Hackers do Brasil ou Bilionários do Trump?
O destino do meio bilhão de reais que serão gastos na internet na próxima eleição
Nos próximos anos, veremos novamente um espetáculo digital multimilionário, onde candidatos despejarão centenas de milhões de reais para alimentar os algoritmos de empresas estrangeiras. Em 2022, mais de R$ 377 milhões foram investidos apenas em impulsionamento de conteúdo nas redes sociais. Em 2024, esse número já ultrapassa R$ 316 milhões e, para 2026, a tendência é que os valores ultrapassem meio bilhão de reais. Tudo isso para encher os cofres de Zuckerberg e Musk, enquanto o Brasil segue sem nenhuma estrutura digital própria para comunicação política e social.
Mas e se esse dinheiro ficasse aqui? E se, ao invés de transferirmos fortunas para as big techs, investíssemos em uma rede nacional, descentralizada e baseada na economia solidária? A Onda.Social já nasce como essa alternativa: uma plataforma construída por hackers, cooperativas e comunidades que querem soberania digital e transparência na comunicação.
Agora imagine um modelo onde as campanhas eleitorais, ao invés de gastarem fortunas para entregar anúncios ao público em redes controladas por bilionários estrangeiros, pudessem recompensar diretamente os usuários da plataforma não apenas pelo tempo que passam consumindo conteúdos, mas pela qualidade da interação e da participação na rede.
Aqui, o incentivo não seria baseado apenas em tempo de uso, como no Kwai ou no TikTok, mas na forma como o usuário contribui para um ambiente digital saudável e produtivo. Quem compartilha conteúdos de qualidade, interage de maneira respeitosa e constrói diálogos positivos seria recompensado. Por outro lado, quem espalha desinformação, promove ódio ou age de forma tóxica não apenas deixaria de ser beneficiado como também poderia perder privilégios dentro da rede.
Essa abordagem inverte a lógica das redes tradicionais. Atualmente, algoritmos das Big Techs priorizam conteúdos polêmicos e sensacionalistas, pois geram mais engajamento e, consequentemente, mais receita publicitária. Na Onda.Social, a lógica seria outra: o que ganha destaque não é o que gera ódio ou desinformação, mas o que fortalece o debate público de forma ética e democrática.
A lógica atual é absurda: candidatos progressistas e até órgãos públicos despejam dinheiro para disputar espaço no feed controlado por bilionários alinhados com a extrema direita global. Cada real investido no impulsionamento de um post no Facebook ou Instagram é um real que financia a própria máquina de manipulação que distorce eleições mundo afora. Elon Musk e Mark Zuckerberg lucram duplamente: primeiro, vendendo alcance para políticos e governos e, depois, direcionando seus próprios algoritmos para favorecer aqueles que defendem seus interesses.
A Onda.Social propõe reverter essa lógica. Ao invés de dependermos de plataformas que privilegiam desinformação e sensacionalismo, podemos criar um ambiente digital controlado por suas próprias comunidades, com transparência e sem exploração comercial. E mais: um sistema que redistribui diretamente os recursos das campanhas entre os próprios usuários como recompensa pela participação positiva garantiria que o dinheiro investido não só servisse à comunicação política, mas se transformasse em um incentivo para um ambiente digital mais saudável e equilibrado.
A pergunta que fica é simples: vamos seguir despejando rios de dinheiro nos bolsos dos bilionários do Vale do Silício ou vamos apostar na soberania digital e no futuro da comunicação no Brasil? O que falta para esse meio bilhão de reais fortalecer nossa própria rede, nossos próprios hackers e nossa própria democracia?
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

