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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Governos do século 19, doenças do século 19

A imprensa não pode dar a notícia real da febre amarela porque isso incide diretamente no golpe. É uma notícia com potencial eleitoral devastador, que torna tudo ainda mais feio para o PSDB em 2018. Portanto, a lógica da Folha de S. Paulo, Estadão e Globo é: morram

A imprensa não pode dar a notícia real da febre amarela porque isso incide diretamente no golpe. É uma notícia com potencial eleitoral devastador, que torna tudo ainda mais feio para o PSDB em 2018. Portanto, a lógica da Folha de S. Paulo, Estadão e Globo é: morram (Foto: Gustavo Conde)
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O índice de vacinação da febre amarela nos estados do Rio e São Paulo é de 19%. Quando fui confirmar a informação no Google e pus [febre amarela 19...], o buscador completou com 'século 19'. Começa por aí mais esse grande absurdo gerencial diretamente decorrente do golpe.

Vejamos. Uma campanha de vacinação é composta por três elementos fundamentais: vacina, logística de distribuição e informação à população. Os governos Doria, Alckmin, Pezão e Temer conseguem ser os piores do mundo nesses três itens. E ainda têm uma aliada de peso: a imprensa.

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A imprensa minimiza o surto gravíssimo de febre amarela que ocorre no país inteiro. Fosse num governo do PT - não seria, porque nos governos do PT, não se deixava doenças do século 19 voltarem nesse nível de descalabro - a imprensa já teria decretado o fim do mundo. Vocês devem se lembrar do "caos aéreo", não?

A imprensa não pode dar a notícia real da febre amarela porque isso incide diretamente no golpe. É uma notícia com potencial eleitoral devastador, que torna tudo ainda mais feio para o PSDB em 2018. Portanto, a lógica da Folha de S. Paulo, Estadão e Globo é: morram.

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Curioso. Porque o que vende jornal é escândalo. Mas, em se tratando de Brasil, é claro: escândalos seletivos. O PT fora de cena faz cair a tiragem de jornais de maneira devastadora. Mais um ano e eles se recolhem das bancas. Aliás, a hora técnica já passou – agora é só prejuízo.

Interessante como o ódio é um produto extremamente seguro no que diz respeito a investimentos. É o que vende novela, por exemplo (e futebol também - torcidas que se odeiam e que se matam).

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Ódio por ódio - político, libidinal ou visceral - o país segue sua trajetória rumo ao infinito desconhecido. Descontando Lula - que sempre vendeu o amor - a única dimensão que furou essa bolha de ódio foi a escola de samba Paraíso do Tuiuti, naquela aula de humanidade e inteligência desfiladas na avenida.

Enquanto a classe média 'pobre' (de espírito e de renda) ainda "destila" ódio, o movimento contra golpista "desfila" amor na avenida. É, realmente, uma diferença considerável de relação ao espetáculo da vida.

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Por outro lado, o poder público - esse poder público golpista - é o suprassumo da desinteligência e da incompetência. Não são capazes de organizar uma mera campanha de vacinação. Óbvio. Eles demitiram todos os profissionais vocacionados das áreas de saúde para encaixar os seus apaniguados.

Não só. Exterminaram o Mais Médicos, extinguiram o Farmácia Popular e encerraram quase todos os programas de assistência médica direcionados à população de baixa renda. Neste momento, os funcionários não concursados do ministério da saúde nem sabem o que é febre amarela e como se a combate. São políticos natos na acepção pejorativa do termo.

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Interessante é que a classe média - essa classe média fake que é classe trabalhadora e não admite - vai morrendo de febre amarela com a inanição gerencial de Alckmin e ainda vai sustentando o discurso de ódio ao PT, este, que, por sua vez, lhe mantinha viva e com saúde (tinham saúde até para vociferar contra o preço da gasolina; agora não têm mais).

O ódio, realmente impressiona como substrato de controle social. Ele ainda dá as cartas emocionais em parcela considerável da população brasileira, notadamente a paulista de renda mais alta.

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É por isso que Lula assusta tanto. Quando o ódio se depara com o amor, ele tende a se autodestruir. Isso está em Shakespeare (e, basicamente, em toda a psicologia), é só procurar.

De sorte (ou azar) que temos este cenário devastador que se parece muito com um crime de guerra. Deixar uma doença de dois séculos atrás se espalhar com essa violência por um território continental não me parece apenas um descalabro gerencial: parece-me um crime contra a humanidade - não tenhamos medo de preencher todas as letras.

Os governos Doria, Alckmin e Temer não fizeram uma campanha de informação sobre a febre amarela digna do nome. Preferiram torrar os cofres públicos com campanhas pela reforma da previdência - sem contar as inúmeras viagens de Doria e a publicidade generosa de Alckmin nas revistas de opinião industrial.

A população que morre de febre amarela para eles é uma espécie de corolário, é o efeito colateral e o preço sentimental e melodramático da administração pública. Pobres gestores. Precisarão de auxílio psicológico depois de verem tantas mortes provocadas pela força da natureza.

Eu lembro de como o PT era bom em informação. Um surto desses já estaria vencido - ou completamente controlado. As cartilhas, os manuais de saúde chegavam às populações carentes de maneira célere. Não se economizava com esse tipo de coisa, mesmo porque é a ação mais barata que o poder público pode fazer para proteger o cidadão.

Esse derretimento do tecido de proteção social é o resultado massivo do golpe. Ao querer se fazer tudo diferente do PT, o golpe pratica o não gerenciamento, a indiferença, o descaso.

O número oficial de mortes por febre amarela é de 118. O que significa que o número real deva ser bem maior. O consórcio 'imprensa e governos' é muito forte quando se trata de algo delicado e frágil como a comunicação cidadã. A imprensa encobre o surto e o governo aceita.

No meio de toda essa paralisia épica, o carnaval rechaçou o golpe e colocou alguns pingos importantes nos is. O desfile da Paraíso de Tuiuti ainda vai ser devidamente dimensionado. Mas, já é um dos momentos históricos mais importantes do país. Por eles, a gente acredita. Por eles, a gente luta. Por eles, a gente vence.

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