Haddad para o Senado; quem vai substituí-lo?
Haddad, que já deve estar se preparando para viver novo clima, é a arma de Lula para São Paulo ganhar no Senado
247 - Os termos pejorativos e agressivos do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, em relação à direita e ultradireita fascistas, que denominou de "escrotos", sinalizam novo comportamento compatível com a luta política eleitoral.
O presidente Lula quer Haddad no Senado.
Quem tiver voz ativa no Senado, dominará o poder, que mudou de característica, depois do golpe neoliberal de 2016.
Agora, os neoliberais impuseram o semipresidencialismo ou neoparlamentarismo como característica de novo poder.
A equiparação de forças políticas entre o presidencialismo, comandado pelo presidente Lula, conforme a Constituição, e o semipresidencialismo inconstitucional, exigiu do poder executivo flexibilidade no comando do poder.
O BI-PODER
Aceitou fazer concessões e, agora, predomina o BI-PODER, dada a força do semipresidencialismo em impor ao governo emendas parlamentares inconstitucionais, cujo objeto confronta o próprio orçamento da União.
Virou empecilho à plena governabilidade do Executivo, que perdeu força para reagir ao ataque de um Congresso, majoritariamente, oposicionista.
A democracia brasileira mudou de face: saiu o presidencialismo, que sobrevive como aparência, e entrou o neoparlamentarismo, como essência, que aprova o orçamento da União e cobra um pedágio por essa prerrogativa institucional em forma de emendas parlamentares.
O poder não está mais no Executivo, mas, predominantemente, no Legislativo.
Como pressuposto fundamental, o BI-PODER obriga os partidos a ganhar cadeiras no parlamento, na Câmara e no Senado, para dar as cartas no próprio BI-PODER, o poder compartilhado.
Repete-se o que aconteceu na Era FHC em que o senador Antônio Carlos Magalhães arregimentou poder para se equivaler ao Executivo nas determinações de governo, dentro de um poder compartilhado, como denunciou o senador Lauro Campos (PT-DF)
O presidente Lula quer eleger para o BI-PODER homens de sua confiança, com indiscutíveis créditos e forças políticas, formadas ao longo de sua carreira, como o ministro Haddad.
A nova linguagem de Haddad para os adversários "escrotos" é o discurso de campanha que já começou.
Logo, logo, portanto, terá que desincompatibilizar-se do cargo, obedecendo à lei eleitoral, para disputar eleição.
NOVO MINISTRO DA FAZENDA
Quem ficará no lugar de Haddad?
O novo ministro da Fazenda continuará a política de austeridade, que favorece a oposição, na disputa eleitoral, ou mudará o discurso, compatível com a vitória na disputa em 2026?
O discurso desenvolvimentista petista cria outro astral no eleitorado de esquerda.
Por isso, é esperada com ansiedade a nova eleição para presidente do PT, em julho.
Aos poucos, portanto, Haddad vai mudando seu perfil, para enfrentar as urnas.
Nas ruas, em luta pelo voto, Haddad, certamente, abandonará o discurso de austeridade fiscal e monetária, para defender o oposto: discurso popular, de flexibilidade fiscal e monetária, para favorecer o desenvolvimentismo.
Juros mais baratos para o pessoal da 25 de Março!
Em campanha política, Haddad pode ou não criticar o Banco Central e sua ortodoxia monetária que impede o desenvolvimento com os juros altos?
Assim como Lula se define como uma metamorfose ambulante, adequando-se às circunstâncias de momento, o ministro Haddad, se sair candidato ao Senado, por solicitação do próprio presidente, para disputar nas urnas, teria que seguir a tática da metamorfose lulista.
A determinação de Haddad de combater tenazmente a oposição "escrota" é a própria decisão dele de executar esse discurso na disputa eleitoral.
"Alea jacta est" - a sorte está lançada.
Lula vai precisar de um Senado majoritário e o papel do novo presidente do PT, ainda, a ser eleito, será o de buscar maioria congressual para o presidente exercitar a governabilidade com mais liberdade.
Haddad, que já deve estar se preparando para viver novo clima, é a arma de Lula para São Paulo ganhar no Senado.
Os adversários já estão de olho e se preparam para a nova luta, para não perder a batalha eleitoral com discurso para contestar o representante do governo em SP.
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