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Chico Vigilante

Deputado distrital e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Legislativa do DF

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Golpistas no banco dos réus: STF em defesa da Justiça e democracia

A sociedade brasileira precisa acompanhar cada detalhe desse julgamento. A democracia não se defende apenas nas urnas, mas na vigilância cotidiana

Supremo Tribunal Federal (STF) (Foto: Antonio Augusto/STF)

O início dos interrogatórios da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) contra os réus do chamado "inquérito do golpe" marca um momento histórico para a democracia brasileira. Pela primeira vez, o núcleo central da tentativa criminosa de subverter a vontade popular em 2022 será confrontado com as provas e os depoimentos que desmontam a narrativa do autoritarismo.

Como presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal, testemunhei de perto os bastidores dessa trama golpista, que incluiu desde a disseminação de fake news até a preparação de um atentado contra as instituições. O trabalho da CPI foi fundamental para expor as conexões entre o poder econômico, milicianos e agentes públicos que conspiraram contra a democracia brasileira.

Na CPI, ouvimos testemunhas e analisamos documentos que comprovam a participação direta de autoridades no financiamento e organização dos atos terroristas em Brasília. O silêncio de Bolsonaro naquela tarde criminosa não foi omissão, mas cumplicidade.

O ex-presidente Bolsonaro, que deverá ser interrogado ainda nesta semana, personifica o fracasso desse projeto autoritário. Líder de uma organização criminosa, ele usou o cargo público para minar a democracia e enriquecer seus aliados. Sua defesa, baseada em negacionismo, já não cola nem mesmo entre seus pares. O depoimento dele será a confirmação de que o Brasil está virando a página de um dos capítulos mais sombrios de sua história.

A delação premiada de Mauro Cid, primeiro a ser interrogado, é a prova de que a teia golpista está se desfazendo. O ex-ajudante de Bolsonaro, agora colaborador da Justiça, deverá confirmar o que já sabemos: houve um plano sistemático para invalidar as urnas eletrônicas, incitar as Forças Armadas contra a Constituição e, por fim, legitimar a violência do 8 de Janeiro.

É emblemático que os réus, agora encurralados, tentem desqualificar Cid e a Justiça. Nas CPIs, vimos a mesma estratégia: ataques ao STF, perseguição a servidores públicos e uma narrativa vitimista para ocultar seus crimes. Mas a verdade é implacável. A "minuta golpista" encontrada na casa de Anderson Torres, as reuniões no Palácio do Alvorada e os decretos fraudulentos revelam uma operação meticulosa. A democracia brasileira sobreviveu, mas não por benevolência dos golpistas, e sim pela resistência do povo, do Judiciário e de parlamentares comprometidos com a lei.

O papel da CPI na CLDF foi decisivo para desvendar como o Distrito Federal foi instrumentalizado como palco do caos. Investigamos o vazamento de dados sigilosos da segurança pública, a conivência de agentes do GDF e o financiamento de empresários aliados ao bolsonarismo. Nossa comissão mostrou que o 8 de Janeiro não foi um "ato espontâneo", mas um ataque premeditado, com roteiro e logística. O relatório final, aprovado com amplo apoio, entregou às autoridades provas contundentes que agora reforçam a ação do STF.

A postura firme do ministro Alexandre de Moraes, que não hesitará em decretar prisões se necessário, contrasta com a impunidade que os golpistas esperavam. Eles subestimaram a força das instituições e a memória do povo brasileiro, que não esquece os anos de desmonte, os mais de 700 mil mortos na pandemia e os ataques à liberdade de imprensa. A direita bolsonarista, acostumada a agir na sombra, agora precisa responder à luz do dia. E o faz sem qualquer projeto para o país. Apenas com a nostalgia de um passado que não voltará.

Como parlamentar eleito democraticamente, defendo que a Justiça seja rápida e exemplar. Não pode haver anistia para golpistas. As penas devem refletir a gravidade dos crimes cometidos, inclusive para servir de lição a eventuais novos aventurismos. A CPI na CLDF recomendou a responsabilização não só dos mandantes, mas dos financiadores e dos agentes que facilitaram a invasão dos prédios públicos. O STF tem agora a chance de fazer valer o Estado Democrático de Direito.

A sociedade brasileira precisa acompanhar cada detalhe desse julgamento. A democracia não se defende apenas nas urnas, mas na vigilância cotidiana contra os inimigos da liberdade. A CPI dos Atos Antidemocráticos cumpriu seu papel ao escancarar as entranhas do golpismo. Agora, o STF deve fechar o ciclo com uma sentença clara: no Brasil, quem atenta contra a Constituição vai para a cadeia.

O futuro que queremos não cabe em celas, mas em escolas, hospitais e políticas de igualdade. Enquanto os réus respondem por seus crimes, seguiremos trabalhando por um país onde a justiça social seja a verdadeira ordem do dia. O golpe fracassou. A luta continua!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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