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Alex Solnik

Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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Henfil colocaria Fux no cemitério dos mortos-vivos

"Imagina, impedir um ex-presidente da República de se expressar em plena vigência da constituição democrática! Não se trata de libertar Lula, mas somente deixá-lo falar", diz o colunista Alex Solnik; "Sem nenhum escrúpulo nem respeito à constituição, que garante esse direito a todos, Fux comete o maior erro de sua lamentável trajetória no STF e se arroga o título de pequeno ditador", afirma; "Henfil criou, no Pasquim, um 'cemitério dos mortos-vivos' onde sepultava os inimigos da democracia. Se estivesse vivo, com certeza acomodaria ali o ministro-censor"

Henfil colocaria Fux no cemitério dos mortos-vivos (Foto: Esq.: Divulgação (STF) / Dir.: Stuckert)

Quando se apresentou tocando guitarra na festa de comemoração de sua nomeação para o STF, Luiz Fux deu a primeira demonstração de que não era a pessoa certa para o lugar certo. Suas intervenções nos debates, seu colarinho alto, sua soberba, seu olhar de ave de rapina e seus votos em plenário passaram a revelar um magistrado de formação rasa, argumentos toscos, quando não irrelevantes e nenhum respeito à constituição. Entrou alegremente no time dos punitivistas e dos que elegeram como oráculos a Rede Globo e Sérgio Moro, aos quais ergueu altares onde reza diariamente, conspurcando a sua origem judaica que abomina adoração a ídolos. E também legislou com um olho no Direito e outro nas demandas da família, contrariando o preceito judaico da justiça, expressa por Salomão.

Mas agora ele ingressa numa outra categoria. Passa a fazer parte da galeria infame dos censores – que queimaram livros, filmes e calaram políticos durante as duas ditaduras brasileiras - ao proibir Lula de dar entrevistas que tinham sido liberadas por seu colega Ricardo Lewandovsky.

Imagina, impedir um ex-presidente da República de se expressar em plena vigência da constituição democrática! Não se trata de libertar Lula, mas somente deixá-lo falar. E Fux nega esse direito elementar ao maior líder popular do país. A quem, por sinal, o indicou ao STF, mas isso não vem ao caso. Sem nenhum escrúpulo nem respeito à constituição, que garante esse direito a todos, Fux comete o maior erro de sua lamentável trajetória no STF e se arroga o título de pequeno ditador. Pode até receber aplausos dos que sonham com a volta dos militares, mas será lembrado no futuro como um dos coveiros da democracia brasileira.

Henfil criou, no Pasquim, um "cemitério dos mortos-vivos" onde sepultava os inimigos da democracia. Se estivesse vivo, com certeza acomodaria ali o ministro-censor.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.