoverem o neoliberalismo e o livre mercado, as corporações dos EUA não aceitam concorrência. No Brasil dos americanófilos como Moro e Bolsonaro, já foi anunciado que não pretendem concorrer com os americanos do norte e suas empresas, preferindo aceitar migalhas como cães vira-latas, nas palavras de Luis Inácio Lula da Silva, que segue firme, numa nada virtual situação de preso político em Curitiba.

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