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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Golpe 3 é contra Lula

"Num país que vive uma espécie de guerra civil sem armas à mostra, um ano depois do golpe que derrubou Dilma assiste-se ao golpe dentro do golpe para derrubar Temer", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "Engana-se quem imagina que, quando essa disputa terminar, com a vitória de quem for, o país estará pacificado. O terceiro golpe de 2016 para cá está em curso e pretende impedir a candidatura Lula"; PML diz que "no Brasil de 2017, o impedimento de Lula equivale a cassação dos direitos políticos de Juscelino Kubitscheck em junho de 1964, que consolidou o golpe militar, definindo um novo rumo para a ação política, um limite estreito e pré-determinado pela ditadura" 

"Num país que vive uma espécie de guerra civil sem armas à mostra, um ano depois do golpe que derrubou Dilma assiste-se ao golpe dentro do golpe para derrubar Temer", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247. "Engana-se quem imagina que, quando essa disputa terminar, com a vitória de quem for, o país estará pacificado. O terceiro golpe de 2016 para cá está em curso e pretende impedir a candidatura Lula"; PML diz que "no Brasil de 2017, o impedimento de Lula equivale a cassação dos direitos políticos de Juscelino Kubitscheck em junho de 1964, que consolidou o golpe militar, definindo um novo rumo para a ação política, um limite estreito e pré-determinado pela ditadura"  (Foto: Paulo Moreira Leite)
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Vamos nos entender sobre o processo político em curso no país. O Brasil não assiste a um confronto militar mas a uma sucessão de movimentos de força, a margem da Constituição, na qual o aparelho Judiciário assume a função de determinar os rumos do regime político. Foi assim que se derrubou Dilma,  processo no qual o Tribunal de Contas da União teve um papel  menos reconhecido   do que deveria.

 Um ano depois, tenta-se um golpe dentro do golpe para afastar Michel Temer. Você poderia imaginar que, depois que isso se resolver, com a vitória de quem for, o país poderá encarar o calendário constitucional e se preparar para as eleições de 2018, que estão logo aí na frente. Sinto decepcioná-lo.

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 O terceiro golpe de 2016 para cá pretende impedir a candidatura Lula. Claro. O prazo máximo já foi anunciado: até agosto de 2018, quando vence o prazo de registro de candidaturas para o pleito marcado para dois meses depois. 

 Sabemos que se trata do mais popular presidente da história republicana. Aquele que tem condições de reconstruir a democracia e desfazer os retrocessos brutais produzidos pela dupla Temer-Meirelles -- dos quais só pudemos conhecer os aperitivos, até agora. Também é  capaz de devolver ao povo uma auto-estima que ajuda a defender os próprios direitos.

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Impedir a candidatura Lula equivale, no Brasil de 2017, a cassação de direitos de Juscelino Kubitscheck em junho de 1964. Foi essencial para a consolidação do golpe. Definiu um novo quadro, com a demarcação de novos limites, para a luta política. O cancelamento de eleições diretas veio depois, quando a maioria dos derrotados dividia a cadeia e o exílio. 

 Mas não vamos apressar as coisas, até porque a história nunca está escrita antes de ser vivida.

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Estamos falando de uma eleição marcada para 2018, em qualquer caso dificílima, sem vencedor antecipado, cujo desfecho carrega as incertezas próprias de uma democracia. Mas é assim que deve ser:  "Amas a incerteza e serás um democrata", afirma o filósofo político Adam Przeworsky, mestre polonês das lutas políticas de 1980 e 1990, autor de lições preciosas sobre convivência necessária entre democracia e estado de bem-estar social.

 Do ponto de vista dos verdadeiros senhores do processo em curso no país, aqueles que tem a bússola -- que aponta a direção a seguir -- e o cronômetro, que controla o tempo de cada passo, é risco demais após tantas aventuras.  Como opção principal, impede-se Lula. E é este movimento que está em andamento, no qual a sentença de 9 anos e seis meses é apenas a primeira de outras que podem aparecer no meio do caminho. Não custa registrar que, com uma denúncia que não consegue ficar de pé -- a propriedade do triplex -- fez-se uma condenação duríssima, a ser discutida na segunda instância de um tribunal conhecido pela dureza. 

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 Os debates na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, ontem, mostraram uma situação curiosa. Através de denuncias do PGR Rodrigo Janot, temos um conflito entre o golpe 1, de Temer, com o golpe 2, de Rodrigo Maia. Ambos tem os mesmos alinhamentos políticos, o mesmo ímpeto de avançar sobre conquistas populares, chegando a competir para se mostrar mais duro e radical do que o rival ao lado  -- como se viu em todas as decisões importantes, inclusive na votação sobre a CLT. 

 Ambos querem o poder aqui e agora -- mas nenhum quer permitir que o povo faça a escolha, como é natural numa democracia, numa saída urgente e legítima diante da beira de abismo em que o país se encontra. Acho indispensável combater a corrupção mas é fácil reconhecer, pelo golpe 1, as dificuldades do espírito justiceiro usado para vestir o golpe 2.  

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 Não é difícil reconhecer que não há o que esperar deste círculo de interesses fechados, onde o único espaço para as necessidades do povo encontra-se na retórica -- e, às vezes, nem aí. Intoxicados num ambiente onde falta o oxigênio da democracia, não se preocupam com as aparências. Nem fingem mais e jogam bruto -- o que pode ser perigoso, até.

Sua única utilidade é servir como um retrato -- pavoroso -- dos limites que podem ser impostos ao sistema político por medidas de exceção.  

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O que interessa à maioria dos brasileiros é encontrar caminhos para recuperar a soberania popular e reconstruir a democracia. Assim é que poderão ter a palavra sobre seu destino. Não queremos novas ameaças mas  direitos de volta. Esta é a opção necessária. E ela começa com a defesa dos direitos de Lula ser candidato a presidente.   

 Alguma dúvida?     

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