Há um ano começou o golpe para destruir o Brasil

Prezada amiga Claudia Tamsky, Boston, Manaus

Há um ano, 17 de abri de 2016, na noite da canalhice, da perversão, do deboche, da falta de respeito, do mau caráter e do assalto ao Brasil começou o golpe de Estado dado por bandidos vendidos e apodrecidos desta república.

Certamente a amiga, uma pessoa engajada na luta pela libertação popular, e muitos patriotas brasileiros, jamais nos esqueceremos da dor que sentimos ao vermos pela televisão o quanto gente que conhecíamos falava em saudações a torturadores, a imorais, a burgueses dos mais podres e iníquos socialmente e homenageavam os piores canalhas que atuavam como inimigos do Brasil.

A noção de política dos deputados e das deputadas que votaram no impeachment, condenando a Presidenta Dilma Rousseff à perda do cargo, pior, sem nenhum crime nem culpa, demonstrada na festa dos horrores foi de uma mediocridade e personalismos dos mais tristes e lamentáveis.

Ao dedicarem o golpe a esposas, esposos, filhos, netos e amigos demonstraram que, além de sujos, são mesquinhos ao fazerem política em torno dos interesses tacanhos de suas turmas.

Entre o golpe na Câmara dos Deputados, há um ano, e o completado no Senado na noite de 31 de agosto, viajei a Cametá no Pará para uma palestra num encontro com clérigos e lideranças populares.

Lá vi, desde a base mais anônima e esquecida da sociedade, o quanto há trabalhadores das matas, das águas e da cidade que têm a compreensão exata do processo golpista.

Enquanto alguns bispos conservadores giraram discursos enganosos e fáceis, perigosamente influenciados pela mídia historicamente manipuladora e mentirosa, afirmando que Lula e Dilma eram do "modelo rouba mas faz", o povo afirmava que isso era mentira para favorecer o golpe. Melhor ainda, o povo mais simples demonstrou conhecer a realidade de modo impressionante, calando os alcoviteiros da prostituição da democracia.

De lá para cá é cada vez mais claro o cruzamento de causas do golpe sujo que inferniza o Brasil e desgraça nosso povo. As causas são ornadas de mentiras, de cinismo, de traição, banditismo, crimes políticos e econômicos e aviltamento de nossa soberania nacional.

Bispos, padres, pastores, empresários, professores, jornalistas, policiais etc conservadores e alienados nada fazem para colaborar com a verdade, pelo contrário, são entulhos acumulando entulhos como lobos vestidos de ovelhas.

As causas do golpe, que só faz crescer a tragédia nacional em torno da humilhação política e econômica, são várias e de fácil entendimento: a)o imperialismo, o mesmo que pratica a política das guerras arrasa humanidade e nações, que promove o terror contra o Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria, Coréia Democrática, Rússia, África, Palestina, Venezuela e América Latina é o mesmo que age por trás do golpe no Brasil, comprando parlamentares, juízes, policiais, militares, a mídia e empresários do pato amarelo. As corporações internacionais, verdadeiras espinhas dorsais e órgãos dos Estados imperialistas, encontram terreno livre para roubar nossas terras, nosso petróleo, nossa Petrobrás, nossas empresas fragilizadas pela força tarefa lava jato, nossa viação aérea, nossa Amazônia etc, tudo sem dar um tiro, contando com a colaboração canalha dos golpistas; b)setores do empresariado rentista, industrial, agrícola e comercial, eternos lobistas compradores de deputados e senadores, são ativistas do golpe que avança sobre os direitos dos trabalhadores e sua vida com qualidade, levando as pancadas sanguinárias para o campo da fragilização constitucional do trabalho. São os bandidos das emendas sujas, que rasgam nossa carta magna e pisam na produção, gerando miséria e pobreza; c)a mídia corporativa-familiar-tradicional é dedicada colaboradora do golpe de Estado iniciado no dia 17 de abril de 2017.

Diante de tal quadro terrorista, embora incompreensível para os "anjos da guarda" da alienação e da falsa neutralidade, muitos já reagem com força, com o ímpeto libertador pascal para desviar a explosão das bombas políticas e econômicas, estourando cada vez mais sobre as vidas dos trabalhadores e dos pobres.

Nesse sentido, minha amiga, é digna de destaque as preparações da Greve Geral do dia 28 de abril, que barrará o golpe; as manifestações de intelectuais e artistas que se posicionam contra o martírio expresso nas "reformas" dos golpistas, visando sempre o retorno à escravatura; as notas da CNBB e da Câmara dos Bispos da IEAB; das missas e pregações católicas em todo o País, conclamando o povo à resistência ao que o governo usurpador, sem votos e vazio de democracia e os canalhas do congresso golpista visam para atacar os direitos sociais e ao desenvolvimento social.

As mãos e as vozes populares se unem em todo o País somando-se aos equivocados que foram às ruas pedir golpe contra a Presidenta Dilma, confundindo ignorantemente corrupção capitalista neoliberal com moralismo fascista.

Essa crescente unidade é bem vinda e muita boa. Mas é preciso muito mais. Ou o Brasil para de fato e integralmente no dia 28 ou não brinquemos de greve geral, preparando mais e profundamente o movimento. Aumentar a desilusão social e o enfraquecimento moral dos sindicatos e centrais seria dar fôlego aos bandidos e canalhas golpistas.

Deve-se buscar a ação não só para varrer o golpe dos bandidos, ladrões, corruptos e canalhas, mas para definitivamente avançar na afirmação da democracia com desenvolvimento profundo e participativo popular com soberania nacional inquestionável.

Esse é a vocação para todos nós nesse momento.