Golpismo e democracia no Brasil: para onde vamos?
A resistência das instituições e dos movimentos populares expõe os limites da ultradireita e reafirma o caminho da democracia no Brasil
Pergunta: Por quais motivos a ultradireita e seu braço militar nas Forças Armadas não conseguiram, até hoje, consolidar o desejo de implantar um novo golpe de Estado no Brasil com ajuda dos EUA?
Refletindo: O comportamento de sujeitos ultraconservadores e patrioteiros como Eduardo Bolsonaro e Paulo Guilherme Figueiredo nos Estados Unidos, bem como o arbitrário tarifaço imposto por Donald Trump ao Brasil, evidenciam o quanto o Estado brasileiro vem resistindo e amadurecendo em relação à sua soberania, em comparação às articulações clandestinas realizadas por militares golpistas junto aos EUA e ao Chile para preparar e executar o golpe de 1964.
Hoje, o país afirma essa soberania a caminho da consolidação de um Estado democrático de direito, devido, fundamentalmente, à ação de partidos democráticos – em especial o PT e à liderança de Lula – assim como ao enorme esforço dos movimentos populares de esquerda, que vêm desempenhando um histórico papel de fundamental importância para a preservação, defesa e fortalecimento de instituições que incluem o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral.
No entanto, falta ainda fortalecer e promover, de forma significativa, os processos de democratização do sistema político, em particular do Congresso Nacional, de tal forma que, além da necessidade de ser ampliada a representatividade da participação popular, também seja relativizada a enorme influência que o dinheiro da elite exerce nos processos eleitorais para garantir, ainda hoje, a eleição de seus representantes políticos, os quais se tornam maioria em um parlamento onde, objetivamente, representam a grande minoria do país.
Além disso, falta ainda ampliar e fortalecer muito o duro trabalho de reconstrução e institucionalização definitiva de um Sistema Nacional de Participação Social, onde o povo possa, com apoio da Pedagogia da Educação Popular, se organizar e ser efetivamente ouvido nos mais diversos processos e espaços de formulação, implementação e controle social das políticas públicas destinadas à construção de uma sociedade em que a democracia, a igualdade de oportunidades para todos, a preservação do meio ambiente e o direito à vida digna e de qualidade sejam as suas marcas constitutivas.
Nesse contexto, a luta popular e democrática deve continuar a caminho de um mundo mais humano neste século XXI, contra todo tipo de negacionismo, fundamentalismo religioso, fascismo, nazismo, bolsonarismo, sionismo, discriminação e preconceito multiculturais.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

