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Maria Luiza Franco Busse

Jornalista há 47 anos e Semiologa. Professora Universitária aposentada. Graduada em História, Mestre e Doutora em Semiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com dissertação sobre texto jornalístico e tese sobre a China. Pós-doutora em Comunicação e Cultura, também pela UFRJ,com trabalho sobre comunicação e política na China

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História para ser recontada

O fascismo nunca morreu. O fascismo nasce e cresce embalado no berço do liberalismo

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O fascismo nunca morreu. Foi derrotado na II grande Guerra do século XX, mas não acabou. Assentado na esteira do liberal-capitalismo, seguiu tomando formas e modos de operar adequados a cada momento da História. Não é menor, nem frase de efeito, a advertência do yanke capturado pela resistência da gente de Bacurau e enterrado vivo no porão do vilarejo: “Isso é só o começo”.

O fascismo nasce e cresce embalado no berço do liberalismo, do período de 1918 a 1945, e desperta nas crises do capitalismo. O fascismo é a face mais reacionária, violenta e atrasada da direita liberal burguesa indiferente a tudo que não seja útil e funcional para seu esquema de alta rentabilidade.

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Quando as tentativas de êxito do mercado autorregulável esbarram nas suas irremediáveis contradições internas, acirrando-se paroxismo inerente que quebra países, joga massas ao relento, descura da promoção de assistências sociais básicas, e a organização dos trabalhadores se apresenta como força transformadora, o fascismo acelera e se toma de senhor soberano da ordem investido do poder de eliminar as oposições de direita e esquerda. Os principais inimigos do nazi fascismo são a democracia liberal burguesa e o marxismo.

Assim esse artigo chega ao ponto da história que pretende recontar. De modo preliminar, modesto, mas com a intenção de colaborar para o conhecimento da construção do fenômeno que deu origem à inimizade doutrinária do nazismo para com a democracia liberal burguesa e o marxismo. Para isso, foi à fonte. A seguir, trechos do texto de Hitler, escrito em 1924, sobre o que seria seu programa quando chegasse ao poder.

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Democracia Liberal burguesa

“ A burguesia liberal e democrática conduziu, com seus erros, os trabalhadores ao socialismo” (...). “ A doutrina marxista é a essência mesma do sistema filosófico em geral admitido hoje. Por causa disso o mundo burguês não pode lutar contra, porque o mundo burguês está impregnado desse veneno e, em geral, não se distingue da concepção marxista senão por matizes ou por pessoas. O mundo burguês é marxista, mas crê na dominação de certos grupos_ a burguesia”. (...) “ Na verdadeira democracia, o chefe livremente eleito deve chamar para si a responsabilidade inteira de todas as suas ações. Esta democracia não admite que todos os problemas sejam resolvidos pelo voto de uma maioria. Um só decide e é responsável pela sua decisão com seus bens e sua vida”.

Sobre a conquista do povo

“O movimento é antiparlamentar em sua essência e em sua organização profunda. Isso significa que rechaça de um modo geral, assim como em sua própria organização, o princípio da soberania da maioria em virtude da qual o chefe de governo é rebaixado ao nível de simples executor da vontade alheia. O movimento tem como princípio que o chefe, se trate de grandes ou pequenos problemas, tem autoridade indiscutida e sua responsabilidade totalmente comprometida”.

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Antiparlamento

‘O progresso e a civilização da humanidade não são produzidos pela maioria; estão fundamentados unicamente no gênio e na atividade da personalidade. Para devolver ao nosso povo sua grandeza e se poder, primeiramente é preciso exaltar a personalidade do chefe (...). Por essa razão, o movimento é antiparlamentar. Caso se ocupe de uma instituição parlamentar, será para ataca-la a fim de fazer desaparecer uma sessão política na qual devemos ver um dos signos mais claros da decadência da humanidade”.

Anti-intelectualismo

“Uma nação de professores, de funcionários, de sábios, etc.…, não pode existir ; primeiro porque a força de decisão natural, a força da vontade e do coração se extinguiriam pouco a pouco. Somente quando a sabedoria se une à força primitiva de autodefesa é quando um povo pode, em resumo, sustentar com bom êxito a luta pela vida”.

