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Maria Luiza Franco Busse

Jornalista há 47 anos e Semiologa. Professora Universitária aposentada. Graduada em História, Mestre e Doutora em Semiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com dissertação sobre texto jornalístico e tese sobre a China. Pós-doutora em Comunicação e Cultura, também pela UFRJ,com trabalho sobre comunicação e política na China

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Hiroshima, um ato de desamor

Os efeitos do “novo e revolucionário“ método de extermínio em massa, já inaugurado pelas Câmaras de gás nazista e seus fornos incineradores de corpos humanos, reinauguraram a contemporaneidade

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Era um dia de mercado, escola, roupa lavada e camas desfeitas. O relógio marcava 8:15 da manhã. No 06 de agosto de 1945, cerca de 50 mil pessoas sumiram de imediato do mapa mundi pulverizadas pela bomba de urânio lançada pelo governo dos Estados Unidos da América sobre a cidade de Hiroshima, tratada como “uma base militar” pelo presidente Harry Truman.

No pronunciamento ao grande público, Truman declarou: “O mundo já sabe que a primeira bomba atômica foi lançada em Hiroshima, uma base militar. Há dezesseis horas, um avião dos Estados Unidos lançou uma bomba sobre Hiroshima, uma importante base do Exército japonês. Essa bomba tem mais poder do que 20 mil toneladas de TNT. Tem mais de duas mil vezes a potência explosiva que a bomba britânica Grande Slam , que é a maior bomba até agora usada na história militar. Com esta bomba, nós estabelecemos um novo e revolucionário avanço em armas de destruição, para aumentar o crescente poder de nossas forças armadas. Estas bombas estão sendo produzidas assim atualmente, porém ainda mais poderosos modelos estão sendo desenvolvidos. Trata-se de uma bomba atômica. É a utilização do poder básico do universo. ”

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O experimento em Hiroshima rompeu a barreira do céu como limite e três dias depois, 09 de agosto, os estrategos estadunidenses lançaram sobre a cidade de Nagasaki outra bomba, essa de plutônio, que matou cerca de 40 mil pessoas, na hora próxima ao almoço. As demais tantas vítimas vieram em seguida.

Os efeitos do “novo e revolucionário“ método de extermínio em massa, já inaugurado pelas Câmaras de gás nazista e seus fornos incineradores de corpos humanos, reinauguraram a contemporaneidade, com a diferença de que os nazistas se preocuparam em conservar o espaço vital onde o reinaria o III Reich germânico, o que não foi e continua sendo o caso do fundamentalismo religioso dos colonos que fizeram a América, nem aí para se o mundo vai acabar ou não quando disparam o último lançamento em matéria de  novidade bélico-tecno.

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O tempo de hoje foi reinaugurado sobre os escombros de bombas, câmaras e fornos. A contemporaneidade em que estamos postos nasceu com a Revolução Francesa da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ideais que a burguesia arrancou do rumo popular da revolução ao articular e dar apoio irrestrito ao golpe do general Napoleão que fechou a Assembleia com seus granadeiros.

O passado está sempre a visitar o presente e a pandemia é mais uma evidência. O tecnogenocídio dos anos 1930 e 40 do século XX deixou de herança um tipo de comportamento sem responsabilidade e sem compromisso com a preservação da vida produzido pelo forte sentimento de falta de perspectiva de futuro. A indiferença em relação à pandemia, que assusta e choca, pode estar se encontrando com uma das suas origens. Sem futuro não há que se perder tempo com um vírus invisível, minúsculo e gorduroso. Em todo o mundo o corona vírus-19 já tirou 700 mil vidas. No brasil, o número de mortos se aproxima dos 100 mil ao mesmo tempo que a cada dia aumenta mais o piquenique, festas, e confraternizações, nos bares, nas ruas, praias, parques e praças.

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Para um número massivo de pessoas a vida passou a ser o agora, provável que impulsionado pelo fantasma de que a qualquer momento o mundo inteiro, ou mesmo somente o seu particular, vá pelos ares por, sabe-se lá, um artefato que esteja sendo construído pelos artífices dos experimentos científicos que tão bem servem à violência garantista de determinados poderes.

A Ciência que desenvolve a vacina capaz de tirar todos nós do confinamento contrário ao mais amoroso da nossa sociabilidade é a mesma que desenvolveu a bomba atômica, a câmara de gás e o incinerador que alteraram a subjetividade contemporânea. Entretanto há diferença, e ela está na expectativa de futuro dos cientistas. No modo de trabalhar o conhecimento, há cientistas que dedicam a vida à descoberta da vacina e perguntam “para que construir uma bomba atômica? ”, enquanto outros constroem pelo fascínio do experimento “novo e revolucionário” sem nada perguntar, sem se importar com o hoje e menos ainda com o amanhã. Mais do que nunca a Ciência prova que viver tem lado e priorizar a Vida é uma questão de escolha.

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