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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Governador do Rio comemora com dancinha morte de sequestrador baleado nas pernas

"A imagem da comemoração do governador, ao descer do helicóptero que o conduziu até a ponte, transmitida em tempo real por TVs e todo o tipo de suportes técnicos que hoje permitem veiculação, nos traz de pronto a ideia defendida por Marshall McLuhan de que o meio é a mensagem. A afirmação nunca fez tanto sentido", diz Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia, sobre a "dancinha" feita pelo governador Wilson Witzel para comemorar a morte do sequestrador de um ônibus no Rio de Janeiro

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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia - A semana começou com o governador do Rio, Wilson Witzel, sob fortes críticas pela atuação das operações policiais sob seu comando, que deixaram um saldo de seis mortos, há seis dias. Nenhum com fuzil na mão, mas todos abatidos com tiros “na cabecinha”, principal mote da sua política de segurança. Para terminá-la bem, era preciso reverter o quadro tenso em que se meteu Witzel, que em desespero chegou a culpar os defensores dos direitos humanos, pelas mortes dos seis jovens. 

Mas eis que William Augusto do Nascimento, um vigilante de 20 anos, ao sequestrar um ônibus da Viação Galo Branco, na ponte Rio Niterói, com 31 passageiros dentro, salvou, logo no início, a semana do governador. Para comemorar ele fez “dancinha” sobre o cadáver do sequestrador. 

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Sabe-se muito pouco, ainda, sobre as motivações e quem era William, que se meteu no ônibus no trajeto entre São Gonçalo e o Rio. Mas sabe-se bastante da personalidade belicista de Witzel e do quanto o processo legal de punir infratores importa pouco em seu repertório. 

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O rapaz de 20 anos levava consigo uma arma de brinquedo e uma faca, além de mensagens confusas, que não continham ameaças de morte ou exigências características de situações desse tipo. Mas trazia também a oportunidade de ouro, para o governador, de limpar a própria barra e sair-se como herói. Para alguém que iniciou a semana com seis cadáveres de jovens, a caminho do mercado, do treino de futebol, no ambiente de uma festa, ou segurando o filho, (que nem de longe se confunde com uma arma), Witzel tinha mesmo motivos para dançar o “huga-huga”, como um canibal em torno do caldeirão onde fervilham suas vítimas.

A imagem da comemoração do governador, ao descer do helicóptero que o conduziu até a ponte, transmitida em tempo real por TVs e todo o tipo de suportes técnicos que hoje permitem veiculação, nos traz de pronto a ideia defendida por Marshall McLuhan de que o meio é a mensagem. A afirmação nunca fez tanto sentido. 

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Por mais que o governador tentasse, depois que a notícia da morte de William, o sequestrador, se espalhou, fazer o contrito, o discreto, sua euforia já havia escoado por todos os meios. William foi atingido e “neutralizado” – para usar a linguagem policial – por um sniper, ao descer do ônibus e se expor. Foi baleado nas pernas e morreu. O que fica para a sociedade é a mensagem do Witzel que continua a reforçar a necessidade de punir com a morte os que “saem da linha”. Recado aplaudido pelo presidente da República e seus familiares. A plateia de curiosos reunida no local respondeu no mesmo tom. Com urros e aplausos, como num programa do auditório do Faustão. 

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