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Eduardo Martins

Professor de História da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

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Historia est magistra vitae

As gerações futuras irá nos olhar com tristeza e perguntar onde nós estivemos quando um terraplanista nos obrigou a seguir as suas ordens; da mesma maneira como nós julgamos os velhos que deram o golpe militar. Assim é a história; implacável com quem a ignora, com quem a deixa passar dormindo, ou pior, quem colabora com o negacionismo, com o terraplanismo

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Caros professores a universidade pública está nas mãos dos terraplanistas! Diante desse fato decorre uma série de problemas para a sua gestão em nível federal na maior e mais importante pasta da nação que é da educação, o MEC. O principal problema é o de que ser terraplanista leva automaticamente ao negacionismo da ciência e da razão e só por isso já é digno de repúdio. 

Lembro aqui alguns ex-ministros dignos desse título; Darcy Ribeiro (1962 – 1963) tirado pelos ditadores militares, que não gostavam de educação popular (qualquer semelhança com o presente não é meta coincidência), vou pular todos os ministros da ditadura militar, me nego a dar nomes a esses senhores que destruíram a educação no Brasil durante seus eternos vinte e um anos (21) de ditadura barbará, continuando com os ministros genuinamente educadores; Paulo Renato (1995 – 2003), Cristovão Buarque (2003 – 2004), Renato Janine Ribeiro (2005 – 2005), e o filósofo Fernando Haddad (2005 – 2012), esse último foi o responsável pela criação dos Institutos Federais, do reuni e da expansão da universidade federal por todo o país, bem como responsável pela abertura de milhares de vagas para concurso e de provimentos dos nossos cargos e estruturação da nossa carreira docente.

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Voltando ao terraplanista. A partir dessas considerações preliminares e de todas as declarações contra a universidade, suas posições claramente antipedagógicas, sua má conduta ao bloquear as verbas e demais gracejos, piadinhas e pilhérias contra nós professores e professoras e contra nossos alunos e alunas. Sendo, então, a ciência o norte e a nossa razão de ser em nossa vida universitária, quer lecionando, quer pesquisando fica antitético levar o terraplanismo a sério, tampouco seguir suas determinações.

Diante de tais ponderações o que se deve fazer é defender a universidade pública, gratuita, de qualidade e laica. Perante esse quadro desolador, é dever de todo professor minimamente politizado e de todo estudante se posicionar firmemente a favor da dela. Assim, cabe principalmente e, sobretudo, aos gestores; reitores, diretores de campus e coordenadores de cursos uma posição clara e abertamente contrária aos desmandos e ataques, contra as aulas à distância, e solicitação pública do cancelamento do calendário acadêmico e anulação do Enem 2021 uma vez que os estudantes das escolas públicas nem sempre conseguem ter a qualidade digital e de recursos tecnológicos que os mesmos de colégios particulares, dessa feita, poderemos ter uma desproporcionalidade entre quem deverá entrar numa universidade pública em 2021. Isso vale para um terço dos brasileiros que nem mesmo possui acesso à internet, caso também das escolas rurais.

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É mesmo um dever e uma obrigação de todos nós que fazemos parte da universidade nesse momento dito "de guerra" empunhar nossas armas, o conhecimento científico, contra o inimigo terraplanista e negacionista. E se acaso estamos mesmos numa guerra, que entremos para vencer, para derrotar nosso maior inimigo; O MEDO!

Não podemos aceitar passivamente a destruição da universidade pública brasileira – federais em especial. Porque a história nos cobrará essa conta, as gerações futuras nos questionarão onde estivemos quando o MEC estava nas mãos de inimigos da educação superior. De que lado ficamos no ano de 2020 em que em meio a maior pandemia da modernidade o MEC obrigou a universidade a dar aulas a distância no momento em que tanto os docentes quanto os estudantes estavam completamente "perdidos", totalmente fragilizados por ter que cuidar da sanidade física e mental de si próprios e dos seus entes queridos. A resposta é obvia a obrigatoriedade de dar aulas a distancia é ideológica neoliberal e advém de fato do negacionismo da pandemia, da força destruidora do vírus COVID-19. Assim em decorrência dessa visão de mundo eles negam a doença em detrimento do LUCRO, por isso apoiam carreatas da morte organizadas e executadas pela elite irresponsável, “elite do atraso” como diz o sociólogo Jessé Souza, a mesma que se perpetua nos poderes desde a escravidão e que agora tomou o Planalto e a universidade, a mesma que promove a queima de livros, o fechamento de arquivos públicos e museus, a mesma que está destruindo a universidade ao apoiar a EC 55, conhecida como “PEC da morte”, que congelou os investimentos por vinte anos (20), exatamente, o atual governo votou a favor dessa PEC e hoje a defende, está matando por estrangulamento a universidade pública, sobretudo no setor de pesquisas. Vejam que a CAPES está completamente nas mãos dos terraplanista que praticamente acabou com a pesquisa científica no Brasil. A proposta de “reestruturação” é indecente e criminosa com o engodo “FUTURE-SE”, leia-se “privatize-se”. Neoliberalismo não rima com universidade pública, gratuita e de qualidade. Qual reitor não repudia isso?

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As gerações futuras nos enquadrará com dureza nas palavras como nos fazemos com os velhos alemães colaboracionistas do nazismo; como foi possível colaborar com o psicopata do Hitler? As gerações futuras irá nos olhar com tristeza e perguntar onde nós estivemos quando um terraplanista nos obrigou a seguir as suas ordens; da mesma maneira como nós julgamos os velhos que deram o golpe militar. Assim é a história; implacável com quem a ignora, com quem a deixa passar dormindo, escondido embaixo da cama, ou pior, quem colabora com o negacionismo, com o terraplanismo. Quem deixará seu nome marcado na história são aqueles que não se acomodam que não se deixam seduzir por pequenos favores ou cargos, tudo isso é ilusório, egoísta e passageiro. Dado que nossa missão no presente é proteger a universidade para as gerações futuras.

A história como magistra vitae cobrará um preço muito alto de quem nesse momento é colaboracionista com essa política de destruição da Universidade, de negação da ciência, de propostas indecentes de aulas a distância. Só vale a pena dizer que é um professor quando se luta, quando se defende politicamente a educação, a aula presencial, quando se preza de verdade o método de ensino e aprendizagem baseado naquilo que o mestre Paulo Freire chamou de pedagogia para a liberdade, um tipo de educação que ensina como deixar de ser oprimido e alienado. Contudo, para ensinar para a liberdade o professor deve ser livre e para ensinar para a autonomia deve ser autônomo; porém, será que a categoria docente também não estaria cooptada pelo sistema neoliberal, pelo lucro e pela noção vil de estatística? Até que ponto gestores em geral não são escravos dos números, não tratam estudantes como massa de manobra? E se assim o fazem, será que também não estão acomodados como servidor público, também chamados de PARASITAS por um dos ministros neoliberal e anti universidade pública.

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Concluo minhas breves ponderações de “guerra” com o patrono da educação brasileira: "quando a educação não é libertadora o sonho do oprimido é ser opressor". Como você professor acha que entrará para a história; como quem resistiu, lutou e defendeu a universidade contra o terraplanismo ou como um colaboracionista da destruição, do sucateamento dela. Cuidado. A história até hoje julga e cobra os nazistas e os ditadores militares, que destruíram os livros e as universidades. 

Confrades nem pensem em se esconder; as gerações futuras saberão onde se encontram bons historiadores que revelam a verdade por meio da ciência e dos fatos; por fim, dela dizia Cícero: historia est magistra vitae.

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Fraternos abraços.

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