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Aloizio Mercadante

Aloizio Mercadante é economista, professor licenciado da PUC-SP e Unicamp, foi Deputado Federal e Senador pelo PT (SP), Ministro Chefe da Casa Civil, Ministro da Educação e Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação

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Guedes no paraíso fiscal e o povo passando fome

"É difícil imaginar que Paulo Guedes tenha como se defender no plenário da Câmara de Deputados, mais difícil ainda é o país continuar assim até o final de 2022", avalia o ex-ministro e presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante

Paulo Guedes (Foto: Reuters/Adriano Machado | Reprodução)
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O descalabro do desgoverno Bolsonaro vai empurrando o Brasil para uma situação insustentável e dramática. Os retrocessos e desmontes envolvem todas as áreas do estado e o presidente da República segue tentando agir como se não fosse ele o principal responsável pelo abismo em que o país se encontra.

Na saúde, além dos horrores que estão aparecendo nas investigações da CPI e dos mais de 600 mil mortos na pandemia, o governo segue defendendo o tratamento precoce com Cloroquina já completamente descartado pela medicina. O quarto ministro da saúde expôs o Brasil a um vexame global na ONU, ao relativizar junto com Bolsonaro a relevância da vacina e terminar contaminado, junto com outros membros da delegação brasileira.

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No meio ambiente, temos um histórico de ministros mais comprometidos com a predação do que com a proteção dos nossos biomas, em meio a tragédia da devastação da Amazônia e a indignação de um planeta exposto ao desequilíbrio climático promovido pelo aquecimento global.

O Ministério da Educação já está no quarto ministro. O primeiro foi um monarquista, o segundo, um obscurantista considerado por muitos especialistas como pior ministro da Educação da história do Brasil.

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O terceiro foi sem ter sido e o atual defende que a universidade deve ser para poucos, que crianças com deficiência prejudicam o ambiente escolar e agora está desmontando a Capes e comprometendo a pós-graduação.

Na ciência e tecnologia, temos um ministro vestido astronauta que vive no mundo da lua e assiste passivamente mais um corte devastador no orçamento da ciência.

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Na justiça, um ex-ministro patrocinou o maior episódio de lawfare da história do país, conforme revelou a Vaza Jato e reconheceu o próprio STF e outro se utilizou da Lei de Segurança Nacional, felizmente revogada pelo Congresso Nacional, para perseguir adversários político e quer, agora, virar ministro do Supremo com uma indicação no limbo, sem que o Senado se disponha a votar o nome dele.

E, na economia, temos um ministro que participou da imposição da agenda neoliberal da ditadura pinochetista, operador de mercado e que veio para ser um superministro. Por isso, centralizou os Ministérios da Fazenda, da Indústria e Comércio, do Planejamento, do Trabalho e a Previdência e está apresentando os piores indicadores econômicos da história recente do país.

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A recessão ameaça voltar, a inflação na casa dos dois dígitos, 20 milhões de desempregados, uma precarização sem precedentes no mundo do trabalho e a desindustrialização e a fuga de empresas do país seguem sem incomodar a agenda do ministerial. A prioridade é patrocinar uma pedalada fiscal de R$ 50 bilhões para 2022, mas segue defendendo o teto de gastos para o próximo governo, teto que nunca foi respeitado desde o golpe.

Guedes ainda tem o desplante de dizer que empresários deveriam ter vergonha de não pagar impostos no Brasil, que dólar alto é bom porque até empregada doméstica estava indo para Disney e que o Fies bancou até filho de porteiro nas universidades, enquanto tem uma fortuna em dólar em um paraíso fiscal. Mesmo modo operacional do presidente do Banco Central, um escárnio!

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Paraísos fiscais são esconderijos do dinheiro, instrumentos de lavagem e mecanismo de sonegação fiscal. A estimativa é de que exista US$ 36 trilhões em depósitos em paraísos fiscais e a perda de receita em tributos é avaliada em US$ 900 bilhões por ano.

Na crise de 2009, houve um forte movimento para acabar com os paraísos fiscais e nada foi feito. Agora, há uma importante articulação que reúne 140 países, para a criação de uma tributação mínima obrigatória para qualquer empresa em qualquer lugar do mundo. Este é um importante mecanismo para proteção das economias nacionais e de controle da evasão fiscal.

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É evidente que esses vultosos valores em offshores são incompatíveis com a natureza da função pública de Guedes e Roberto Campos Neto. Os dois são reguladores do mercado de capitais e da taxa de câmbio. Sem falar que, na reforma tributária, Guedes patrocinou a redução da taxação das aplicações fora do Brasil para 6%, enquanto um assalariado paga até 27,5% de imposto de renda como pessoa física.

Além disso, essa fortuna no estrangeiro não gera investimento, renda ou desenvolvimento do país, o que mostra uma relação de desconfiança do ministro com a sua própria política econômica.

Enquanto isso, o povo vai vivendo o inferno da carestia, da fome e da miséria. No país que é o maior produtor e exportador de carne do planeta, o povo pobre, depois de abandonar a carne, o frango e o ovo, disputa um pedaço de osso, um pé de galinha ou uma carcaça de peixe.

É difícil imaginar que Paulo Guedes tenha como se defender no plenário da Câmara de Deputados, mais difícil ainda é o país continuar assim até o final de 2022.

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