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Educação e misoginia* (a palavra misoginia não consta do texto original. É dada pela autora do artigo)   

“O Estado racista dirigirá a educação das meninas com os mesmos princípios que dos meninos. Aqui também a prioridade é a educação física, em seguida virá a formação do caráter e, por fim, em último lugar, o desenvolvimento intelectual. Jamais se deve esquecer que o objetivo da educação da mulher deve ser o de prepará-la para o papel de futura mãe. (...). O papel do Estado racista não é fazer a educação de uma colônia de estetas pacifistas e degenerados. A imagem que se faz do homem individual não é a do honorável pequeno burguês ou da solteirona virtuosa, mas de homens dotados de uma energia viril e orgulhosa e de mulheres capazes de dar vida a verdadeiros homens”.

(...) “ criar a possibilidade do casamento precoce que satisfaça a natureza humana, a do homem em particular pois, a esse respeito, o papel da mulher é passivo”. (Esse trecho foi retirado do parágrafo em que o autor considera como combater a prostituição e as doenças de transmissão sexual)

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Marxismo Cultural (a nomeação original é ‘bolchevismo cultural’)

“O nacional-socialismo não é nem anticlerical nem antirreligioso. Se situa no terreno de um cristianismo verdadeiro. Estou convencido de que as milhares de colaborações entusiasmadas de sacerdotes ao Estado atual será cada vez mais estreita e intima. Sobre que pontos podem nossos interesses recíprocos coincidir melhor que em nossa luta contra os fenômenos de decadência da vida contemporânea, em nossa luta contra o bolchevismo cultural, contra o movimento livre-pensador(...), pelo desaparecimento da luta e dos ódios de classe, da guerra civil, das perturbações, das brigas e das discussões? ”

“O bolchevismo na arte (...). Nessas manifestações culturais começou a queda no domínio político(...). Se poderá contemplar as extravagancias de loucos ou de decadentes que as teorias do cubismo ou do dadaísmo nos deram a conhecer. Durante a curta vida da República Soviética bávara (...) se podia já ver até que ponto todos os cartazes oficiais, os desenhos de propaganda dos jornais, etc.…., levavam o selo da decomposição política e da decomposição cultural. A característica da arte decadente (...) é produzir imundice e deformar o que há de verdadeiramente grande no passado. O trabalho é apagar as lembranças do passado para apresentar sem pudor sua própria falha como arte(...). Quanto mais deplorável e miserável seja cada nova instituição, tanto mais se trata de apagar os vestígios do passado. (...). Tal ódio tem origem no medíocre valor que expressa ou em alguma má intenção. Uma renovação realmente benéfica da humanidade deverá sempre e eternamente construir sobre a última fundação sólida. Não deve ter vergonha de servir-se de verdades já estabelecidas, pois toda a cultura humana, e o homem mesmo, resultam de uma evolução longa e única sobre a qual cada geração aportou sua pedra para construir o edifício. (...). O objetivo das revoluções não é destruir todo o edifício, mas suprimir o que está mal ou mal adaptado. (...). Política e cultura estão intimamente ligadas”.

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Propaganda

“A propaganda é uma arte. Deve dirigir-se sempre e unicamente à massa. Sempre me interessei muito vivamente pela atividade da propaganda. Via nela um instrumento que as organizações socialdemocratas possuíam a fundo e sabiam empregar magistralmente. Por elas aprendi que o emprego sagaz da propaganda constitui uma arte que os partidos burgueses ignoravam quase completamente. (...). A quem deve dirigir-se a propaganda? Aos intelectuais ou à massa menos instruída? Deve dirigir-se sempre e unicamente à massa. (...). “Um princípio fundamental: há que se limitar a pequeno número de ideias e repeti-las constantemente. A perseverança (...) é a primeira e a mais importante condição de triunfo. (...). A propaganda tem o dever de recrutar partidários”.

Esse é um breve resumo do que é o constructo do nazifascismo, filho da civilização forjada no o século das Luzes. Diante do acontecimento que seria improvável na ordem da razão, um sobrevivente deixou a pergunta: “Quem pode ter certeza de estar imune à infecção? Como já disse um arguto cientista político, “não é brincadeira, a coisa”.

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